Quem foi Waldemar Santana, o primeiro rival da família Gracie?
Mega Curioso
A história de Waldermar Santana no vale-tudo começa no início da década de 1950. Tinha apenas 22 anos quando deixou Salvador, sua cidade natal, e partiu para o Rio de Janeiro em busca de seus sonhos. Na bagagem, levava apenas muita força de vontade e um ótimo talento para a capoeira. Mas logo, ele ficaria conhecido como o primeiro inimigo da família Gracie.
(Fonte: Blog do Acra/Reprodução)
Santana e os Gracie
Ao chegar ao Rio, Santana foi direito à academia da família Gracie, que já era famosa por popularizar o jiu-jitsu no Brasil. O jovem capoeirista pediu para treinar, mas Hélio Gracie, fundador da academia, acabou dando-lhe um emprego em uma nova unidade que funcionaria no centro da cidade.
Além de roupeiro, Santana também limpava o local. Com o tempo, conseguiu virar aluno do mestre Hélio. Posteriormente, se tornou sparing, um lutador que desempenhava o papel de adversário nos treinos dos alunos e outros lutadores da academia.
Seu jeito próprio de se movimentar, sua garra e eficiência nas lutas lhe renderam alguns apelidos, entre eles, Leopardo Negro e Exu. Mas apesar de todo empenho, Hélio Gracie não apoiava a carreira de Waldemar como lutador.
Em 1955, um jornalista que prestava assessoria para a academia dos Gracie arranjou uma luta para Santana. Valia uma boa quantia em dinheiro e o Leopardo Negro venceu seu adversário. Os Gracie não gostaram disso e, como ele lutou sem autorização da academia, foi expulso por Hélio.
(Fonte: Portal Vale Tudo/ Reprodução)
Mestre vs. aluno
Carlos Renato, o jornalista que arrumou a primeira luta para Waldermar o ajudou a encontrar um novo local para treinar. Como não era mais assessor da Academia Gracie, Renato tentava levar adiante uma luta entre Hélio Gracie, popular por aceitar disputas, e seu antigo discípulo, o Leopardo Negro.
Hélio Gracie poderia argumentar contra, especialmente por ser mais velho que Santana, mas gostava de se gabar das vitórias sobre grandes lutadores do Brasil e do exterior. Além disso, parecia ter certeza que venceria rápido, afinal, era mais experiente.
Gracie impôs algumas exigências para que a luta ocorresse: a entrada seria gratuita, ambos lutariam de quimono, não haveria intervalos ou rounds e o duelo seria disputado num Vale-Tudo sem tempo para acabar.
A luta entre Hélio Gracie e o Leopardo Negro durou incríveis 3 horas e 43 minutos e Waldemar Santana venceu o combate, que aconteceu no dia 24 de maio de 1955.
Waldemar lutou com Hélio e Carlson Gracie (Fonte: Acervo Pessoal/ Reprodução)
Revanche dos Gracie
A Família Gracie queria uma revanche contra Waldermar devido à derrota de Hélio. No entanto, a repercussão da luta, classificada como "selvageria" por alguns jornais, levou à proibição do Vale-Tudo no Rio de Janeiro.
Por isso, a revanche aconteceu na forma de uma superluta de jiu-jitsu. O escolhido para lutar contra Santana foi Carlson Gracie, filho de Carlos Gracie e sobrinho de Hélio. Cerca de 30 mil pessoas assistiram ao evento no Ginásio do Maracanãzinho. Mas após 10 rounds, a luta acabou sem um vencedor.
Carlson só venceria Waldemar em 1956. Novamente, a luta foi no Maracanãzinho diante de um público de 40 mil pessoas.
Garoto propaganda
Waldermar Santana era muito respeitado como lutador. Carismático e comunicativo, soube usar suas origens baianas para divulgar as artes marciais no Brasil. Teve um papel fundamental na popularização dos esportes de combate e ajudou a transformar o vale-tudo em uma febre nacional. Sua rivalidade com os Gracie se limitava apenas aos ringues, pois fora deles nutria um grande respeito pela família que desenvolveu o jiu-jitsu brasileiro.
Santana morreu com 54 anos, em 1984, em decorrência das complicações de um derrame.