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A síndrome que faz pessoas acreditarem que parentes foram substituídos por sósias
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A síndrome que faz pessoas acreditarem que parentes foram substituídos por sósias

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Aventuras Na História
05/04/2023 20h01
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©Divulgação/Imagens Momentum
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Lançado no ano de  2017, o filme 'Mom and Dad' narra a ficcional saga de dois jovens que passam por um episódio inacreditável: durante 24 horas, o pai e a mãe tentam matar os próprios filhos, pois acreditam que eles são impostores.

Estrelado por Nicolas Cage, o filme não apresenta um caso isolado. Trata-se de uma histeria em massa faz com que inúmeros casais tentem fazer o mesmo com os familiares. Embora a história não seja real, uma síndrome muito bem documentada faz com que pessoas acreditem que estão dividindo o teto com impostores.

Entre as muitas doenças psicológicas que um ser humano pode apresentar, os Transtornos delirantes de identificação (TDI) são alguns dos menos conhecidos. Pertencente a essa gama de doenças, a Síndrome de Capgras é, no mínimo, curiosa.

Em sua pesquisa, o neurocientista, neuropsicólogo e psicanalista Fabiano de Abreu Rodrigues traz à tona todas as características do delírio. Nesse sentido, seu artigo “Solução para Síndrome de Capgras” sugere algumas formas de tratar a doença.

Segundo o autor, que é Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University, nos Estados Unidos, a Síndrome de Capgras pode se apresentar em diversos graus, do mais leve até o mais agressivo.

Imagem meramente ilustrativa / Crédito: Divulgação/Pixabay

Uma vida de mentiras

“A síndrome de Capgras é uma desordem na qual o doente acredita que seus familiares, amigos, cônjuges e até animais de estimação foram substituídos por sósias”, explica Fabiano. Sendo assim, o delírio inibe a capacidade que os pacientes têm de “se relacionar com pessoas que eles acreditam serem ‘impostoras’”.

Manifestando-se de diferentes formas para cada paciente, a Síndrome de Capgras está ligada ao lobo frontal direito do cérebro. Sua causa pode estar “associada a transtornos psiquiátricos como esquizofrenia e transtornos de humor, bem como a doenças neurológicas como Alzheimer, Parkinson e lesões cerebrais”, explica Fabiano.

Ainda que não exista idade para desenvolver o delírio cognitivo, "pessoas com mais de 40 anos possuem taxas maiores para apresentar a doença". Em casos de Alzheimer, “15% dos doentes, em média, são identificados esta síndrome”. Em diagnósticos de esquizofrenia, a prevalência da doença foi "relatada em cerca de 15% dos casos”.

Imagem meramente ilustrativa de mulher se olhando no espelho / Crédito: Divulgação/Pixabay

Origem de tudo

No início dos anos 1920, o psiquiatra francês Joseph Capgras recebeu uma paciente de 53 anos em seu consultório. Dona de casa, a mulher apresentava um diagnóstico que fugia de todos os transtornos conhecidos até então. 

Nas sessões, a paciente dizia ter certeza de que seu marido, filhos e trabalhadoras domésticas tinham sido substituídos por impostores. Foi assim que, ao lado de Jean Reboul-Lachaux, o psiquiatra descreveu, pela primeira vez, a Síndrome de Capgras.

Quando diagnosticado com tal condição, o paciente “pode desenvolver ilusões psicóticas das pessoas como ‘sósias’ dos entes mais próximos, por muitas vezes denominando esses sujeitos de ‘impostores’”, segundo explica Fabiano. E é aí que nasce o problema.

Fotografia do psiquiatra Joseph Capgras / Crédito: Domínio Público

Por dentro do cérebro

Atualmente, uma das teorias mais aceitas para o desenvolvimento da Síndrome de Capgras, de acordo com o neuropsicólogo, é “a ruptura de vias que conectam o lobo frontal a outras áreas cerebrais corticais e subcorticais”. Tal ruptura, por sua vez, seria causada pela “presença de HSB em regiões cerebrais profundas”.

Comum na “maioria dos idosos que apresentam algum tipo de distúrbio como a Síndrome de Capgras”, a chamada hiperintensidade da substância branca (HSB) pode “ser parte de um processo de envelhecimento ou de uma doença silenciosa”.

Em resumo, portanto, a Síndrome de Capgras seria causada por uma “desconexão de áreas cerebrais que processam o reconhecimento facial”. Assim, por mais que os pacientes reconheçam seus familiares, eles não têm a resposta emocional que deveriam ter quando entram em contato com aqueles que amam.

Imagem meramente ilustrativa de homem com máscara / Crédito: Divulgação/Pixabay

Tratamento de dentro para fora

“Atualmente as soluções são as mais variadas em termos clínicos, que vão desde remédios, até interferência psicanalítica”, conta Fabiano. Isso porque, segundo o psicólogo, “esse tipo de doença pode variar de níveis desde o mais leve até o crônico”.

Em casos mais brandos, os antipsicóticos e anticonvulsivos “formam a base principal do tratamento da Síndrome de Capgras”, junto do acompanhamento psicológico. “Quando a doença se torna crônica, contudo, pode ser necessária a internação do sujeito”, conta.

Nesse sentido, existem casos da doença nos quais os pacientes enxergam a si próprios como sósias. Assim, eles podem praticar atitudes auto-lesivas, a fim de acabar com o impostor. Em casos assim, o ideal é internar o paciente, para protegê-lo de si mesmo. 

"Estudos apontam que o tratamento cognitivo para pacientes já é possível ser realizado, não como cura total da doença, mas uma inibição do agravante dela perante aos neurotransmissores e mantendo a cognição das pessoas ativas", finaliza Fabiano.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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