Por que tudo está mais caro no Brasil?
Mega Curioso
Ir às compras ou sair para um simples passeio têm se tornado motivos para ativar a calculadora no Brasil. Nos últimos tempos, tudo parece estar mais caro: desde a gasolina até o preço do arroz. Mas qual a razão para essa intensa mudança nos valores estar acontecendo?
Quando falamos de economia, precisamos levar em consideração múltiplos fatores que afetam o cotidiano de um país e analisar de longe quais são os principais acontecimentos que influenciam na valorização ou desvalorização da nossa moeda, o real. Então, vamos entender mais a fundo como tudo está interligado no fim das contas!
Crise hídrica
(Fonte: Pixabay)
Recentemente, uma das coisas que mais tem gerado impacto na vida dos brasileiros é a crise hídrica que o país enfrenta. Cerca de 60% da energia gerada dentro do Brasil vem de usinas hidrelétricas, que atualmente precisam operar abaixo de suas capacidades. Com os baixos níveis de precipitação, os reservatórios encontram-se com pouca água e precisam fazer racionamento de energia para continuar funcionando.
Nesse ponto, dois grandes problemas são criados: a conta de água e a conta de eletricidade. Quando as condições de fornecimento de energia não estão favoráveis, as operadoras costumam adotar um sistema de bandeiras tarifárias para demonstrar os custos variáveis da geração de energia elétrica para o consumidor.
Contas de luz na bandeira ver não sofrem qualquer tipo de acréscimo. Porém, as bandeiras amarela e vermelha mostram que está mais caro gerar energia naquele período do ano. E também são nesses períodos que muitos estados precisam adotar o racionamento de água para que os reservatórios não sequem por completo.
Ao faltar água, muitas atividades que necessitam desse recurso hídrico para operar são prejudicadas e sofrem perdas produtivas. Segundo o relatório feito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), 52% dos empresários entrevistados acreditam que a crise hídrica é responsável por reduzir a competitividade dos seus produtos no mercado.
Alta do dólar
(Fonte: Pixabay)
Apesar de a crise hídrica ser um importante fator na relação de produtividade interna, ela está longe de ser a única coisa a mexer com o preço dos produtos no Brasil. A alta do dólar, por exemplo, traz impactos para a vida não só de quem está planejando viajar para fora do país e curtir umas férias.
Na verdade, os preços da moeda norte-americana geram impacto direto em diversos preços, que vão desde os grandes volumes de exportação dos commodities até o pãozinho que você come na padaria todo dia de manhã. Mas qual o motivo disso acontecer? A conta é mais simples do que parece.
A maioria dos contratos internacionais, sejam de importação ou exportação, são calculados em relação ao preço da moeda dos Estados Unidos. Quando o real está fraco em relação ao dólar, o preço dos produtos produzidos em território brasileiro tornam-se atrativos para o mercado externo. Isso pode ocasionar um maior volume de saídas e fazer com que falte produção para a demanda interna — gerando um aumento de preço nas prateleiras do mercado.
Ao mesmo tempo, torna-se muito mais caro comprar coisas de fora do país. O trigo, que é essencial para a produção de pão, é altamente influenciado pelo preço do dólar e importado em grandes quantidades pelo Brasil, o que explica o produto final aumentar de valor. Outros produtos que sofrem grande aumento costumam ser do setor tecnológico, como carros, celulares e computadores.
Pandemia de covid-19
(Fonte: Pixabay)
Por último, mas não menos importante: a pandemia de covid-19 que assolou o planeta desde o começo de 2020. Com a implantação das medidas de isolamento social para conter a disseminação da doença, diversos setores da economia foram fortemente impactados e tiveram que reajustar seus modos operacionais para continuar funcionando.
Isso representa grande impacto financeiro tanto nos setores industriais quanto nos de consumo. Um grave exemplo disso são os preços da gasolina. Quando a pandemia começou, muitos países pediram para a população permanecer dentro de casa. Instantaneamente, isso fez com que menos pessoas estivessem nas ruas usando seus carros e, consequentemente, consumindo o combustível fóssil.
Como a maioria das nações possuía um grande estoque de petróleo, a queda na demanda fez com que o preço da gasolina baixasse consideravelmente. Um ano depois, entretanto, esse cenário se inverteu. Com as pessoas voltando às atividades, a demanda voltou a subir e a produção de gasolina ainda não atingiu o mesmo patamar, fazendo com que os valores das bombas disparassem.
O mesmo vale para outros setores, como o turismo — que nesse caso foi influenciado pela pandemia e pela alta do dólar. O setor hoteleiro se viu paralisado com as fronteiras sendo fechadas para impedir a propagação do vírus. E mesmo agora, com a normalização da situação, a queda no poder aquisitivo da população pode ser um problema para que o mercado se reerga.