A história dos Jogos Olímpicos: Londres 1908
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1908 - IV Jogos Olímpicos – Londres – Grã-Bretanha
Abertura: 27.abr.1908 – Encerramento: 31.out.1908
Abertura Oficial: Rei Eduardo VII
Países Participantes: 22
Total de Atletas: 2008 Homens: 1971 - Mulheres: 37
Brasil (Atletas): não participou.
Esportes: 24 - Eventos: 110
Quadro geral de medalhas, os 5 primeiros colocados e o Brasil
País - Ouro - Prata - Bronze - Total
1 - Grã-Bretanha - 56 - 51 - 39 - 146
2- Estados Unidos - 23 - 12 - 12 - 47
3 - Suécia - 8 - 6 - 11 - 25
4 - França - 5 - 5 - 9 - 19
5 - Alemanha - 3 - 5 - 5 - 13
Brasil - Não participou
Roma era a cidade indicada para abrigar os Jogos, mas as erupções do vulcão Vesúvio que semeou destruição no sul da Itália no início de 1906 serviu de desculpas oficiais para a renúncia. O verdadeiro motivo foi a oposição das cidades de Milão e Turim, que boicotaram a candidatura.
Como opção, surgiu a cidade de Londres, ideia plantada e defendida pelo Lorde William Desborough - famoso esportista - que contava com o apoio do rei Eduardo VII, também amante dos esportes e da esgrima, em particular.
Esta oferta encantou o Barão de Courbetin e graças a mais uma exposição, a Franco-Britânica - sem que os Jogos fossem atrelados a ela -, que proporcionou 200.000 libras, foi construído o estádio Olímpico, oficialmente denominado Estádio Shepherd Bush em White City, nos arredores de Londres, com capacidade para 66.288 espectadores e erguido em apenas nove meses e que chegou a abrigar 80.000 pessoas.
Na verdade, era um complexo com campo de Futebol, pista de Atletismo de 536,45 metros, pista de Ciclismo em cimento com 603,24 metros, piscina aberta e uma gigantesca e elevada instalação com 100 metros, utilizada para a Ginástica e Luta.
Depois de serem disputados os torneios de rackets, tênis, polo, jeu de paume e das provas de tiro esportivo, em 13 de julho, com frio, chuva e neblina, ocorreu a cerimônia de abertura, presidida pelos reis da Inglaterra, com as delegações pela primeira vez desfilando em equipes atrás de suas bandeiras.
Em Londres, debutaram o hóquei na grama e os saltos ornamentais, e houve a primeira e única disputa dos esportes movidos a motor, com as disputas das provas de barcos movidos à gasolina.
Foi uma edição com nível das competições mais alto, verificado por exemplo na natação com a quebra de 5 recordes mundiais em 6 provas disputadas, fato que não impediu que cinco atletas acima dos 35 anos de idade de conquistassem a medalha de ouro.
No dia 31 de outubro – seis meses após seu início, um recorde negativo –, os Jogos Olímpicos de Londres, um grande acontecimento global e repleto de êxito, foi encerrado e o Barão, com todos os méritos e honras, voltou a sonhar com o Olimpo.
Após os Jogos, os organizadores pela primeira vez publicaram um relatório oficial com os resultados dos Jogos.
A medalha de 1908
Frente: duas figures femininas seguram a coroa de louros sobre a cabeça de um vencedor e na metade inferior, a inscrição: “OLYMPIC GAMES LONDON 1908" (‘Jogos Olímpicos Londres 1908’).
Verso: a figura de São Jorge, o patrono da Inglaterra. Segundo a lenda, ele era um santo de combate que matou um dragão para libertar uma princesa.
Maiores medalhistas
Atleta | País | Esporte | Total | Ouro | Prata | Bronze | |
Masculino | Henry Taylor | Grã-Bretanha | Natação | 3 | 3 | 0 | 0 |
Melvin Sheppard | Estados Unidos | Atletismo | 3 | 3 | 0 | 0 | |
Feminino | Madge Cave Syers | Grã-Bretanha | Patinação Artística* | 2 | 1 | 0 | 1 |
* esporte posteriormente disputado nos Jogos Olímpicos de Inverno. |
Destaques
Raymond Ewry, o primeiro grande campeão e medalhista olímpico
O norte-americano Raymond “Ray” Clarence Ewry foi vítima da poliomielite, tendo andado de cadeira de rodas na infância, mas graças ao tratamento e principalmente aos exercícios, ele recuperou totalmente os movimentos.
Entre 1900 e 1908, ele alcançou a excepcional e inigualável marca de 10 medalhas de ouro nas 10 provas (oito oficiais e duas na edição extra de 1906) que disputou, Ray ou “O Homem Borracha” é o primeiro grande campeão e medalhista olímpico.
As conquistas de Ray Ewry nos Jogos Olímpicos de 1900 até 1908:
Ano - Prova - Marca - Recorde
1900 - salto em altura sem impulso - 1,65m - Mundial / Olímpico
1904 - salto em altura sem impulso - 1,60m
1908 - salto em altura sem impulso - 1,65m
1900 - salto em distância sem impulso - 3,21m
1904 - salto em distância sem impulso - 3,47m - Mundial / Olímpico
1908 - salto em distância sem impulso - 3,34m
1900 - salto triplo sem impulso - 10,58m
1904 - salto triplo sem impulso - 10,54m
1906 salto em altura sem impulso 1,65m
1906 salto em distância sem impulso 3,30m
As origens dos Jogos Olímpicos de Inverno
Nas disputas da patinação artística, a britânica Madge Cave “Florence” Syers conquistou o ouro na competição individual e o bronze nas duplas, ao lado de seu marido Edgar Syers. Essas provas foram posteriormente transferidas para os Jogos Olímpicos de Inverno, que passou a ser disputado em 1924.
A razão dos 42.195 metros da maratona
Quando os organizadores da olimpíada de Londres planejaram o trajeto da maratona, decidiram que a saída seria em frente ao castelo de Windsor. Contudo, para que seus netos assistissem ao espetáculo, o Rei Eduardo VII mudou a linha de largada, em frente ao terraço leste do castelo. A distância deste ponto até o camarote da Rainha Alexandra no estádio totalizou 42.195 metros, distância oficializada pela IAAF, a Federação Internacional de Atletismo em 1921 e adotada desde então.
O sofrimento do pequeno italiano
Um dos favoritos da maratona, o canadense de origem índia Tom Longboat, que antes dos Jogos foi acusado sem provas de profissionalismo, partiu na liderança, mas caiu desacordado devido as drogas ministradas por seus treinadores. Quem assumiu a ponta foi o sul-africano Charles Hefferson que também desmaiou há 6 quilômetros do final da prova e abriu caminho para o italiano Dorando Petri que apesar de estar quase sem forças no último quilômetro, entrou no estádio em primeiro lugar.
Iniciou a última volta cambaleando e no sentido oposto, quando os juízes após muitas dificuldades fizeram-no entender a direção correta.
Nos últimos 70 metros, Dorando caiu três vezes, nas duas primeiras conseguiu se levantar sozinho, mas na terceira queda há 15 metros da linha de chegada, não conseguiu se erguer sozinho, quando ao ouvirem o clamor da torcida anunciando a chegada do segundo colocado, um americano, o árbitro britânico Jack Andrew, ajudou Dorando a levantar e carregou-o até a linha de chegada.
Os americanos protestam e os juízes concordam em declarar John Hayes vencedor. Dorando virou herói e no dia seguinte recebeu um prêmio especial da Rainha.
O Corredor Solitário: Wyndham Halswelle
Quando a equipe dos Estados Unidos entrou em traje de passeio na abertura dos Jogos, o estopim para a acirrada rivalidade entre britânicos e americanos foi aceso. Como o atletismo era mais do que nunca o principal esporte das Olimpíadas, esta rivalidade passou a ser o fato marcante na competição, que apresentou 15 vitórias dos Estados Unidos e 7 da Grã-Bretanha.
O auge dessa disputa ocorreu na final dos 400 metros rasos, na qual o britânico Wyndham Halswelle, favorito e grande ídolo do público, enfrentou 3 americanos. Preocupados com a possibilidade do uso da tática de equipe, os britânicos posicionaram árbitros em toda a pista.
Com Wyndham e o americano John Carpenter lado a ladro, faltando 40 metros para a chegada, os árbitros acusaram Carpenter de cometer uma falta e encerraram a prova. Após muita confusão, foi marcada uma nova disputa para dois dias depois e Carpenter foi desclassificado.
Em protesto a equipe americana não competiu na segunda final, Halswelle correu sozinho e ganhou a medalha de ouro.
Os “Velhinhos” britânicos de Ouro
Campeão - Esporte - Idade
George Hillyard - tênis - 44 anos
Willy Dod - tiro com arco - 41 anos
Henry Blackstaffe - remo - 40 anos
Richard Gunn - boxe - 37 anos
Josiah Ritchie - tênis - 37 anos