Victoria Ka'iulani: a tragédia da última princesa do Havaí
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A princesa Victoria Ka'iulani foi a última herdeira do trono do Havaí, e sua morte precoce aos 23 anos simbolizou um nome forte e inteligente que lutou, até seus últimos dias, para defender a cultura de seu país e o povo. Com uma história pouco conhecida e registros apagados dos livros de história, a líder havaiana foi uma de suas últimas esperanças em manter a monarquia viva diante do imperialismo americano.
Conhecida pelos nativos como “Ka'iulani, o ponto mais alto do céu”, a princesa nasceu em meados de 1875. Sua mãe, Miriam Likelike, era descendente do Alto Chefe Keop'okalani, primo de primeiro grau de Kamehameha, o Grande, e casou-se com o americano Archibald Scott Cleghorn, que construiu um pequeno império mercantil e se incorporou totalmente à sociedade havaiana, obtendo a cidadania em 1870 e tornando-se membro ativamente politico na região.
(Fonte: Hawaii.gov / Reprodução)
Durante sua infância, Ka'iulani recebeu uma educação no estilo ocidental que incluía ler, escrever, tocar música e aulas de etiqueta. E apesar de fugir um pouco das tradições e raízes nas quais a jovem estava inserida, ela acreditava estar vivendo “uma época agradável" onde brincava com amigos, construía seus próprios projetos e surfava e desfrutava da companhia da colega americana Gertrude Gardinier.
Os anos agitados
Em 21 de julho de 1886, quando a herdeira havaiana acionou o primeiro interruptor no Palácio Iolani e inaugurou a iluminação elétrica no país, Miriam Likelike adoeceu gravemente e não resistiu, morrendo em menos de um ano. Além disso, os negócios de Cleghorn passavam por dificuldades e o rei Kalakaua, tio de Ka'iulani, tornou-se vítima da milícia americana Honolulu Rifles, acionada em resposta a nomeações inconvenientes por parte das autoridades.
Com a morte de Kalakaua, Lili'uokalani assumiu o poder em meio à crise econômica, protagonizada por barões do açúcar que dominavam o comércio nas ilhas. Como contramedidas, a rainha restabeleceu os governos descentralizados dos polos administrativos e começou uma série de esforços para desfazer as limitações impostas à coroa, irritando os constituintes europeus e os grupos paramilitares americanos.
(Fonte: Hawaii.gov / Reprodução)
Novamente a milícia foi restaurada e decidiu investir contra as forças de Lili'uokalani, que cedeu e entregou a monarquia "até que os termos de união com os Estados Unidos da América sejam negociados e acordados sobre".
A pressão forçou o rei a abdicar de parte de seus poderes e a nova constituição efetivamente entregou o controle do reino a uma legislatura dominada pela Europa. Enquanto isso, Ka'iulani, que estava navegando para estudar na Grã Bretanha desde a morte da mãe, soube das trágicas notícias envolvendo sua família, mas nada pôde fazer. Até que o surgimento de seu mentor Theophilus Davies, que a aconselhou a recorrer aos poderes norte-americanos para salvar seu país, apareceu como um feixe de esperança, após oito anos da partida.
A heroína do Havaí
Em novembro de 1897, Ka'iulani retornou ao seu país, agora instruída e com o apoio da elite de Honolulu, incluindo seu pai. A guerra contra a Espanha, principal rival da Europa, foi instaurada cerca de um ano depois e trouxe sérios problemas para a princesa, que viu sua situação financeira piorar após esforços malsucedidos de negociação com os Estados Unidos, com quem havia tratado sobre uma possível independência ao lado do presidente Grover Cleveland.
Sua morte ocorreu em 6 de março de 1899, quando contraiu uma doença severa após fugir em cavalo sob uma tempestade. Com apenas 23 anos de vida, Ka'iulani tornou-se símbolo na tentativa de tornar o Havaí um país independente , enquanto navegava por regiões desconhecidas por ela, lidava com autoridades inflexíveis e via sua família manter-se de pé em meio a conflitos e a golpes liderados por oportunistas, até tornar-se oficialmente república anexada aos Estados Unidos.