Spirit of St. Louis: a máquina voadora que criou a lenda de Lindbergh
Mega Curioso
Considerado o avião mais popular do mundo devido a seus feitos incríveis, o Spirit of St. Louis foi projetado em apenas 60 dias para realizar uma única rota entre Estados Unidos e França. Pilotado pelo lendário Charles Lindbergh, o pesado transporte aéreo monomotor chamou atenção por desafiar as leis da engenharia no início do século XX, esbanjando classe, estabilidade e poderosos componentes, especialmente se comparados aos utilizados por veículos esportivos na época.
Com dimensões menores que as de um ônibus escolar, o Spirit of St. Louis foi criado sem campo de visão dianteiro do cockpit, exigindo voos à base de instrumentos de medição. Seu monomotor Wright J-5C “Whirlwind”, revestido em estrutura de aço, permitia um impressionante funcionamento por mais de 9 mil horas, sendo impulsionado por 220 cavalos de potência e conduzido por asas de madeira que possibilitavam maior resistência a elementos naturais, como graves condições climáticas.
(Fonte: Library of Congress / Reprodução)
O avião seguiu os padrões revelados pelo Ryan M2, mas sofreu alterações em seu tanque de combustível e na envergadura, a fim de suportar uma quantidade de passageiros e manter a aerodinâmica caso houvesse excesso de peso. Porém, as dificuldades do piloto Charles Lindbergh seriam grandes, independentes das especificações aprimoradas no novo modelo de transporte aéreo.
A longa viagem ao sonho
Antes que o Spirit of St. Louis decolasse, outros dois pilotos se propuseram a concluir a rota entre Nova York e Paris, mas não houve notícias deles após terem passado pela Irlanda. O desafio instigou Lindbergh a ascender como o primeiro da história a realizar o percurso, e para isso o especialista contou com o apoio de Harold Bixby, presidente da Câmara de Comércio de St. Louis.
(Fonte: Library of Congress / Reprodução)
Às 7h52 de 20 de maio de 1927, Lindbergh empreendeu voo e partiu da pista de pouso em Curtiss Field, Long Island, dando início a uma longa viagem de quase 33 horas de duração. Neste tempo, o piloto enfrentou privação do sono, neblina, frio extremo com geadas, linha de óleo quebrada e perda de ferramentas, além de ter sofrido com a instabilidade em pedais trêmulos. No fim do trajeto, o Spirit of St Louis pousou no Aéroport Le Bourget, tendo voado um total de 5,8 mil quilômetros.
No desembarque, a lenda dos ares foi recebida por mais de 150 mil espectadores, recebendo um cheque de US$ 25 mil. Lindbergh foi premiado pelo hoteleiro Raymond Orteig como a primeira pessoa a conseguir realizar o voo entre Nova York e Paris, além de ter obtido uma Medalha de Honra e uma Distinguished Flying Cross do então presidente Calvin Coolidge. O feito também o estampou na capa da revista Time daquele ano, quando foi classificado "Homem do Ano" pela imprensa.
No fim de sua vida, em 26 de agosto de 1974, Charles Lindbergh havia realizado um total de mais de 500 horas de voo, com cerca de 200 percursos concluídos.