Facebook amplifica discurso de ódio pelo lucro, diz ex-funcionária
Tecmundo
O programa 60 Minutes exibiu, neste domingo (3), uma entrevista com Frances Haugen. Responsável por vazar documentos internos do Facebook para o Wall Street Journal, a ex-gerente de produtos da empresa fez várias denúncias sobre a plataforma.
Em destaque, a ex-funcionária citou que a companhia é tão comprometida com a otimização dos produtos que adotou algoritmos que amplificam o discurso de ódio. Uma medida que visava apenas os lucros, segundo ela.
Frances Haugen apareceu pela primeira vez em público no 60 Minutes.
Conforme o antigo perfil no LinkedIn, Haugen trabalhou no Facebook até o início de 2021. Então, ela revela que não acreditava que a empresa estivesse disposta em investir o que realmente é necessário para que a plataforma seja um ambiente saudável.
"Havia conflito interno entre o que era bom para o público e para a companhia. A empresa escolheu várias vezes otimizar os algoritmos para os próprios interesses, como ganhar mais dinheiro", disse a ex-funcionária.
Influência nas sociedades ao redor do mundo
Haugen afirma que o problema teve início com o algoritmo do Facebook lançado em 2018. Analisando as formas de engajamento, a plataforma descobriu que os conteúdos que inspiravam medo e ódio nos usuários eram os que tinham melhor desempenho.
Mark Zuckerberg disse, na época, que as alterações eram "positivas e visavam o bem-estar das pessoas". Entretanto, o resultado passou a ser o aumento da propagação de conteúdos relacionados a discursos de ódio.
Implantado em 2018, o algoritmo não cumpre o que é prometido pelo Facebook.
"Desinformação, toxicidade e conteúdo violento são excessivamente predominantes entre os novos compartilhamentos", cita um memorando interno sobre as mudanças do algoritmo analisado pelo Wall Street Journal.
Um documento vazado também destaca: "Estimamos que podemos trabalhar de forma menor com 3 a 5% de conteúdos de ódio e cerca de 0,6% de violência e incitamento no Facebook".
Mais contundente, outro documento diz: "Temos evidências que uma variedade de fontes de discurso de ódio, discurso político divisionista e desinformação no Facebook e na família de aplicativos estão afetando sociedades em todo o mundo".
Executivo do Facebook diz que empresa não influencia a polarização política nos EUA.
Resposta do Facebook
Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais do Facebook, esteve no programa Reliable Sources, da CNN americana. Horas antes do 60 Minutes, o executivo defendeu a empresa sobre as recentes alegações publicadas.
"Isso é ridículo. Penso que é um conforto para as pessoas supor que deve haver uma explicação tecnológica para as questões de polarização política nos EUA", disse Clegg a respeito das acusações da influência da plataforma na invasão do Capitólio em janeiro.