Arcadegeddon: altos e baixos em uma montanha-russa de loots
Tecmundo
Devo abrir esse texto com a maior sinceridade deste planeta. Quando tive oportunidade de assistir uma apresentação exclusiva de Arcadegeddon, eu fiquei bem hypado. A conversa com os desenvolvedores fluiu bem, as ideias são bem interessantes e o gênero me agradou bastante. Pareceu-me algo que não acontecia há muitos anos: um jogo multiplayer que me prenderia por mais de 50 horas (o que é muito para os meus padrões).
Você deve pensar que, depois dessa introdução, eu vou dizer que minha experiência foi desastrosa, que eu odiei o título. Na verdade, não: achei o novo game da Illfonic bem legal, mas eu levei uma rasteira da minha própria expectativa, principalmente por se tratar de um jogo em Acesso Antecipado. Vou explicar agora.
Diferente de jogos anteriores da desenvolvedora, Arcadegeddon não é um multiplayer assimétrico, mas sim um looter shooter cooperativo para até quatro jogadores. O diretor criativo Jared Gerritzen me informou algo que eu suspeitava desde que bati o olho no título pela primeira vez: uma de suas inspirações é Borderlands, que criou e popularizou o gênero.
Armas diferentes e poderosas estão espalhadas pelos mapas, mas muitas vezes escondidas em cantos bem específicos e em pouca quantidade, o que te prende a um mesmo arsenal por períodos relativamente longos. As armas são divididas por cores que dão informações rápidas sobre o dano e munição, já que as azuis possuem cargas limitadas e desaparecem quando elas são zeradas.
Inclusive, isso é algo que adiciona uma profundidade e estratégia na gameplay ao mesmo tempo que chateia um pouco. É como você usar um celular de última geração por uma semana e depois voltar para seu velho que trava com apps pesados.
Indo para os inimigos e dificuldade, eu tenho alguns incômodos maiores. É possível pagar para que as fases fiquem mais difíceis, mas a forma que ela escala é irregular. Desde o início, as fases são lotadas com muitos inimigos pouco variados, aparecendo novos só a cada dois ou três níveis. Enquanto alguns morrem rapidamente, outros são como esponjas de bala, consumindo sua munição e te deixando em situações bem complicadas quando há poucos jogadores na party.
Isso, aliado aos objetivos, muitas vezes repetitivos que envolvem destruir itens ou se manter dentro de uma área, tornam a experiência bem cansativa com uma exceção: jogar junto de amigos.
Minhas jogatinas foram divididas em partes solo e partes com a Luciana Anselmo, também redatora do Voxel. Enquanto estávamos de forma descompromissada, conversando sobre a vida, o universo e tudo mais, Arcadegeddon se mostrou um ótimo passatempo, mesmo nas batalhas com chefões que necessitavam de mais atenção e estratégia. Inclusive, por conta disso, eu e a Luciana tivemos experiências bem parecidas com o jogo mesmo sendo jogadores deveras diferentes.
Muito provavelmente essa não era a intenção da Illfonic, mas parafraseando nosso querido editor-chefe Vinícius Munhoz em uma live recente “desenvolvedores não criam gênero” e muito menos controlam como seus jogos serão jogados.
A mão que bate é a mão que afaga, então é necessário falar que o estilo é algo que Arcadegeddon acerta bastante. Personagens inspirados na banda virtual Gorillaz, trilha sonora cheia de eletrônica e trap, iluminação característica do vaporwave e ambientes bem artisticos. Tudo isso dá um gosto de originalidade bem bom de se apreciar.
E a parte de personalização de skins e de personagem, mesmo que ainda não muito extensa, desperta um interesse em continuar jogando para que tenhamos dinheiro suficiente para comprar aquela carinha ou roupinha específica.
Aliado a isso, temos um custo de R$ 37,99 na Epic Games, bem aceitável principalmente em comparação a outros jogos do gênero, o que não obriga o comprador a jogar até cansar por causa do investimento. Isso infelizmente não pode ser dito da versão de PS5, que custa R$ 104,90, que mesmo não sendo um valor astronômico, incomoda um pouco o bolso, valendo mais a pena esperar uma eventual promoção.
Não posso esquecer de que a Illfonic está extremamente comprometida em trazer melhorias técnicas e conteúdos adicionais para os próximos meses, já que seu lançamento será no Q1 de 2022, como informado pelo fundador e CEO da desenvolvedora, Charles Brungardt. Abaixo você pode conferir todo o roadmap com a programação de lançamento dividida em estações do ano.
Não seria justo fazer uma avaliação agora do título, pois ele ainda está em desenvolvimento, mas posso dizer que ele é perfeito para quem gosta de um TPS bonito para juntar com os amigos e jogar de forma descompromissada, principalmente no PC. Espere alguns bugs, problemas de conexão e coisas do tipo, mas nada que vá estragar totalmente sua jogabilidade.