Trump perdoa e solta Ross Ulbricht, milionário da cripto e dono de maior 'loja' da dark web
Tecmundo
O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu um perdão oficial que ordena a soltura de Ross Ulbricht. Ele é o criador da Silk Road, uma loja virtual que operou na dark web e comercializava uma série de itens e serviços ilegais.
Em sua rede social, a Truth, o político confirmou a ação e diz que conversou com a mãe de Ross. "Foi um prazer assinar um perdão completo e incondicional", disse o presidente. Ele ainda criticou "a escória que trabalhou para condená-lo" e chamou os envolvidos da Justiça de "os mesmos lunáticos que estavam envolvidos na militarização do governo" contra ele mesmo.
O perdão presidencial é uma ação tradicional de passagem de cargo nos EUA: tanto o político que está deixando a administração quanto o novo encarregado costumam assinar medidas de liberação nesse período. O próprio Trump também perdoou uma série de pessoas envolvidas na invasão ao Capitólio, ocorrida há quatro anos.
Desde a condenação à prisão perpétua em 2015, a prisão de Ulbricht foi contestada por membros do movimento libertário e entusiastas de criptomoedas. Ao aceitar pagamentos em bitcoin na Silk Road e acumular ele mesmo uma fortuna de mais de US$ 13 milhões (cerca de R$ 78 milhões na cotação atual) com o criptoativo com o serviço criminoso, Ross se tornou uma espécie de celebridade no meio.
Ascensão e queda da Silk Road
A Silk Road foi estabelecida por Ulbricht em 2011, quando ele começou a comercializar cogumelos alucinógenos que ele mesmo cultivava. O empreendimento se situava na dark web, até então pouco conhecida do público geral e só acessada por meio de navegadores como o Tor.
O serviço cresceu e passou a atuar como uma espécie de marketplace para compra e venda de produtos ilícitos. Os itens oferecidos envolviam drogas variadas, remédios de uso controlado (incluindo opióides), softwares piratas, dados roubados, cartões de crédito clonados e até a contratação de cibercriminosos.
Agindo sob o apelido Dread Pirate Roberts, Ross controlava todas as operações e transformou o site em um espaço com mais de 100 mil compradores. Ele estabeleceu a bitcoin como moeda para as transações — parte do motivo que levou a criptomoeda a ser acusada de ser apenas um esquema para a criminalidade e lavagem de dinheiro.
O rapaz foi preso em 2013 em uma biblioteca e teve o computador apreendido. Como a prisão foi feita em flagrante, o notebook estava ligado e as autoridades conseguiram acessar todos os arquivos relacionados ao controle da Silk Road, que foi fechada logo depois.
Ulbricht foi condenado à prisão perpétua e a devolução de mais de US$ 183 milhões. As acusações incluem tráfico de drogas, ser cúmplice da morte de clientes por overdose, lavagem de dinheiro e até contratar assassinos para eliminar desafetos — algo que não chegou a ser provado no julgamento e virou uma das críticas da comunidade de fãs contra a condenação.
Ross ainda virou uma espécie de mártir da comunidade libertária e das criptomoedas, que considera a condenação exagerada. Outros donos de lojas digitais na dark web também foram presos posteriormente, inclusive em tentativas de reativar a Silk Road, mas receberam penas menores.