McLanche Feliz: como nasceu o combo para crianças do McDonald's?
Mega Curioso
Uma caixinha de papelão decorada com uma versão do menu em menor tamanho, acompanhado de um brinquedo sortido para crianças ou adultos colecionadores. Essa é a descrição básica do McLanche Feliz, que vale para décadas dessa opção na rede de fast food McDonald's .
Só que a origem do formato de lanche já é bastante antiga, além de controversa — há registros de um projeto não oficial no mesmo molde que nasceu na América Central, e não nos Estados Unidos, sem contar o fato de que a ideia nem sequer começou na própria lanchonete e foi inspirada em uma rival.
Uma boa ideia (de outras pessoas)
A primeira inspiração do McLanche Feliz que conhecemos hoje vem de outro país e data da metade da década de 1970. Foi nesse período que Yolanda Fernández de Cofiño, a responsável pelo McDonald's recém-aberto na Guatemala, criou uma ação de marketing inédita e exclusiva chamada Menu Ronald.
Esse combo era composto de um hambúrguer, uma porção de batatas-fritas, um copo de refrigerante e um sundae — todos pequenos o suficiente para alimentar crianças e um pouco mais baratos do que os demais pratos. Além disso, um brinquedo sortido, comprado por Yolanda, acompanhava o lanche servido em uma bandeja tradicional.
Yolanda recebendo um prêmio da empresa.
Um ano antes e sem saber da ideia de Yolanda, outra rede de fast food popular nos Estados Unidos na época, chamada Burger Chef, lançou a própria versão de um lanche para crianças: em 1973, nasceu a Fun Meal, uma refeição em uma caixinha com pequenas porções para crianças, além de brinquedos envolvendo os personagens do próprio restaurante — como o pequeno cozinheiro Jeff e o mágico Burgerini.
O Funburguer da Funmeal.
A Fun Meal — refeição divertida, em tradução livre para o português — foi um sucesso e manteve a companhia em segundo lugar no setor em lojas abertas pelo país, atrás apenas do próprio McDonald's.
Nasce o McLanche Feliz
Precisando correr para não perder o público jovem, o gerente de marketing da região de St. Louis, Dick Brams, convocou o executivo de publicidade da empresa, Bob Bernstein, para bolar uma iniciativa parecida.
Em 1979, sai a primeira edição do McLanche Feliz — que é o nome conhecido aqui no Brasil, sendo que originalmente ela é chamada de Happy Meal. A primeira caixa já trazia os arcos tradicionais da rede em formato de alça.
É nesse ponto que começa a controvérsia e as fontes divergem. Há indícios de que Yolanda apresentou o Menu Ronald para executivos da marca em uma conferência de marketing por volta de 1977.
Porém, alguns dos responsáveis pelo projeto final alegam que só ficaram sabendo disso mais tarde e que o concorrente foi a principal inspiração.
Bob e a primeira caixa da Happy Meal.
O Burger Chef processou o McDonald's por roubar a ideia, mas perdeu a ação judicial.
Brinquedos e coleções
Os primeiros brinquedos eram genéricos ou temáticos, como passatempos relacionados ao circo. Mas o licenciamento de marcas vira uma grande arma já no final do mesmo ano: inspirada na bem sucedida parceria da concorrente com Star Wars, o McDonald's foi atrás de outra saga de ficção científica, Star Trek, que no momento preparava a chegada do seu primeiro longa-metragem aos cinemas.
A coleção de Star Trek foi um sucesso e abriu várias portas comerciais.
Com o tempo, o McLanche Feliz manteve o seu status de menu infantil, mas também não deixou de receber críticas — em especial pela ideia de atrair crianças com um brinquedo para elas consumirem alimentos da empresa.
Mas a empreitada foi um sucesso e, rapidamente, novos acordos foram estabelecidos com filmes, desenhos animados, jogos e outras franquias, mantendo a refeição até hoje. A Disney foi uma parceira de longa data e, em 1996, a coleção Teenie Beanie Babies é considerada a primeira grande febre nacional entre consumidores.
O Burger Chef foi encolhendo até fechar definitivamente em 1996, vendendo a estrutura para outras cadeias de fast food.
Já Yolanda foi consagrada dentro e fora da Guatemala pelo gerenciamento do McDonald's no país — e até recebeu um prêmio "Ronald de Prata" pelo pioneirismo no desenvolvimento de refeições voltadas para crianças. Ela faleceu em 2021, aos 87 anos.