#AstroMiniBR: saiba mais sobre as primeiras fotos do telescópio James Webb
Tecmundo
Toda semana, o TecMundo e o #AstroMiniBR reúnem cinco curiosidades astronômicas relevantes e divertidas produzidas pelos colaboradores do perfil no Twitter para disseminar o conhecimento dessa ciência que é a mais antiga de todas!
#1: James Webb vs TESS
No início dessa semana, na segunda (11) e na terça-feira (12), a humanidade viu, pela primeira vez, o Universo através dos olhos do Telescópio Espacial James Webb (JWST). Em meio às nebulosas e aglomerados de galáxias distantes, encontra-se o Quinteto de Stephan, um agrupamento de cinco galáxias cuja imagem esplêndida capturada pelo JWST contém mais de 150 milhões de pixels e foi construída a partir de quase 1.000 arquivos de imagem separados.
Por conta da capacidade e sofisticação altíssima para observar o Universo no infravermelho – além de uma resolução espacial extremamente alta, é claro – essa imagem do Quinteto de Stephan apresenta detalhes nunca antes vistos. Nela, observa-se os efeitos das interações entre as galáxias, como as caudas e longo filamentos de gás, poeira e estrelas que estão sendo puxadas por conta dos efeitos gravitacionais, tudo isso enfeitado por um belíssimo entorno de aglomerados cintilantes de milhões de estrelas.
A observação do Quinteto de Stephan não é, contudo, inédita. A imagem à esquerda acima mostra o mesmo agrupamento de galáxias observadas pelo telescópio TESS (da sigla em inglês para Transiting Exoplanet Survey Satellite), também da NASA, cujo objetivo científico principal é explorar exoplanetas em estrelas vizinhas ao Sistema Solar. O contraste absurdo entre essas duas imagens não significa que o TESS seja um telescópio ruim, muito pelo contrário; significa apenas que, para o objetivo de sua missão espacial, uma alta resolução é indiferente à pesquisa científica.
Entre as duas imagens acima, aposto que você nem consegue perceber a diferença, não é?!
#2: Os belíssimos detalhes da Nebulosa Eta Carinae
Outra belíssima imagem apresentada a humanidade nesta semana pelo JWST foi a da Nebulosa Eta Carinae (também conhecida como Nebulosa Carina) em uma quantidade de detalhes surpreendentes.
As imagens acima mostram uma sequência destes detalhes na paisagem com enormes “montanhas” de poeira e gás repletas de estrelas brilhantes ao redor. A região é, na verdade, um recorte da NGC 3324 na nebulosa e revela, pela primeira vez, estrelas massivas, jovens e brilhantes, anteriormente ocultas devido ao obscurecimento da poeira interestelar. Os “picos” das “montanhas” de poeira e suas áreas cavernosas foram formados pela intensa radiação ultravioleta e pelos fortes ventos estelares dessas estrelas recém-nascidas. Os sutis filamentos que parecem subir das “montanhas” são, na verdade, gás ionizado e partículas de poeira quente saindo da nebulosa devido à radiação estelar.
#3: O detalhe do detalhe: uma galáxia distorcida
Na imagem do aglomerado de galáxias SMACS 0723 divulgada pela equipe do JWST esta semana, encontra-se um detalhe apresentado na figura acima. Embora pareça apenas uma mancha em formato de célula, o objeto é, na realidade, uma galáxia distorcida por conta dos efeitos poderosos do lenteamento gravitacional no aglomerado. Isso acontece porque a massa combinada do aglomerado de galáxias atua como uma lente gravitacional, ampliando galáxias mais distantes, mas também distorcendo sua luz, fazendo com que ela aparente estar deformada em relação ao seu formato original.
O efeito das lentes gravitacionais é extremamente importante para analisar objetos ultraprofundos no Cosmos, incluindo galáxias e estrelas que emitiram sua luz quando o Universo era muito jovem e tinha menos de um bilhão de anos de idade.
#4: Assinatura de água na atmosfera de um exoplaneta
Nem só de galáxias e nebulosas viverá o JWST! O telescópio espacial da NASA estudará também planetas fora do Sistema Solar e ele já começou o seu trabalho: a observação do exoplaneta WASP-96b capturou assinaturas distintas de água, juntamente com evidências de nuvens e neblina em sua atmosfera.
WASP-96b é um dos mais de 5.000 exoplanetas confirmados na Via Láctea e está localizado a cerca de 1.150 anos-luz de distância de nós, orbitando uma estrela similar ao Sol na constelação de Phoenix. Trata-se de um gigante gasoso que possui uma massa inferior à metade da massa de Júpiter, porém seu diâmetro é cerca de 1,2 vez maior. A detecção dessas assinaturas de moléculas de água representa um salto sem precedentes no estudo de exoplanetas e suas composições físico-químicas!
#5: A primeira imagem do James Webb
Para finalizar, voltamos ao começo. A fotografia acima apresenta a primeira imagem capturada pelo JWST liberada aos olhos de todo o mundo no início da semana. Trata-se do aglomerado de galáxias massivo SMACS 0723 e foi o primeiro campo profundo do JWST, sendo também a imagem em infravermelho mais profunda e mais nítida do Universo distante feita até agora. O impressionante é que esta imagem cobre um pedaço do céu aproximadamente do tamanho de um pequenino grão de areia e representa apenas uma minúscula porção da vastidão cósmica que nos rodeia.