Comemorar as conquistas e enfrentar os desafios de 2022 no setor de telecom
Tecmundo
A alta taxa de vacinação contra a covid-19 e a reabertura da economia, após períodos de restrições por causa da pandemia, criaram um cenário ligeiramente melhor para esse final de 2021, se comparado ao mesmo período de 2020. No setor de telecomunicações, está claro que o ano também foi melhor: dados levantados pela Conexis Brasil Digital apontam que foram investidos R$ 25,5 bilhões, em valores reais, de janeiro a setembro deste ano, o que representou um crescimento de 4,8% em comparação com o mesmo período de 2020.
A maior parte destes investimentos foram aplicados na melhoria da rede móvel, na qualidade das conexões, aquisições e instalações de fibra óptica. Hoje, a cobertura da tecnologia 4G já alcançou 5.484 municípios em todo o território nacional — onde reside 98,3% da população. Graças a ação das empresas de telecomunicações e de conectividade, cujo objetivo é implantar a ideia de uma economia cada vez mais digitalizada, no período de um ano, 446 novos municípios foram cobertos com a tecnologia 4G. A tendência é que esse cenário seja ainda mais promissor em 2022 se forem considerados os investimentos que serão feitos em decorrência do leilão do 5G.
Os desafios com o 5G
Por outro lado, não se pode fechar os olhos para os desafios que há pela frente. O próprio edital do 5G prevê que ele chegue às capitais até julho de 2022, embora muitas ainda precisem reduzir suas burocracias para garantir as condições que permitam a implantação.
Considera-se, porém, que o principal entrave do setor ainda é o arcabouço tributário que tanto dificulta a expansão da conectividade, conceito que ganhou uma força sem precedentes com o início da pandemia. Afinal, a necessidade de proteção contra o novo coronavírus exigiu que todos estivessem cada vez mais conectados.
Mesmo com tamanha importância, a questão tributária ainda é um entrave no Brasil — principalmente se comparado ao mercado internacional: atualmente, a média de tributação do setor de telecom nos países que mais acessam a internet é 10%. Já no Brasil, a ausência de projetos para uma reforma tributária eficiente faz com que a taxação nas telecomunicações supere os 40%. Além disso, existe um grande desequilíbrio entre as federações, e os Estados menos favorecidos em termos de conectividades pagam alíquotas mais elevadas.
Aí entra um mais um ponto importante: a relação com os consumidores que, por este cenário tributário, acabam tendo suas contas de telefone e internet encarecidas pelo Governo. Isso vai contra uma tendência global de maior exigência por parte dos clientes por serviços de qualidade e com preços acessíveis. Atentas a esse movimento, as empresas não se limitam apenas a vender pacotes, mas lançam mão de ferramentas como big data e inteligência artificial para acompanhar os consumidores em toda a experiência com o produto ofertado.
Outro desafio que precisa ser endereçado é o aumento nos índices de roubo e furto de cabos de telecomunicações: só no primeiro semestre de 2021, 2,3 milhões de metros de cabos foram furtados no Brasil, quase 15% superior ao registrado no mesmo período de 2021. Apesar dos altos índices de investimentos de players do setor para ampliar a conectividade dos brasileiros, é importante que as autoridades competentes — ao nível municipal, estadual ou na esfera federal — tomem as providências para garantir o acesso da população a serviços fundamentais.
Apesar destes e outros desafios, é preciso ser otimista. O leilão de frequências do 5G em novembro foi um grande sucesso e se consolidou como um passo importante que guiará o Brasil rumo à maior competitividade na economia digital. Espera-se que, em 2022, o País tenha condições para seguir caminhando e se aproximar das referências globais em conectividade.
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Marcos Ferrari é presidente executivo da Conexis Brasil Digital