Você sabe o que é a demissexualidade?
Mega Curioso
Que o espectro da sexualidade humana é vasto e complexo todos nós (ou pelo menos boa parte) sabemos. Mas você já ouviu falar de uma orientação chamada demissexualidade? E mesmo se ouviu, você realmente sabe do que se trata?
A demisexualidade descreve as pessoas que só sentem atração sexual por indivíduos a quem estão atraídas emocional ou intelectualmente. Ou seja, são aqueles que só estarão dispostos a pensar e se relacionar com alguém que os atraia em nível profundo e muito além das aparências
Bandeira demissexual. (Fonte: Shutterstock)
Caso ainda esteja difícil de entender, vejamos alguns exemplos que ajudam a esclarecer. Em uma sociedade tida como heteronormativa, como a nossa, baseada na exposição da sexualidade — note o quanto publicidades como as de cerveja ou de lingeries se fundamentam em incitar o desejo sexual no público —, é comum imaginar que as pessoas tenham vontade de se relacionar com aqueles que os atraiam fisicamente. Os demissexuais, por outro lado, afirmam que só estarão propensos a exercer sua sexualidade por pessoas específicas, com quem já desenvolveram algum vínculo afetivo.
Os demissexuais revelam sofrer muito preconceito. (Fonte: Pexels)
É possível que neste momento você esteja pensando: “mas eu também tenho mais vontade de fazer sexo com pessoas por quem me apaixonei. Logo, sou demissexual?” A resposta a essa pergunta é complexa — e, claro, só pode ser respondida por você mesmo.
Mas podemos explicar assim: as pessoas que não são assexuais (as que se definem, por exemplo, como hétero, homossexual ou bissexual) costumam sentir atração pelos outros, independente da relação emocional que tenham com eles. Uma cena de sexo em um filme pode incitar nelas o desejo e a vontade de transar, por exemplo. Os demissexuais não sentem esse desejo apenas por ver uma cena ou encarar uma pessoa que acham bonitas.
Vale lembrar, no entanto, que há diferentes tipos de ligação que farão uma pessoa demissexual sentir atração por outra. De acordo com o Demisexuality Resource Center, ter uma conexão emocional não é garantia de que os demissexuais se sentirão atraídos — este, na verdade, é apenas um pré-requisito para que o desejo ocorra.
Busca por visibilidade
(Fonte: Shutterstock)
Os demissexuais reivindicam, acima de tudo, reconhecimento à sua orientação sexual, pois ainda não se sentem respeitados. É comum que achem que essas pessoas são assim porque "não tiveram boas relações sexuais na vida", ou "porque não transaram com as pessoas que desejavam". Todos esses comentários são formas de desrespeitar uma camada da população que assim se reconhece no espectro sexual.
A demissexualidade ganhou mais visibilidade depois que Michaela Kennedy-Cuomo, a filha do então governador de Nova York, Andrew Cuomo, declarou-se publicamente como demissexual em uma live feita no Instagram. “Quando estava na escola, eu achava que era lésbica. Depois, me assumi como bissexual para minha família e amigos. Mais tarde, no ensino médio, me reconheci como pansexual (pessoas que se atraem por pessoas, independente de seu gênero)”. Ao pesquisar mais, Michaela disse que demissexual se encaixava melhor na forma que ela se via.
Michaela Kennedy-Cuomo se assumiu como demissexual e trouxe visibilidade ao assunto.
Mesmo que as pessoas dessa orientação ainda enfrentem muitos preconceitos, hoje existem mais espaços de discussão sobre o tema. Um deles é o podcast Sounds Fake But Okay (em tradução livre: “Parece mentira, mas tudo bem”), em que Kayla Kaszyca e Sarah Costello debatem assuntos ligados à sexualidade humana. Mesmo assim, ainda há muito o que falar: “Acho que a palavra demissexualidade definitivamente está mais presente e conhecida, mas a definição adequada talvez ainda não esteja clara para muitas pessoas”, opina Kayla.