Junk food: a nojenta refeição dos pobres na Idade Média
Mega Curioso
Um levantamento do Centro de Pesquisa Nacional de Exames de Saúde e Nutrição feito entre 2013 e 2016, descobriu que, no geral, 36,6% dos adultos norte-americanos — cerca de 85 milhões de pessoas — consomem fast food ou junk food no geral. O percentual foi ainda maior para pessoas entre 20 e 39 anos (44,9%), e 40 e 59 anos (37,7%), indicando que aqueles acima de 60 anos ou mais são menos propensos a consumirem esse tipo de alimento.
Não é à toa que os Estados Unidos figura o topo da lista quando o assunto é comida não saudável. Isso faz sentido com os números, visto que, como aponta o Ibis World, foi contabilizado em 2022 que existem 204.555 mil empresas de restaurantes de fast food no país, representando um aumento de 1,3% em relação a 2021.
(Fonte: Hoje em Dia/Reprodução)
Vale ressaltar que, a curto prazo, junk food desequilibra vários aspectos do organismo humano, afetando os níveis de açúcar no sangue, aumentando inflamações e mexendo com a pressão arterial. Já a longo prazo, a ingestão desenfreada desse tipo de alimento pode afeitar o coração, causar problemas de digestão, imunidade baixa, obesidade e entre outras causas.
Mas se você achava que junk food é uma invenção que surgiu apenas com a globalização e avanços industriais do final do século XIX e início do século XX, está muito enganado.
Um mal de séculos
(Fonte: World History/Reprodução)
Se a Pompeia já desfrutava de seu próprio tipo de restaurante de fast food, existir comida não saudável na Idade Média não é nada. Ainda que a modernidade tenha mudado esse aspecto social, a junk food daquela época era reservada apenas aos mais pobres.
O equivalente aos atuais restaurantes fast food eram cozinhas independentes, chamadas, chamadas cook shops em Londres, que ou cozinhavam os ingredientes oferecidos pelos clientes, ou ofereciam comidas quentes prontas para retirada — o que fazia sentido porque a maioria dos cidadãos não tinha utensílios de cozinha tampouco combustível para preparar a própria refeição.
(Fonte: The Ultimate History Project/Reprodução)
Mas nada disso costumava ser remotamente saboroso, sobretudo saudável. Na Londres medieval, onde as tortas e pastéis de carne eram o equivalente a um Big Mac, os cozinheiros costumavam cozinhar com a carne estragada ou adoentada de porcos devido ao preço baixo de compra.
Fora isso, a carne mal cozida também foi um problema do período. Os cozinheiros ganharam uma má reputação tão grande que um ditado medieval dizia: “Deus manda a carne, mas o diabo manda o cozinheiro”. Eles eram conhecidos por terem os piores hábitos de higiene possíveis, que já eram escassos, e não se importavam o mínimo com a qualidade dos alimentos. Mas as pessoas compravam porque não tinham opção, ainda que os alimentos fedessem ou estivessem em estado de decomposição.
O pior lugar da Terra
(Fonte: Medievalist/Reprodução)
As denominadas cook shops se tornaram uma tendência global, descentralizando-se da Europa medieval dos becos onde os pobres moravam, chegando até mesmo em Jerusalém, onde a rua onde os estabelecimentos se enfileiravam foi apelidada de "rua da culinária do mal", graças ao trabalho desempenhado pelos cozinheiros.
Assim como o negócio se espalhou, a conduta de trabalho dos empregados parece que foi franqueada para que todos tratassem os alimentos e a comida com o mesmo desprezo. Moradores e viajantes se queixaram ostensivamente sobre os métodos, causando pequenos tumultos e revoltar contra os cozinheiros, mas sem sucesso.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Apesar de tudo, foram nesses lugares que o paladar europeu começou a ficar mais açucarado com a adição desenfreada de mel nas receitas, que proporcionava uma saciedade ainda maior. Na Inglaterra, os cozinheiros recheavam a massa frita de bolinhos com amêndoas, gengibre e a cobria com mel. Em outras receitas, o mel também foi clarificado, misturado as migalhas de pão e fervido para compor um pão de gengibre.
Foi esse desejo todo que fez surgir a famosa sobremesa como último prato de uma refeição completa.