FBI diz que usou spyware Pegasus, mas não espionou ninguém
Tecmundo
O FBI confirmou ontem (2) uma denúncia feita pelo The New York Times na semana passada (28): a principal agência do Departamento de Justiça norte-americano possui uma licença para usar o temido spyware Pegasus produzido pela empresa israelense NSO, chamado na reportagem de “arma cibernética mais poderosa do mundo”. Segundo a publicação, o birô de investigação teria testado uma versão chamada Phantom, que poderia ser usada nos EUA.
Falando ao The Washington Post, representantes do FBI reconheceram ter analisado as capacidades do software-espião. No entanto, a agência garante que jamais utilizou as possibilidades de invasão silenciosa de telefones, câmeras, microfones, contatos e textos “em apoio a qualquer investigação”. No entanto, o Post afirma que foi discutida, dentro do Departamento de Justiça, a possibilidade de o FBI implantar efetivamente o spyware.
Um detalhe preocupante dessas revelações é que, embora os testes do programa tenham sido efetuados em telefones com cartões SIM estrangeiros, as discussões sobre a legalidade da suposta versão Phantom giram em torno do uso da arma dentro do território americano. Isso contradiz a NSO, que afirmou repetidas vezes ao governo dos EUA que o Pegasus não pode ser usado em números de telefone com o prefixo de país +1.
A importância do Pegasus para o governo de Israel
Fonte: NSO Group/Facebook/Reprodução.
A reportagem do Times da semana passada faz uma retrospectiva do Pegasus, afirmando que o programa teria sido utilizado pelo governo de Israel para obter vantagens em sua política externa. A publicação também esquadrinha a história nebulosa da NSO, desde que a empresa evoluiu de uma startup especializada em suporte para telefones para uma milionária empresa de spyware, cercada por controvérsias, abusos e processos judiciais.
Colocada no mês de novembro em uma lista de restrições do governo dos EUA, que proíbe a exportação de produtos e serviços de tecnologia, a NSO tem enfrentado sérias dificuldades e deverá ser vendida a dois grupos de investimento norte-americanos, ou fechará suas portas definitivamente.