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O país da vela: entenda o esporte que mais trouxe ouros para o Brasil
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O país da vela: entenda o esporte que mais trouxe ouros para o Brasil

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Mega Curioso
03/08/2021 23h19
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Na noite desta terça-feira, 3 de agosto, o Time Brasil garantiu sua terceira medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio 2020. A dupla Kahena Kunze e Martine Grael garantiu o bicampeonato olímpico — elas já haviam sido ouro na Rio 2016 —, mesmo chegando em terceiro lugar na regata decisiva, que foi transmitida para todo o Brasil. 

Por essas e outras questões, o termo "não entendi nada" foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter: muitas pessoas não compreenderam o sistema de competição, como as brasileiras conquistaram a vitória, muito menos como o esporte funciona. 

Eu confesso que eu também não entendi. Por isso, nós fomos pesquisar para explicar para vocês que leem o Mega Curioso. Vem pegar esse vento (e o ouro) com a gente. 

As bicampeãs olímpicas, Martine e Kahena (Imagem: Globo Esporte/Reprodução)As bicampeãs olímpicas, Martine e Kahena (Imagem: Globo Esporte/Reprodução)

Brasil, o país da vela

Qual é o esporte que mais trouxe medalhas de ouro para o Brasil? Se você respondeu futebol ou vôlei, que costumam juntar mais torcida na frente da TV, está bem enganado: nosso primeiro ouro no futebol veio apenas em 2016 e o vôlei se destaca por ter trazido 5 medalhas de ouro pra cá (empatado com o atletismo). 

Mas a vela supera todos os outros esportes, pois rendeu nada menos que 8 ouros em Olimpíadas para o país. Só a família Grael, de Martine, conquistou 4 ouros, uma prata e 4 bronzes. Num ranking da América do Sul, só perderia para o próprio Brasil (que é o líder do continente), Argentina e Colômbia. 

Martine é sobrinha de Lars Grael (medalhista de bronze) e filha de Torben, também bicampeão olímpico, em dupla com Marcelo Ferreira. Além das medalhas da família, temos dois outros ouros de Robert Scheidt, um da dupla Eduardo Penido e Marcos Soares e além de um da dupla Lars Björkström e Alexandre Welter. Isso sem falar em mais medalhas de prata e bronze de outros atletas. No total, são 19 de medalhas — o judô tem 24, sendo quatro de ouro.

Em resumo, o Brasil é o país da vela. O negócio é que algumas pessoas (como eu) só descobriram isso ontem. Mas sempre fomos o país da vela. Inclusive, um post do Time Brasil sobre isso viralizou ontem — embora talvez tenha viralizo por outro motivo...

 

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BRASIL, país da vela!

August 3, 2021

 

Como funciona o esporte vela?

Basicamente, o esporte vela é uma "corrida" (embora o termo correto seja regata) de barcos à vela, que são movidos pela ação do vento e precisam cumprir um percurso determinado por boias. Diferente de uma corrida de carros, por exemplo, que tem uma pista bem delimitada, os velejadores podem fazer caminhos diferentes dentro do mar, mas precisam passar pelas boias determinadas nas regras. 

Outro ponto importante para entender a medalha de ouro de Martine e Kahena é que a competição é composta por várias regatas. Nossas bicampeãs, por exemplo, passaram por 12 etapas e foram somando pontos, dependendo de sua colocação. Os atletas que chegam primeiro somam menos pontos e vence quem tiver menos.

No final de tudo isso, Martine e Kahena chegaram à medal race ou "regata da medalha", que vale o dobro de pontos e decide quem fica com a medalha. Como a dupla brasileira tinha a melhor pontuação e as duas concorrentes (Holanda e Alemanha) chegaram mais atrás, elas conquistaram o ouro, mesmo com o terceiro lugar na regata de ontem. 

As classes

Você talvez tenha ouvido, nas notícias, que "Martine Grael e Kahena Kunze foram ouro na classe 49erFX" (se diz forty-niner). Mas o que isso quer dizer? Bom, 49er remete ao tamanho do barco, que tem cerca de 4,9 metros de comprimento. Já a classe é um dos vários tipos de barco usado nas competições de vela das olimpíadas:

  • RS:X: é uma prancha de windsurf, menor e mais leve, usada em competições individuais.
  • Laser: já é um barco, mas ainda pequeno e para um só competidor, com cerca de 4,2 metros de comprimento. Foi nessa classe que Robert Scheidt ganhou.
  • Laser Radial: a versão feminina da Laser, com algumas adaptações no barco;
  • Finn: um barco mais pesado, também para uma pessoa; é o mais tradicional da vela olímpica e só tem categoria masculina;
  • 470: um barco de 4,70 metros e 120 kg, para duplas masculinas e femininas;
  • 49er: barco maior que o 470, porém mais leve (cerca de 90 kg) e rápido, para duplas masculinas;
  • 49erFX: uma adaptação dos barcos 49er para duplas femininas;
  • Nacra17: um barco maior e mais pesado, desenvolvido especialmente para competições de duplas mistas nas Olimpíadas;

Essa, aliás, é outra curiosidade interessante desse esporte: há uma variedade enorme de classes e tipos de barco, sendo que muitos deles são desenvolvidos especialmente para competições. Algumas classes, como a Star e Tornado, já fizeram parte dos Jogos Olímpicos e saíram. Foi na Star que Torben Grael ganhou seus dois ouros, por exemplo.

Outra questão importante é o peso dos velejadores — afinal, como os barcos são bem leves, alguns quilos a mais no corpo podem fazer diferença no desempenho. Algumas classes têm regras de peso para os competidores. Na regata de ontem, o pouco vento, com o baixo peso de Martine e Kahena, jogaram a favor da dupla brasileira.

Imagem: Agência Brasil (EBC)Imagem: Agência Brasil (EBC)

Bombordo, estibordo, proa, popa...

Eu sou uma pessoa que se confunde até com direita e esquerda, quem dirá ter outros nomes para as direções... No caso da vela, usam-se os termos da navegação: a proa é a frente do barco e a popa é a parte de trás. 

A proeira (na dupla brasileira, Kahena Kunze) fica na frente do barco, controlando as velas. Já a timoneira (Martine Grael) fica na popa, cuidando do leme que muda a direção do barco. É um trabalho 100% em dupla.

Além disso, bombordo é o que está à esquerda do rumo da navegação e estibordo é o que fica na direita. Nas regras do esporte vela, se dois barcos estiverem chegando ao mesmo tempo numa boia, por exemplo, quem está a bombordo tem preferência. 

Ah, e as velas não são acionadas por cordas. Por mais que pareçam cordas de fato, os velejadores chamam tudo de cabos. 

Vento contra ou a favor

Para você terminar entendendo tudo, é essencial explicar o trabalho que as velejadoras têm para aproveitar o vento do jeito certo para levar o barco mais rápido. Isso porque as provas olímpicas mesclam trechos com vento a favor, contra ou até na lateral do barco, o que demanda um controle diferente. 

O vento a favor é o mais simples: a vela fica a 90º e as velejadoras podem até inflar o balão (uma "vela extra" com a bandeira do país) para pegar mais velocidade. Quando o vento é lateral, a vela fica a 45º e outra peça, chamada bolina, é acionada para criar uma resistência na água, que impulsiona o barco para frente, mais rápido do que o vento. 

Aí muitos talvez se perguntem como é possível navegar contra o vento num barco a vela. A resposta está na bolina, no posicionamento da vela e na técnica dos atletas: a vela e a bolina criam uma pressão no barco, que precisa ir se movimentando em zigue-zague (algo que os velejadores chamam de cambar). 

Claro que a explicação aqui foi bem direta e dava para fazer uma aula de física sobre a ação do vento nos barcos da vela. Mas o texto já está ficando bem longo e a gente acha que já deu para entender muito bem esse esporte que trouxe tantos ouros para o Brasil e fez de Martine Grael e Kahena Kunze bicampeãs olímpicas.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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