Nebulosa da Tarantula: uma região de violenta formação estelar
Tecmundo
*Este texto foi escrito por uma colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Entender como estrelas se formam a partir de nuvens de gás não é uma tarefa trivial. Uma grande nuvem de gás molecular no meio interestelar começa a colapsar. Desse colapso, a gravidade começa a ter um papel importante. Além disso, com aumento da densidade, eventualmente forma-se uma estrela que começa a converter átomos de Hidrogênio em átomos de Hélio em seu centro.
Quando cientistas começam a analisar em detalhes os processos físicos por trás dessa transformação, fica cada vez mais claro que é um processo turbulento. Por exemplo, uma nuvem de gás forma não apenas uma estrela, mas várias, em diferentes momentos. E as primeiras estrelas a nascerem começam a emitir energia e dissolver a própria nuvem que é um berçário estrelar. Entender as consequências do nascimento dessas primeiras estrelas ainda é uma pergunta em aberto. Essas estrelas recém nascidas iriam prevenir o nascimento de outras gerações ou não?
Fortuitamente, temos um campo perfeito para estudar sítios de formação estelar: a nebulosa tarântula, também conhecida como região Dorados 30. Essa nebulosa fica na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea. Essa nebulosa é uma das regiões com maior intensidade de formação estelar que conhecemos, e fica perto o suficiente para ser analisada em detalhes. Além disso, a região Dorados 30 hospeda as estrelas mais massivas que conhecemos.
Conheça um pouco da nebulosa no video abaixo!
Um último estudo usando o telescópio ALMA, do ESO (Observatório Europeu do Sul), mostrou em detalhes o que acontece com a nuvem de gás quando as primeiras estrelas começam a nascer. Ao contrário do esperado, as primeiras estrelas não impedem que o processo de formação continue na nuvem. A nuvem de gás começa a se dissipar e formar filamentos e a formação estelar segue acontecendo nesses filamentos.
Para realizar esse estudo, o time de cientistas usou o telescópio ALMA para mapear o elemento monóxido de carbono, com observações na faixa do rádio. Esse elemento é o segundo mais abundante em nuvens de gás e pode ajudar a mapear onde a nuvem ainda é fria e colapsa para formar novas estrelas. Podemos ver nas imagens abaixo a localização dos filamentos de gás frio na nebulosa e também seu formato.
Imagem composta de diferentes comprimentos de onda, incluindo óptico e infravermelho
Camila de Sá Freitas, colunista do TecMundo, é bacharel e mestre em astronomia. Atualmente é doutoranda no Observatório Europeu do Sul (Alemanha). Autointulada Legista de Galáxias, investiga cenários evolutivos para galáxias e possíveis alterações na fabricação de estrelas. Está presente nas redes sociais como @astronomacamila.