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Como o nosso cérebro processa tempo e espaço?
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Como o nosso cérebro processa tempo e espaço?

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Tecmundo
08/02/2025 21h00
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©Getty Images
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Conseguir discriminar tempo e espaço é uma habilidade excelente do nosso cérebro , afinal, quem nunca precisou desviar de um chinelo voador atirado pela mãe em represália à última obra de arte?  

Mesmo sem puxar uma calculadora do bolso, você consegue calcular o tempo que o chinelo levaria para atingir você e em que direção você deve correr para não ser atingido. 

Essa mesma habilidade pode ser generalizada para diversas atividades cotidianas, como lavar a louça, atravessar uma rua ou ainda comer, realizando a tarefa dentro do tempo estimado de intervalo, assim como localizar o prato onde repousar novamente o talher.

Mas como exatamente nosso cérebro consegue organizar e processar essas informações em escala funcional? Talvez, a resposta tenha começado a ser descoberta. Confira!

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Se você é atleta sabe a importância de ter uma boa percepção espaço temporal para realização de bons lances. (Fonte: Getty Images)

Localizado em tempo espaço

Nosso cérebro é capaz de receber diversos estímulos sensoriais que irão nos informar, conscientemente, onde nosso corpo está e em que tempo ele permaneceu ou precisará permanecer na mesma posição.

Perceptualmente, nós conseguimos extrapolar essa habilidade para o ambiente em que vivemos, sabendo, por exemplo, quanto tempo um semáforo leva para abrir após começar a piscar a luz vermelha para pedestres e as chances que você tem de atravessar ainda nesse intervalo.  

O tempo de reação, consideração do espaço a ser percorrido e do meio em sua volta podem ser relativos, levando a decisões pessoais sobre atravessar ou não, contudo, a medida de tempo e espaço pode ser igual para todas as pessoas , desde que não haja doenças ou danos neurológicos associados, graças como o cérebro processa essas informações em um nível funcional.

Um novo estudo publicado na Revista Nature Communications apresenta as reações desencadeadas no nosso cérebro em situações em que precisamos discriminar o tempo de duração e o espaço em que os fenômenos ocorrem de uma maneira neurofuncional.

Segundo a pesquisa, realizada com 13 participantes sem disfunções cognitivas ou danos neurológicos, o processamento do tempo e espaço começam no córtex visual, na parte posterior do cérebro. 

Nessa região, ambas as informações são processadas pelo mesmo grupo de neurônios, não havendo distinção. Segundo os dados de ressonância magnética funcional, essa região permanecerá mais ativada quanto maior o tempo de exposição ao estímulo. Desse modo, o tempo e espaço fazem parte do mesmo componente a ser processado pelo cérebro.

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Onde e quando nasceu a tempestade sináptica que faz você ser você? (Fonte: Getty Images) 
 

Contudo, a informação neuronal ‘caminha’ para regiões anteriores do cérebro, como nos lobos parietais e fronto-temporais. Conforme a ativação de outras regiões avança, começa a surgir diferenciação nos grupos neurais que identificam e reconhecem as informações espaciais e temporais. 

Nessas áreas há uma seletividade do cérebro que irá sofrer ativações em diferentes períodos de exposição ao estímulo, além disso, os grupos neuronais parecem se especializar ao longo do trajeto da informação, ocasionando em uma separação no modo como há o reconhecimento temporal e espacial. 

Se pensarmos no cérebro como um escritório e na trilha que a informação irá percorrer, seria como se a papelada espaço temporal chegasse e fosse entregue em uma salinha dos fundos, onde toda a documentação é processada por uma só equipe.

Em seguida, ela seria levada a uma sala intermediária, onde os documentos começam a ser separados em ordem de entrada sensorial e temporal, podendo ainda estar um pouco misturados, com equipes trabalhando em conjunto, na repartição parietal.  

Logo após, a informação passa pelo centro de ‘preparação motora’, região do cérebro que nos prepara para realizar os movimentos, com informações e equipes já separadas, que avaliam o tempo e espaço individualmente. Por fim, toda documentação classificada e preparada por equipes neurais especializadas entregam os dados para a área responsável pelo planejamento, julgamento e ação, o lobo frontal.

Graças a essa diferenciação nos mecanismos de reconhecimento do tempo e espaço, somos capazes de realizar diferentes tarefas, desempenhando cada função no intervalo certo de tempo, sem nos assustarmos com cada objeto que se aproxima. 

Ainda que a amostra do estudo seja pequena, a pesquisa e os dados conferem bons indícios para estudos mais focados no campo das doenças neurodegenerativas ou mesmo crônicas, como o acidente vascular cerebral , visto que nesses casos, esse trajeto informacional pode ser prejudicado, gerando déficits de reconhecimento e ação temporal e espacial.  

Um exemplo desse tipo de efeito, são as dismetrias, onde pacientes com danos neurológicos têm dificuldade em controlar o movimento dos membros superiores, ou inferiores, pois não conseguem ‘julgar’ a velocidade do movimento e a distância dos objetos ou do solo, errando o alvo.

Estudos como esse, desenvolvido pela SISSA (Scuola Internazionale di Studi Avanzati) dão arcabouço para novas investigações, pois com o mapa das regiões cerebrais e suas funções, as terapias podem ser mais especializadas, contribuindo para o avanço de técnicas em reabilitação e manutenção de funções cognitivas, motoras, incluindo tratamentos em disfunções mentais que geram desorientação.

Percebendo o mundo

Nesse estudo, o grupo destacou as funções e mecanismos cerebrais que contribuem para o processamento da informação sobre o tempo e espaço, não relatando o papel da percepção.  

Nosso cérebro é um mix de biologia, química e física com um toque de consciência que ainda não sabemos exatamente onde surge, mesmo que hajam estudos diversos tentando descrever onde nasce a individualidade de cada ser nesse planeta. 

Desse modo, compreender a arquitetura e circuitos elétricos que regem a funcionalidade do ser humano é tão importante, pois se a corrente não está chegando no estágio final, podemos mapear onde houve um rompimento e quais as possibilidade de realizar uma reforma. Quem dera fosse fácil assim.  

E você, orientado em tempo e espaço? Então nos conte em nossas redes sociais qual a função cerebral você acha mais fantástica, e para dar uma dica, nosso cérebro é capaz de criar sua própria novela diária para nos ajudar a nos orientar no tempo !

Continue nos acompanhando pelo TecMundo e até mais! 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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