Round 6: o perigo da falta de filtro diante das crianças
Mega Curioso
Para quem ainda não conhece, Round 6 é uma série coreana que tem feito muito sucesso na Netflix. O enredo gira ao redor de pessoas endividadas que podem ser resgatadas da crise por meio de um jogo perigoso. A história traz ao debate uma série de narrativas sobre a sociedade: o que leva pessoas a arriscarem tudo por dinheiro? Quais são os valores da vida? O que seria, de fato, a felicidade?
Outra questão que precisa ser abordada, no entanto, é o fato do programa só poder ser acompanhado por maiores de 16 anos, segundo a recomendação oficial. Só que não é isso que acontece na prática. Exemplo disso é que, recentemente, uma escola no Rio de Janeiro revelou que crianças de 7 e 8 anos têm comentado sobre o assunto nos horários livres e feito brincadeiras que, na série, relacionam-se com o assassinato de personagens.
Tal situação evidencia o quanto é necessário algum tipo de controle por parte dos pais, afinal, a série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo, palavras de baixo calão, e isso chama atenção, pois são crianças comentando sobre o assunto como se fosse algo normal delas assistirem.
Ao entrarem em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam “normalizando” o tema e tomando isso como algo comum. Tornam-se mais reativas e agressivas. Nesta fase da vida ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes. Além disso, nesta idade o cérebro tem menos “freios” na regulação das emoções.
A escola é o ambiente que mais se assemelha ao lar, com leis e regras, mas também acolhimento e amor. Por todo segmento educacional, com interface da saúde mental, estão preocupados com a repercussão dessa série. As crianças tendem a fazer o que veem, não o que os pais e professores sugerem.
Diante deste cenário, a ação preventiva preconiza o controle de tempo e de conteúdo da tela para crianças e adolescentes. É importante considerar ainda que a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção está em formação, assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida.
São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança. Neste caso, recomendo aos pais que deve-se ter cuidado ao acesso das crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato assim como suas consequências.
A série utiliza-se de brincadeiras simples de criança como “Batatinha frita 1,2,3”, “Cabo de guerra”, “Bolas de gude” e outras, para assassinar a “sangue frio” as pessoas que não atingem o objetivo final. A produção estreou na plataforma de streaming no dia 17 de setembro e já ultrapassou o recorde de audiência na Netflix de Bridgerton, que acumulou mais 82 milhões de espectadores após o lançamento no Natal de 2020.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; PhD em neurociência pela Logos University International/City University. É também mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal e em Neurociência, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; conta com especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, Neuroscience em Harvard (EUA); é bacharel em Neurociência e Psicologia pela EBWU e licenciado em Biologia e História pela Faveni do Brasil; tecnólogo em Antropologia pela UniLogos (EUA); com especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na Universidade de São Paulo (USP); e MBA em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC).