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Apagão das redes sociais revelou que parte da sociedade é nomofóbica
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Apagão das redes sociais revelou que parte da sociedade é nomofóbica

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Tecmundo
05/10/2021 17h30
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*Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

O apagão das redes sociais na segunda-feira (4) revelou um caos muito além de uma questão tecnológica. Vivemos em uma sociedade cada vez mais dependente dos conteúdos digitais e isso pode trazer sérios riscos para sua saúde física e mental. As pessoas tiveram que passar horas sem acesso aos seus conteúdos digitais favoritos e muitos revelaram o quanto estão dependentes destas ferramentas.

Mediante este acontecimento, monitorei o comportamento das pessoas durante e após a volta das redes sociais. Se enquanto durava o apagão a pessoa pegou no celular para buscar constantemente algo para fazer ou analisou se já havia voltado. Se a pessoa buscou outras redes sociais, isso já serve de alerta para um possível vício. A depender do grau que isso afetou, revelando o tamanho do problema.

Redes sociaisAlgumas das principais redes sociais do mundo, como o Instagram, ficaram fora do ar na segunda-feira (4) - (créditos: wichayada suwanachun/Shutterstock)

É preciso lembrar que pouco tempo atrás não tínhamos essas redes e vivíamos. O que acontece hoje com o comodismo para que não consigamos usar outros meios e argumentos no cotidiano? Para saber se a pessoa está sofrendo deste vício, veja algumas situações que aconteceram com muitos usuários durante este tempo em que os aplicativos ficaram fora do ar.

  • Ficou parado olhando para o celular sem saber o que fazer;
  • Entrava nos aplicativos constantemente para ver se havia voltado;
  • Entrou em aplicativos que não costumava usar e ficou perdido;
  • Sentiu agonia;
  • Vazio existencial;
  • Ficou impaciente e/ou irritado;
  • Teve a impressão de receber notificação;
  • Alteração de humor.

Se você sentiu alguns ou muitos destes sintomas durante o dia de ontem, é bom acender o sinal de alerta, pois esses sintomas têm relação com a nomofobia. Para piorar, há casos em que a pessoa sente tanto essa ausência que pode apresentar náuseas, sudorese, entre outros sintomas físicos.

Mas o que causa a nomofobia?

Nomofobia é a fobia causada pelo desconforto e/ou angústia quando o indivíduo está sem acesso a comunicação através dos aparelhos eletrônicos.

No cérebro, na região dos núcleos da base trabalhando com o sistema límbico, a sensação de prazer que a liberação de dopamina promove a cada novo like ou expectativa de mensagem recebida na rede social transforma o hábito em vício, estimulando a ficar cada vez mais online buscando recompensa, aumentando a ansiedade que funciona como pendência para esta busca.

Além disso, a função da dopamina é fornecer um feedback positivo, uma recompensa ao organismo, que torna-se uma busca constante. Isso é compensatório, já que a ansiedade por si só tende a buscar mais ou entra em uma atmosfera ruim pedindo mais recompensa. Como um ciclo intermitente e gradativo.

Relatos de pessoas que usam as redes sociais para trabalho em seu cotidiano foram positivos no apagão; disseram que se sentiram aliviados e largaram seus aparelhos. Isso acontece pois, nestes casos, a rede social é usada como uma obrigação profissional; quando fazemos algo por obrigação, a recompensa é quando fazemos algo fora desta obrigação. Diferente das pessoas que usam a rede social para o lazer, que torna-se uma necessidade com o tempo.

Isso não inclui influencers, que justificam o vício da rede social como profissão, ou a produção de conteúdo na rede social que passou a ser uma profissão rentável, mesmo assim, desta forma, faz parte do ciclo vicioso.

Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard), programação em Python na USP e em Inteligência Artificial na IBM. Ele é membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa e Brasileira de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), IPI Intel Technology e considerado um dos principais cientistas nacionais para estudos de inteligência e alto QI.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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