Elon Musk: veja a linha do tempo da possível compra do Twitter
Tecmundo
O empresário Elon Musk, CEO de empreendimentos como a montadora Tesla e a SpaceX, pode ser o novo dono do Twitter. Atual pessoa mais rica do mundo segundo a revista Forbes, com uma fortuna avaliada em US$ 219 bilhões, Musk fez uma oferta para comprar 100% das ações da plataforma por US$ 41,5 bilhões na metade de abril de 2022.
Só que a história envolvendo o empresário nascido na África do Sul e a rede social de postagens de até 280 caracteres é bem mais antiga: ela envolve multas, críticas, brincadeiras e uma presença cada vez mais constante do bilionário no cotidiano da companhia — com eventos ocorrendo anos antes de ele estar prestes a virar o dono do serviço e fechar o capital da empresa.
Punição e vigilância
Elon Musk tem uma conta no Twitter desde junho de 2009, quando a rede social tinha somente três anos de vida, e atualmente acumula 81,6 milhões de seguidores na plataforma.
Mas o seu primeiro episódio marcante envolvendo o serviço foi registrado em agosto de 2018. Em uma publicação aparentemente espontânea no perfil, o empresário afirmou que estava pensando em tirar a Tesla da Bolsa de Valores ao adquirir todas as ações da montadora ou transformar os investidores em donos fixos.
Musk fumando durante entrevista a Joe Rogan; ação gerou até críticas da NASA.
Ele faria isso por US$ 420 por ação — um número consideravelmente maior do que o valor de cada unidade naquele momento e uma das várias possíveis referências que o empresário faz sobre maconha.
A publicação desse plano fez as ações da Tesla valorizarem em 13% no mesmo dia e cair 11% uma semana depois — até, no fim do mês, Musk confirmar no próprio Twitter que a empresa continuaria como estava. Foi o suficiente para enfurecer a Comissão de Títulos e Câmbios dos Estados Unidos (SEC, na sigla original em inglês), órgão fiscalizador de atividades monetárias no país.
A SEC considerou que Musk manipulou as ações da empresa ao fazer o comunicado e gerou uma "perturbação do mercado". Tanto o executivo quanto a companhia foram multados em US$ 20 milhões e, como consequência, ele foi afastado da presidência da Tesla, permanecendo apenas como CEO.
Críticas e "brincadeiras"
Outra punição sofrida por Musk pelo mesmo episódio foi a gota d'água para suas futuras críticas pelo site: todos os tweets realizados por ele sobre a Tesla agora teriam que passar pela aprovação de advogados antes da publicação.
Ainda em 2018, ele se envolveu em outra polêmica por lá: após ter o projeto de submarino rejeitado, ele insinuou que um dos homens que trabalhou no resgate do grupo de garotos presos em uma caverna na Tailândia seria pedófilo. Em julgamento no ano seguinte, o empresário foi absolvido.
Musk e um Tesla em uma das fábricas da empresa.
Ao longo dos anos seguintes, Elon Musk continuou usando a rede social de maneira intensa e variada.
Além de anúncios como o nascimento da filha X Æ A-12, ele constantemente comentava sobre seus empreendimentos mais recentes, como a empresa de transporte subterrâneo The Boring Company e os testes de chips implantados no cérebro Neuralink.
Além disso, logo ele também passou a falar de criptomoedas. Esse foi um setor que rendeu muitos frutos ao empresário e a quem acompanhou suas movimentações: uma simples menção a projetos como a dogecoin era o suficiente para fazer o preço da criptomoeda disparar.
Entretanto, ele também deu sinais de que estava cansado da plataforma: em fevereiro de 2021, Musk alegou que deixaria o Twitter por um tempo sem explicar o motivo. Ele fez esse tipo de comunicado mais de uma vez, mas nunca conseguiu abandonar por muito tempo a plataforma.
O Elon Musk usuário, acionista e possível dono
A virada na linha do tempo de Musk no Twitter começa em novembro de 2021, quando ele fez uma enquete sobre se deveria ou não vender 10% de suas ações da Tesla. Isso voltou a irritar a SEC e teve consequências neste ano: o empresário será investigado por insider-trading junto do irmão, já que ambos se beneficiaram da postagem.
Além disso, o executivo tentou novamente solicitar a um juiz que suas postagens não precisassem mais da supervisão de um advogado — o pedido foi negado pela SEC.
Musk em 2019.
Em março de 2022, Musk fez as críticas mais pesadas até o momento sobre o Twitter, acusando a plataforma "que serve como uma praça pública de uma cidade" de não prezar pela liberdade de expressão — algo tido como "essencial para uma democracia funcional".
Apoiado por alguns seguidores, ele ainda citou que poderia até criar uma nova rede social.
Foi então que Musk passou de usuário influente para acionista. Em 4 de abril de 2022, ele confirmou a aquisição de 9,2% das ações da rede social por US$ 2,89 bilhões. O então CEO da plataforma, Parag Agrawal, ainda o convidou para integrar o conselho de administração da companhia.
Apesar de ter maior influência como parte da mesa e ter virado um dos maiores investidores individuais da companhia, Musk declinou o convite dias depois. E um dos motivos especulados seria as possíveis movimentações maiores do empresário, já que membros do conselho do Twitter são impedidos de adquirirem mais de 14% da companhia.
A proposta de compra total do Twitter veio cerca de quatro dias após Musk recusar a cadeira na diretoria do Twitter. Caso seja mesmo confirmado como dono, ele poderá implementar alguns de seus maiores desejos na plataforma, incluindo o botão de editar tweets, já que a plataforma se tornaria uma companhia privada, deixando de vender ações na bolsa de valores.