Vera Atkins: a Moneypenny, de James Bond, da vida real
Mega Curioso
Ao escrever a icônica série de histórias de James Bond , Ian Fleming buscou por várias vezes inspiração em eventos e pessoas reais. Embora o próprio autor nunca a tenha identificado, acredita-se que Vera Atkins seja a pessoa real que inspirou a popular personagem Srta. Moneypenny dos livros e dos filmes.
(Fonte: Screenrant/ Reprodução)
Mas quem foi Vera Atkins e por que Fleming teria se inspirado nela?
Uma vida de dedicada à espionagem
A Srta. Atkins, na verdade, se chamava Vera Maria Rosenberg. Nasceu em 1908 em Bucareste, na Romênia, e se mudou junto com os pais para Londres em 1933, onde adotou o sobrenome de sua mãe. Apesar de morar na Inglaterra, Atkins foi educada na tradicional universidade francesa de Sorbonne. E isso viria a calhar mais tarde.
Vera Atkins. (Fonte: Nicky van der Drift / International BBC / Reprodução)
Seu amplo conhecimento sobre a França e a cultura do país a tornou uma excelente candidata para a seção francesa do setor Executivo de Operações Especiais da Grã-Bretanha, que consistia em uma organização responsável por apoiar a resistência na Europa dominada pelos nazistas.
Com o tempo, Atkins se tornou a principal assistente do coronel Maurice Buckmaster, que ocupava o cargo de diretor do Executivo de Operações Especiais. Foi essa função que teria inspirado Ian Fleming a criar a personagem da Srta. Moneypenny, a secretária do chefe de James Bond .
E não pense que o trabalho de assistente da Srta. Atkins era coisa que qualquer pessoa teria a capacidade de fazer. Para se ter uma ideia, enquanto esteve com Buckmaster, ela foi responsável por coordenar uma rede composta por cerca de 500 espiões distribuídos por toda a França.
Ela fazia de tudo um pouco para ajudar seus companheiros: criava identidades falsas, ajudava a inventar elaboradoras histórias para os disfarces, orientava sobre a vida que os esperava e até se comunicava com as famílias dos espiões.
Vera Atkins não tinha nenhum posto como oficial do governo. No entanto, é indiscutível que era dona de uma personalidade forte e pouco afeita a falhas. Alguns jornais até chegaram a se referir a ela como a “marreta” da operação. Achava normal trabalhar 18 horas por dia e, segundo um documentário de 1997 para a TV britânica, despachava cada agente para sua missão com um sonoro e enérgico grito que consistia em um palavrão em francês.
Caçada aos inimigos
O Executivo de Operações Especiais foi criado por Winston Churchill para “incendiar a Europa” dominada por Adolf Hitler por meio da subversão e sabotagem. A unidade começou devagar, mas após a vitória, Dwight D. Eisenhower, então presidente dos EUA, chegou a dizer que o grupo de espiões era o equivalente a 15 divisões.
(Fonte: CBC/ Reprodução)
No entanto, o destino ainda tinha mais uma missão para a eficiente assistente do coronel Buckmaster. Dos quase 500 agentes, 118 nunca mais retornaram. Uns morreram em combate, outros desapareceram dos campos de concentração e salas de interrogatório, contudo, a maioria acabou presa pelos nazistas.
E o que fez a Srta. Atkins? Tomada de um intenso senso de responsabilidade por cada um dos agentes perdidos, viajou para a Alemanha depois do fim da guerra para investigar os desaparecidos. Conseguiu rastrear todos eles, exceto um. Além disso, as evidências que conseguiu recolher ajudaram a levar os assassinos dos seus colegas ao tribunal por crimes de guerra.
Vera Atkins nunca se casou e passou o resto de seus dias em uma cabana inglesa à beira-mar. Todo seu empenho e trabalho na guerra nunca foram esquecidos. O governo francês a nomeou comandante da Legião de Honra da Legião Francesa. Já a Rainha Elizabeth II concedeu à Srta. Moneypenny da vida real o título de comandante do Império Britânico. Ela morreu em 24 junho de 2000, no Reino Unido.