Quais constelações podemos ver a olho nu?
Tecmundo
A astronomia é um dos hobbies mais antigos da humanidade. Desde muito tempo as pessoas já olhavam o céu para admirar o espetáculo das estrelas durante a noite e, assim, foram nomeadas as constelações.
Observando os pontos mais brilhantes lá em cima, os antigos foram capazes de imaginar nos desenhos estelares animais, criaturas míticas e até os heróis de seu tempo. A partir disso criaram diversas lendas e mitos que sobrevivem até hoje.
O que são constelações?
Entre as mais famosas atualmente, as constelações do zodíaco foram usadas por séculos para marcar a passagem do tempo (Fonte: Unplash/James Lee)
Desde 1922, as constelações são padronizadas pela União Astronômica Internacional (UAI). Elas consistem em áreas bem delimitadas da esfera celeste. Atualmente, 88 são reconhecidas oficialmente. Já os desenhos que os povos antigos encontravam e que conhecemos até hoje são chamados tecnicamente de asterismos.
Algumas constelações, ou asterismos, são tão antigas que remetem à Idade do Bronze. Esse é o caso, por exemplo, do zodíaco, que foi reciclado pelos gregos a partir de conhecimentos astronômicos dos povos sumérios.
Se você quer conhecer mais sobre os asterismos celestes, mas não tem um telescópio em casa, saiba que muitos deles podem ser vistos a olho nu. Confira a seguir uma lista deles para observar do quintal de sua casa.
1 - Órion
No Brasil, as Três Marias compõe uma tríade muito famosa. Mas você sabia que elas fazem parte de uma constelação ainda maior? A constelação de Órion. As três são chamadas de Alnitak, Alnilam e Mintaka. Além delas, também é possível ver a gigante vermelha Betelgeuse e outra azul, chamada Rígel. Se você quiser vê-las no céu, Janeiro e Fevereiro são os melhores meses.
Representação da constelação de Órion (Fonte: Unplash/Alex Simpson)
2 - Escorpião
Segundo a mitologia grega, Órion era um caçador que corria de um escorpião enviado pela deusa Ártemis. E esse animal também pode ser visto na esfera celeste. Essa constelação faz parte do grupo zodiacal, que marcava a passagem do sol e as estações do ano nos tempos antigos, antes de haver calendários.
Para vê-la, busque por uma estrela, em agosto, principalmente, de tom bastante avermelhado. Será Antares, uma das mais brilhantes do céu noturno.
3 - Coroa Austral
Logo embaixo do rabo do escorpião, é possível localizar outra constelação. Ela é bem menor, e tem estrelas de brilho menos intenso. Chamada de Coroa Austral, faz referência à coroa de louros dos antigos heróis e imperadores gregos e romanos, e só pode ser vista por aqui, abaixo da linha do equador.
4 - Cruzeiro do Sul
O Cruzeiro do Sul, ou Crux, é outra das constelações emblemáticas do hemisfério sul, talvez a mais famosa de todas. Ela é tão icônica que está presente na bandeira de muitos países, inclusive na nossa.
É bem fácil localizá-la no céu, apesar de ser a menor entre todas constelações modernas. Isso por causa do seu formato característico. Pode ser vista praticamente no ano todo, mas em maio está na posição mais charmosa, na vertical.
O Cruzeiro do Sul está representado em muitas bandeiras, inclusive na nossa (Fonte: Unplash/Rafaela Biazi)
5 - Cão Maior
Partindo das Três Marias, na direção sudeste, pode ser vista a estrela mais brilhante do céu. Em janeiro ela está bem no alto na nossa cabeça, próxima ao zênite. Essa é Sirius, que compõe a constelação de Cão Maior, e ficou famosa por batizar um personagem importante da série Harry Potter.
6 - Fênix
Essa é uma das constelações que foram catalogadas muito recentemente, apenas na era moderna. Sua estrela mais brilhante é Alfa Fênix, também chamada de Ankaa.
7 - Hidra
Esse é o conjuntos de estrelas mais longo de todo o céu. Ele foi batizado em homenagem ao monstro que o herói Hércules derrotou em um de seus 12 trabalhos. Aqui no Brasil, pode ser visto de março a abril.
As estrelas da constelação de Hidra são menos luminosas e, por isso, pode ser difícil reconhecê-las de imediato. O uso de um aplicativo de astronomia é possível achá-la com mais facilidade.
Representação antiga da constelação da hidra (Fonte: Wikimedias/Johann Elert Bode)
8 - Triângulo Austral
O formato dessa constelação é bem óbvio: um triângulo. A Triângulo Austral foi catalogada apenas na era moderna e não era conhecida pelos povos antigos do norte do planeta. Pode ser vista perto do horizonte, na direção sul-sudeste, principalmente no mês de maio.
9 - Falsa Cruz
Essa não é uma constelação de verdade. A Falsa Cruz é famosa aqui no Brasil porque se parece ao Cruzeiro, mas o conjunto original é bem menor do que a cópia. Na verdade, a versão falsa é composta de estrelas de dois conjuntos diferentes, chamados Carina e Vela.
Carina contém Canopus, uma supergigante de tons brancos, a segunda mais brilhante do céu. Já Vela têm uma estrela de nêutrons, o Pulsar de Vela, que pode ser vista daqui.
No passado, ambos eram considerados partes de um grupo maior de estrelas batizado de Argo Navis. Ele representava o navio do herói Teseu e dos argonautas. Mas o barco foi dividido em suas partes - bússola, popa e quilha são outras constelações vizinhas.
10 - Tucano
Esse asterismo só foi descoberta no século XVII, quando tiveram início as explorações do hemisfério sul do planeta. Astrônomos holandeses representaram esse conjunto de estrelas com a forma de um tucano, em homenagem à espécie de ave nativa aqui da América do Sul.
Com o passar dos anos ele até ganhou outros nomes, mas o primeiro foi o que pegou. Seu sol mais brilhante é 47 Tucanae. Junto com as constelações de Fênix, Grou e Pavão, forma um conjunto chamado de "pássaros do sul".
11 - Centauro
Em maio, na direção sudoeste do céu, é possível ver um par de estrelas brilhantes. São alfa e beta centauri, da constelação de Centauro. A segunda é conhecida também como Proxima Centauri porque, depois do sol, é a mais próxima aqui da Terra.
Representação da constelação de centauro (Fonte: Wikimedia/Johannes Hevelius)
Zodíaco
Você sabia que oficialmente são 13 constelações zodiacais no total? É porque quando o céu foi dividido pela UAI, pesquisadores notaram que era necessário classificar de maneira diferente um pedacinho de espaço que antes era atribuído a Escorpião. Surgiu então Serpentário.
O zodíaco é importante porque, visto daqui, são esses asterismos que passam o Sol e os demais planetas do sistema solar. Inclusive, foi por conta desse movimento das esferas celestes que surgiu a astrologia.
Essa forma de pensamento buscava interpretar através da relação das estrelas e os planetas, fenômenos físicos astronômicos como a mudança das estações do ano, por exemplo. Os povos antigos se guiavam por esses asterismos para saber o melhor momento de realizar o plantio e a colheita da safra, e foi responsável por popularizar a ideia de signos e, de certa forma, aproximar as pessoas ao conceito de constelações.
Atualmente a astrologia é considerada uma linha de conhecimento e pode ser usada de diversas formas para auxiliar o autoconhecimento e desenvolvimento pessoal de cada indivíduo. Um ponto importante que precisa ser lembrado é que signos e constelações são diferentes. Enquanto os signos são fixos e 12 ao total, as constelações continuam se movimentando e expandindo na imensidão do universo.
Durante todo o ano os asterismos zodiacais podem ser vistos ao longo da eclíptica, linha imaginária que representa a trajetória do Sol. Veja a seguir o período da passagem da nossa estrela por cada uma delas.
- Capricórnio - 19 de janeiro a 15 de fevereiro
- Aquário - 16 de fevereiro a 11 de março
- Peixes - 12 de março a 18 de abril
- Áries - 19 de abril a 13 de maio
- Touro - 14 de maio a 19 de junho
- Gêmeos - 20 de junho a 20 de julho
- Câncer - 21 de julho a 9 de agosto
- Leão - 10 de agosto a 15 de setembro
- Virgem - 16 de setembro a 30 de outubro
- Libra - 31 de outubro a 22 de novembro
- Escorpião - 23 de novembro a 29 de novembro
- Serpentário - 30 de novembro a 17 de dezembro
- Sagitário - 18 de dezembro a 18 de janeiro
Durante essas datas, ver essas constelações pode ser mais difícil, porque estarão ofuscadas pela luz solar, que é muito forte. Entretanto, no resto do ano, elas podem ficar visíveis no céu, em diferentes horários da noite.
Carta celeste com todas as 88 constelações oficiais (Fonte: Wikimedia/Pablo Carlos Budassi)
Seja com telescópios ou a olho nu, é possível aproveitar o espetáculo grátis que o céu a noite nos proporciona. Observar e aprender sobre as constelações visíveis aqui no hemisfério sul do planeta é uma forma de fazer isso.
Se você quer se dedicar mais a esse hobby, lembre-se também que é importante planejar com antecedência para saber quais fenômenos astronômicos estão rolando no espaço. Busque um lugar tranquilo, afastado da cidade de preferência e divirta-se.