Exclusivo: Filipe Toledo projeta etapa decisiva do Mundial de Surfe e fala sobre família
Sportbuzz
Nesta quinta-feira, 09, o Mundial de Surfe dá início à disputa da etapa decisiva que vai definir o grande campeão da temporada. E um dos fortes candidatos é o brasileiro Filipe Toledo, que se classificou para a final com a terceira melhor posição do ranking mundial.
Já de olho na grande decisão do Mundial de Surfe, o SportBuzz preparou uma série especial para os amantes do Surfe antes da etapa decisiva da competição. Para isso, os quatro representantes do Brasil bateram um papo exclusivo com a nossa reportagem. Confira!
Para iniciar a série com os maiores destaques do Surfe brasileiro, Filipe Toledo bateu um papo com o SportBuzz e projetou a disputa do ‘WSL Finals’, além de avaliar o momento dos brasileiros no circuito e também sobre sua forte ligação com a família.
Visando o início da etapa decisiva do Mundial de Surfe, em Trestles, nos Estados Unidos, Filipe Toledo foi questionado sobre como o formato das ondas pode ser interessante para seu estilo de surfe adotado ao longo da carreira.
“Trestles é uma onda muito legal de surfar, é uma onda que eu gosto muito, é uma onda que quando eu estou aqui na Califórnia eu surfo praticamente todos os dias. E é muito ‘high performance’ que a gente fala. A gente consegue aplicar todos os tipos de manobras, desde aéreo e rasgada. Tudo que a gente ama fazer, a gente consegue fazer nessa onda de Trestles. Vai ser muito divertido de assistir, as baterias vão ser boas, e eu acho que encaixa bem com meu estilo de surfe, e é uma onda que eu gosto muito e me sinto bem à vontade”, projetou Filipe.
Nesta temporada, a WSL optou por modificar o formato de disputa. Os cinco melhores surfistas [Morgan Cibilic, Conner Coffin, Filipe Toledo, Italo Ferreira e Gabriel Medina] ao longo do ano se classificaram para a etapa decisiva. Por isso, o brasileiro está garantido por ter sido o terceiro.
Sobre a mudança do formato, Filipe Toledo ressaltou que as alterações podem ser muito importantes para o futuro do Surfe. Na visão do atleta, a preparação para o evento vem sendo a mesma apesar de todas as modificações realizadas pela WSL.
“Eu acho super legal, acho dinâmico, acho que vai abrir portas para o nosso esporte e vai elevar o nível, talvez até não agora nesse primeiro momento, mas no segundo, terceiro, quarto, quinto ano, eu acho que tem grandes oportunidades do nosso esporte subir muito de nível. A gente vê os maiores esportes hoje em dia - NBA e NFL - todos tem os seus ‘season’, os seus ‘playoffs’. Então assim, eu acho que por que não o Surfe? Pode realmente trazer novos patrocinadores, novos fãs, atrair pessoas de outras áreas, sabe?”, elogiou o surfista.
“O preparo está sendo praticamente igual. Durante todo o ano é treino, foco, consistência nos campeonatos, e eu acho que o que muda agora nessa última etapa é a estratégia. Para mim teoricamente para vencer o título são quatro baterias. É focar o máximo nessas quatro baterias e entregar o meu melhor. É um lugar onde eu gosto de surfar, onde vai estar toda minha família, meus amigos... estou me sentindo muito confortável, confiante e com uma sensação boa”, completou.
RESULTADOS NA TEMPORADA!
Com um início mais complicado, Filipe Toledo conseguiu se recuperar ao longo da temporada. Com vitórias nas etapas de Margaret River e do Surf Ranch, o brasileiro chegou à parte de cima do ranking e não saiu mais de lá.
“O começo do ano para mim foi um pouco difícil na etapa de Pipe, mas logo depois já consegui, graças a Deus, um bom resultado em Newcastle com uma semifinal, uma terceira colocação. Mas eu acho que para mim um momento que virou assim, que me deu aquela confiança, que me deu aquele start foi Margaret River, que foi o primeiro evento que eu venci no ano”, contou.
Foi uma onda que eu mesmo duvidava da minha pessoa de talvez ter um resultado, de ganhar e muitas pessoas também... foi legal para mim, para a minha confiança eu ter vencido esse evento com condições grandes, e eu acho que muita gente também gostou. Então desse evento em diante trouxe uma confiança muito grande”, completou Filipe.
MOMENTO DOS BRASILEIROS!
Desde as últimas temporadas, o Brasil vem dominando o Mundial de Surfe com vitórias nas etapas e também levantando os troféus ao final do ano. Questionado sobre o momento, Filipe Toledo afirmou que o país tem tudo para se fortalecer ainda mais.
“É um momento muito bom para a gente. A gente está em ascensão, não só o Brasil, mas o esporte em si. Mas eu acho que o Brasil vem liderando essa ascensão, todo esse impacto que está gerando na mídia. O Gabriel com os títulos mundiais, o Italo com a medalha de ouro, com grandes performances de todos os brasileiros que estão no Tour", iniciou.
“Eu acho que o Brasil tem estado no topo durante uns bons anos já, com todas as mudanças, com todas adversidades e todas as oportunidades, a gente vem mostrando que o nosso país tem grande força no Surfe. E eu acho que tem tudo para a gente continuar no topo, temos grandes nomes ainda no circuito mundial (...)”, disse Filipe.
FAMÍLIA!
Além da busca pelo título mundial inédito, Filipe Toledo tem outros motivos para ir com tudo atrás dos troféus. Um deles é a relação criada pelo surfista com as ondas de Trestles, já que o brasileiro mora na Califórnia há alguns anos.
E o outro motivo é a família. Casado com a cantora Ananda Marçal e pai das fofuras Mahina e Koa, Filipe Toledo já vem imaginando a conquista do título mundial para correr até os braços das pessoas mais importantes da sua vida.
É algo que me mudou com a vinda dos meus dois filhos, algo que eu fiquei muito mais maduro e aprendi muito com a vida. E isso acaba influenciando no meu surfe. O meu combustível, a minha força de vontade, a minha dedicação, é sim pelo esporte, pela vitória, porque eu amo fazer o que eu faço, mas é pela minha família, pelos meus filhos, um exemplo para eles também de que a gente pode conquistar o que a gente quiser”, disse Filipe Toledo
“Estando na água ou fora d'água, eu estando com a minha família é quando eu me sinto muito confortável, me sinto completo, e eu acho que é o que que faz a diferença ali na hora que o bicho pega”, concluiu Filipe.
CONFIRA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA!
SEU PAI, RICARDO TOLEDO
- O meu pai, nos últimos dois anos, não viajou comigo, ele optou por ficar um pouco mais em casa com a minha mãe. Minha mãe estava ficando muito sozinha, meus outros irmãos também, enfim. Foi algo mais pessoal, a gente optou por isso, e eu já estava bem mais maduro para poder estar viajando sozinho, estar passando por essas situações sozinho também.
- E foi bom tanto para ele quanto para mim. E cara, ele poder estar aqui, ele já estava no Surf Ranch junto comigo quando eu ganhei. Para ele poder estar junto, estar participando, estar mostrando a experiência dele, para ele é muito gratificante, e para mim também é muito gratificante por estar trabalhando com meu pai, não é qualquer um que pode fazer isso.
CENA DA VITÓRIA!
- É algo que eu venho mentalizando nesses últimos dias, nessas últimas semanas. É algo que eu venho tentando normalizar para mim, para eu poder já estar bastante adaptado caso isso realmente aconteça. Então assim, já imaginei toda a cena, meus filhos, minha esposa, meu pai e minha mãe... eu graças a Deus vou conseguir estar com a minha família toda reunida, meu irmão mais velho, meus outros irmãos, então assim vai ser um dia bem legal.
ANÁLISE DOS RIVAIS!
- O Morgan [Cibilic] e o Conner Coffin são bem parecidos tecnicamente falando. Eu acho o Morgan talvez um pouco mais agressivo, um surfe mais inovador do que o Conner Coffin, mas aí eu acho o Conner Coffin um pouco mais forte, com mais experiência, tem um surfe de borda muito limpo e muito definido.
- E eu acho o Italo, todo mundo sabe, um cara muito explosivo, com muita energia, um cara que pega bastante onda, tem os aéreos no pé... talvez isso possa influenciar um pouco na performance, porque Trestles é uma onda um pouco mais de linha. E o Gabriel a gente sabe que é um cara muito sólido em qualquer condição, um cara que a gente não pode falar que ele tem um ponto fraco. O Gabriel é o coringa e sem dúvida nenhuma vai dar trabalho também, assim como todos os outros três.
OLHAR DOS GRINGOS!
- Tem uns que sim, tem uns que ainda acham um pouco difícil de aceitar isso [domínio do Brasil], de engolir isso. Eu entrei em 2013 no circuito e era totalmente diferente, era um nível totalmente acima, eles olhavam para baixo para poder falar com a gente, e a gente fica com aquela coisa de ‘pô, os americanos, os australianos, caramba, são ídolos’. Não que eles não sejam ídolos hoje, sabe? É difícil para eles aceitarem um pouco, mas hoje em dia a gente já tem o mesmo respeito, a gente já bate de frente, mas eu acho que esse olhar torto, essa diferença assim já acabou.
TEMPORADA ATÍPICA!
- A gente teve que lidar com o que estava acontecendo, seguir todos os protocolos direitinho, e eu acho que a WSL conseguiu fazer um trabalho muito bom para poder conseguir realizar todos esses eventos. Poder ter ido viajar para a Austrália, poder ter ido para o México, ter passado três meses lá na Austrália foi surpreendente para a gente num primeiro momento.
- E a gente teve que se adaptar, tiveram lugares novos que a gente teve que competir. Foi um ano de adaptação, algo novo que também gera uma expectativa nova para deixar a gente um pouco mais ansioso, que é algo diferente, como é que a gente vai lidar com as ondas e com o lugar.
ATUAÇÃO DOS JUÍZES!
- Claro que existem polêmicas, claro que quando envolve e quando engloba fã, família, patrocinadores, isso se torna um assunto muito polêmico, porque todo mundo quer que seu atleta favorito ganhe. É um assunto complicado de falar, mas eu acho que se eles trabalham, se eles estudam, se eles se informam, se eles estão todo dia assistindo, querendo aprender mais e se existe também uma reciclagem para que eles possam estar se dedicando cada vez mais a ficar lá, eu acho que isso evolui também o julgamento.
RECADO À TORCIDA
- Bom, eu queria agradecer a toda a galera que está torcendo, todo mundo que está acompanhando, todo mundo está mandando aquela energia positiva, e está tudo certinho como deveria estar, estou me sentindo bem e se Deus quiser a gente vai levantar essa taça. Obrigado de coração e tamo junto!