10 motivos para sua empresa virar uma fintech
Tecmundo
“Toda empresa em um futuro não muito distante será uma Fintech” disse Angela Strange, general partner da a16z, um dos maiores e mais importantes fundos de Venture Capital do mundo. Portanto, agora o negócio não é apenas ter tecnologia, mas também oferecer tecnologia financeira para seus clientes.
E você pode estar pensando “por que meter o nariz onde não estou sendo chamado?”. Só que você está sendo chamado. Com a crescente inovação no setor financeiro, empresas estão comprando ou desenvolvendo internamente suas próprias startups de serviços financeiros. Em dezembro de 2020, por exemplo, o Magazine Luiza optou pela primeira estratégia e adquiriu a Hub Fintech por R$ 290 milhões. Já a colombiana Rappi escolheu a segunda opção e criou o seu braço de serviços bancários Rappi Bank, integrado ao seu aplicativo.
Todo mundo enlouqueceu?
Não. Todo mundo está vendo uma oportunidade. E das grandes, principalmente porque com o modelo Fintech as a Service (FaaS), sua empresa não precisa adquirir uma empresa financeira e nem criar uma infraestrutura para oferecer esse tipo de serviço. Você não tem que se envolver com desenvolvimento, burocracias legislativas ou mesmo investir uma montanha de dinheiro para oferecer serviços financeiros.
No Brasil, esse é um conceito bastante novo, tendo a Grafeno como uma das principais referências que oferecem esse tipo de serviço. De forma bem lúdica, podemos dizer que construímos um banco (e todos os sistemas que envolvem esse processo) feito de peças de Lego. A empresa que quer oferecer serviços financeiros escolhe aqueles que mais têm aderência ao perfil dos seus clientes e pode disponibilizar as soluções em cerca de 40 dias. Rápido assim.
Me dê motivos (não só um, mas uma dezena)
1. Geração de valor…
A maior vantagem em oferecer serviços financeiros é poder aproveitar uma base de clientes já familiarizada com o ecossistema de produtos ou serviços da sua empresa, elevando o relacionamento com esses consumidores. Imagine: para o cliente faz muito mais sentido ter um relacionamento financeiro com uma companhia que está presente no seu cotidiano.
2. … e de receita
Ter uma solução FaaS não significa somente oferecer serviços financeiros aos seus clientes, mas também agregar mais produtos ao seu portfólio, com mais opções de geração de receita. Sabe os juros e tarifas que fazem os bancos terem lucros exorbitantes? Já imaginou sua empresa participando disso?
3. Diferencial competitivo
O setor financeiro tem sido um dos principais alvos do ecossistema de inovação, que tem levado tecnologia e automação aos clientes das empresas que oferecem soluções financeiras. Ser um player mais moderno vai ser percebido pelo seu público nas vantagens que a tecnologia vai oferecer a ele: mais agilidade e comodidade. Venda mais que seus competidores e nada melhor do que dar mais alternativas e opções para seus clientes.
4. Fidelização
O guru do marketing Philip Kotler afirma que conquistar um cliente custa de 5 a 7 vezes mais do que mantê-lo. Isso nos dá uma ideia do quanto pode ser fácil perder um cliente para a concorrência. Mas, como eu disse acima, apresentar diferenciais competitivos com soluções financeiras mais personalizadas e menos burocráticas — que atendam as dores dos seus clientes — vai te ajudar muito na jornada de retenção. Se o seu cliente te enxerga não somente como um fornecedor, mas sim como o provedor de soluções, inclusive financeiras, com certeza você vai ser muito mais lembrado.
5. Redução de custos
Eu nem vou me prolongar muito nesse motivo porque para bom poupador, meio centavo basta. A conta é simples: menos intermediários (no caso, o banco) é igual a maior economia, seja no custo de transferência, seja tarifa bancária ou na geração de boletos, entre outros. E entre usar uma plataforma de FaaS ou montar um banco do zero, não preciso nem dizer o que faz mais sentido, não é?
6. Informações agregadas
Quantas plataformas diferentes você precisa abrir para gerenciar sua empresa ou realizar seu trabalho durante o dia? Aposto que várias. E a culpa não é sua — as soluções para quase todo tipo de gestão estão pulverizadas em vez de agregadas. Agora, imagine poder visualizar seu saldo financeiro diretamente na sua plataforma ERP. Isso só não é melhor que sua empresa ser o sistema que oferece a infraestrutura bancária para seus clientes.
7. Mais segurança
Os serviços de FaaS são realizados utilizando as mais modernas tecnologias e isso significa muito mais segurança para todos, principalmente quando consumidos via API. Seus clientes vão amar não ter que digitar 40 números toda vez que forem pagar um boleto. Além disso, com a troca de dados e informações sem depender de interação humana, as chances de fraudes são muito menores.
8. Crédito aos clientes
Esse é o ápice de uma fintech porque você oferece crédito a uma base de clientes que você já conhece, gerando receita com juros e ajudando quem precisa de dinheiro a ter uma opção que não o banco. E como o crédito é um meio para um objetivo maior, faz muito mais sentido que ele seja oferecido por uma empresa que esteja no contexto do propósito final do usuário. Para ilustrar: se você tem uma empresa de transporte e oferece crédito ao caminhoneiro que presta serviços para sua companhia, faz sentido oferecer crédito para ele porque você entende o fluxo e as características da sua realidade financeira.
9. Valuation
Com uma empresa com processos mais ágeis, portfólio de produtos diversificados, redução de custos e clientes fiéis, o valor da sua empresa aumenta. O Quinto Andar, que surgiu como uma PropTech (startup do ramo imobiliário), por exemplo, passou a oferecer uma linha de crédito para seus corretores e fotógrafos, permitindo que os parceiros antecipem até 70% dos ganhos mensais (lembra da sincronia com os parceiros no item 8?). A empresa acaba de atingir um valuation de R$ 4 bilhões.
10. Por que não surfar na onda?
Então, você se lembra dos empreendedores que tinham medo da tecnologia na nuvem e perderam parcela de seus mercados que citei lá em cima? Pois bem, é preciso encarar a tecnologia como uma realidade irreversível e entender que ela é assim mesmo: veloz e disruptiva. Pode parecer que ter seu próprio banco digital seja uma ideia muito distante e fora da realidade da sua empresa. Mas será mesmo? Pense. Pense mais.
Porque, daqui a alguns anos, pode ser que você tenha perdido uma chance incrível de dar uma guinada no seu negócio.
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Paulo David é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores; e é sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer-to-peer do Brasil, que foi adquirida pela PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa. Atuou na equipe do Pinheiro Neto Advogados, e na equipe da gestora de investimentos KPTL (ex-Inseed Investimentos). É investidor-anjo em fintechs no Brasil e na Europa.