Huawei Watch GT 3 REVIEW: relógio desnecessário
Tecmundo
Depois de mais de um mês testando o Huawei Watch GT 3, o smartwatch mais recente lançado pela fabricante, tenho que dizer para vocês que o que ele tem de bonito e de bateria boa, também tem de desnecessário. E digo isso levando em consideração que ele corrigiu vários dos problemas apontados no nosso review da geração passada, o Watch GT 2. Ao longo desta análise, vou explicar tudo o que o Huawei Watch GT 3 oferece, o que melhorou e por que eu acredito que não faz sentido você pagar o que a Huawei está pedindo por ele.
Design
O design é decididamente um ponto forte do GT 3, afinal é um relógio muito bonito e mais resistente do que eu esperava. A caixa dele é de aço inoxidável com vidro com bordas curvas na tela desse modelo menor aqui, o que de cara eu achei que era um mal sinal porque acabaria cheio de riscos, já que eu sou bem desastrado, mas eu estava enganado. Um mês de uso depois, com direito a várias batidas e raspadas diretas em móveis, portas e paredes, e eu ainda não vejo nenhum arranhão. Não quer dizer que ele é impossível de riscar, afinal eu posso ter dado sorte, mas eu conto ponto para a Huawei aqui. O modelo maior do GT 3 tem uma pequena borda ao redor da tela. Ainda sobre resistência, ele tem certificação contra água para submersão em até 50 metros de profundidade, então dá para usar para nadar tranquilo. Eu usei bastante.
O relógio pode vir na cor dourada com pulseira de couro branca, mas que está mais para um bege clarinho, e que é esse que eu recebi, mas também tem opções em preto com pulseira preta de couro ou com uma pulseira de material emborrachado e que promete resistência contra elementos químicos do suor que poderiam causar irritação na pele. Com um mês de uso, posso dizer que a pulseira de couro branco é confortável de usar e só me causou irritação no fim de dias em que eu acabei passando muito tempo com ela apertada, o que eu só fazia quando queria garantir que ela mediria exercícios direitinho. Se você apertar na hora do exercício e depois soltar um pouquinho, não deve ter o mesmo problema.
- Dimensões (A x L x E) e peso (sem pulseiras):
o 42 mm: 4,23 x 4,23 x 1,02 cm e 35 gramas
o 46 mm: 4,59 x 4,59 x 1,1 cm e 42,6 gramas
Além desse modelo aqui, que é o de 42 mm, tem um maior de 46 mm, que além de oferecer um tamanho maior de tela vem com a vantagem de oferecer uma bateria melhor ainda. Mas ele é bem grande, então se você tem pulsos finos eu recomendo esse aqui mesmo, que já é grandinho.
Tela
A Huawei tira proveito desse tamanho avantajado incluindo também uma tela AMOLED excelente de 1,32 polegadas no modelo de 42 mm e de 1,43 polegadas no de 46 mm. A resolução do display está ótima, as cores são bastante vivas e a intensidade do brilho é forte, permitindo enxergar tudo mesmo sob a luz direta do sol. E vale mencionar que o ajuste automático de brilho de acordo com a luminosidade do ambiente está realmente excelente aqui. Não teve nenhum momento se senti que precisava aumentar ou reduzir o brilho manualmente.
- Tela: AMOLED de 1,32” (42 mm) ou 1,43” (46 mm)
A Huawei oferece várias faces diferentes para o relógio, e eu várias delas bonitas e ricas em informações. Clicando no botão de mostradores lá na aba Dispositivo do app Huawei saúde no smartphone pareado, você também encontra uma quantidade enorme de faces adicionais, então com certeza vai encontrar alguma que te agrada. Uma pena que quase todas essas no app são pagas, com preços que variam de R$ 2 até R$ 16, e que, pelo menos até onde eu vi, nenhuma delas permite customizar quais informações você quer que apareçam na tela principal.
Aqui também vale mencionar que o Huawei Watch GT 3 por padrão funciona daquele jeito padrão de manter a tela desligada e só acender quando você erguer o pulso, mas tem também algumas opções para quem quer manter informações visíveis. Ativando o recurso de Always On, o relógio mantém na tela uma versão simplificada da face do relógio que você escolheu, mostrando só a hora. Além disso, também é possível ativar uma função que mantém a tela totalmente ligada por 5, 10 ou 20 minutos. Claro, tudo isso faz a bateria durar menos.
Hardware
A Huawei não deu informações sobre o processador do relógio, então eu não tenho como entrar em muitos detalhes aqui, mas eu posso dizer que o desempenho geral dos aplicativos foi suave na minha experiência, sem engasgos ou travamentos. O relógio tem GPS embutido, o que é bom para quem quer rastrear exercícios ao ar livre sem levar o celular, e a precisão não é de 100% o tempo todo, mas fica perto disso a maior parte do tempo. A parte chatinha é ter que ficar parado um pouco mais de um minuto depois de iniciar um exercício para dar tempo do GPS te achar.
O Watch GT 3 vem com 4 GB de armazenamento interno, que você pode usar para colocar músicas direto no relógio. Não é espaço para muita música, sejamos bem sinceros, então por mais que o relógio tenha um alto-falante com volume e qualidade razoáveis e que também dê para parear um fone Bluetooth diretamente nele para ouvir músicas, e difícil pensar que muita gente vai querer fazer isso. Afinal, com serviços como o Spotify, Dezzer, Apple Music e outros, quem ainda baixa MP3s hoje em dia, né? Pena só que não dá pra usar esses serviços nesse relógio, mas eu entro em detalhes sobre isso daqui a pouco.
- Armazenamento: 4 GB
Eu particularmente acho mais útil usar a memória interna do relógio para colocar pequenos clipes engraçados de áudio para fazer graça em momentos inesperados durante conversas. Por exemplo, se alguém tá me contando alguma coisa que deixou a pessoa muito revoltada, eu posso só deslizar para o lado na tela do relógio e dar play em um: “Tá certa a indignação!”
Para colocar arquivos de áudio no relógio é só ir na aba “Dispositivo” no app Huawei Saúde no celular pareado, tocar em “Música”, depois “Gerenciar música” e aí clicar em “Adicionar músicas” lá embaixo e selecionar os áudios que quiser e estiverem salvos no seu celular. Ah, e além dos alto-falantes o relógio tem também microfones, então dá para fazer e receber chamadas por ali mesmo. Eu achei o volume das chamadas baixo mesmo no máximo, mas dá para ouvir. Pelo menos as pessoas me falaram que a minha voz não soava enlatada quando falei com elas.
O Bluetooth 5.1 é como ele se conecta ao seu smartphone, e o relógio não tem nenhuma opção com conexão direta a redes de celular ou a WiFi. Isso quer dizer que tirando o rastreamento de exercícios e monitoramento de saúde e sono, sem depender de um smartphone esse aqui é só um relógio mesmo. E isso é um problema na faixa de preço dele, mas já já eu entro em mais detalhes sobre isso. Ah! E ele não tem NFC, então nada de fazer pagamentos usando o relógio.
Bateria
A bateria é um ponto forte do Huawei Watch GT 3 em comparação com rivais de marcas como Samsung e Apple na mesma faixa de preço. Enquanto os concorrentes geralmente não conseguem chegar nem a dois dias inteiros longe da tomada com uso regular, a Huawei promete que o modelo de 42 mm do GT 3 aguenta em média uma semana entre recargas, enquanto o maior promete chegar a até duas semanas longe da tomada.
Como eu testei o modelo menor, não posso falar pelo maior, mas para o meu padrão de uso eu digo que a Huawei foi até um pouco conservadora nessa estimativa. No meu padrão de uso, em que eu mantive o rastreamento constante de batimentos cardíacos, oxigenação do sangue e sono, mas não liguei o Always on Display, o GT 3 geralmente aguentava quase 9 dias entre recargas. Mas isso tendo em mente que eu não posso usar o relógio durante o treino de kung fu, então acabava monitorando pouco atividades físicas.
Nas semanas em que usei ele para testar durante caminhadas, ciclismo e natação, aí realmente a bateria gastou mais rápido e acabou em quase 7 dias. Claro, se você usar esses rastreamentos todos os dias e ligar o Always on Display, provavelmente vai ter uma duração bem pior, mas que ainda deve superar bastante a dos rivais no mesmo preço.
E a recarga? O Huawei Watch GT 3 vem com um adaptador que carrega o relógio por indução quando ligado a uma porta USB. A carga é lenta se for uma porta de computador, mas na tomada é bem rápida, demorando menos de uma hora. Ele também tem suporte a bases de recarga sem fios no padrão Qi, e aqui eu senti que a recarga era até mais rápida que no acessório que veio com ele. O relógio só não pareceu se dar muito bem com o Wireless Powershare do Galaxy Z Flip 3 que está aqui comigo. Nesse caso ele até recarregava, mas ficava perdendo e retomando o carregamento com tanta frequência que isso acabava demorando horrores.
Interface
A interface do relógio como um todo é bem bonita e funcional, além de responder rápido. Deslizando para os lados você tem acesso às principais funções de saúde, como monitoramento de batimentos cardíacos, oxigenação do sangue, qualidade do seu sono e nível de atividades. Deslizando de baixo para cima você abre as notificações, e a boa notícia aqui é que a Huawei melhorou o sistema e agora ele não fica repetindo mensagens recebidas antes. Tá tudo bonitinho ali uma vez só para o apps que você autorizar o relógio a ver.
Deslizando de cima para baixo você abre algumas configurações rápidas, onde tem acesso a funções úteis como relógio e modo não perturbe, além das configurações completas do relógio. E aí tem os botões físicos, com o superior abrindo todos os apps instalados ao ser apertado uma vez e voltando para home se você apertar novamente em qualquer app. Na tela dos apps, você pode girar esse botão para ampliar ou reduzir o zoom nessa tela. Já o botão de baixo serve por padrão para abrir direto a função de exercícios ao apertar uma vez, e selecionar a opções central da tela em apertadas subsequentes. Dá para mudar a função desse segundo botão no aplicativo no smartphone também, o que é bom, mas não abre opções revolucionárias.
Para configurar o relógio e usar a maior parte das funções você precisa baixar e instalar o aplicativo Huawei Saúde no seu celular, que tá disponível na Google Play Store, mas que assim que você abrir vai mostrar uma mensagem avisando para você baixar uma atualização por fora para conseguir usar direito. É efeito das sanções todas dos Estados Unidos contra Huawei ainda. Depois da atualização, aí dá para achar e configurar o relógio e usar o app sem problemas, e a interface dele é ótima para reunir seus dados de saúde, atividades físicas, sono e tudo mais.
O relógio consegue monitorar mais de 100 tipos de atividades físicas, aliás, mas vale ressaltar que nem todos os exercícios listados rastreiam dados muito específicos. Todos vão registrar dados como batimentos cardíacos, consumo de calorias e tempo de prática, e alguns como natação, caminhada e corrida outdoors registram dados mais detalhados sobre seu ritmo.
Agora, para mim o maior pecado dos relógios da Huawei continua sendo o suporte a apps de terceiros, que tecnicamente existe, mas meio que tá lá só para dizer que está mesmo. Na aba “Dispositivo” do app Saúde você pode tocar no botão AppGalery para baixar aplicativos para o relógio, mas tirando uns dois apps famosos de produtividade e um outro para controlar luzes inteligentes da Philips, se você tiver alguma, todos os outros aplicativos são no mínimo suspeitos e muito provavelmente inúteis. Não tem nem o bendito Spotify.
E se você reparou que eu nem falei de iOS até agora, não é porque ele não funciona com iPhones, porque funciona sim, mas sim porque não dá nem para baixar mais faces de relógio e aplicativos no sistema da Maçã, e o relógio como um todo fica mais limitado nesse caso também.
Vale a pena?
O Huawei Watch GT 3 está disponível aqui no Brasil pelo preço oficial de R$ 1.500 no modelo menor, de 42 mm, e R$ 1.700 no maior, de 46 mm. Só que nos varejistas online dá para encontrar a partir dos R$ 1.400 e R$ 1.600, respectivamente. E é aí que mora o problema.
- Preços do Huawei Watch GT 3: R$ 1.4999 (42 mm) ou R$ 1.699 (46 mm)
Enquanto rivais na mesma faixa de preço, como o Galaxy Watch 4 LTE, oferecem funções como eletrocardiograma, bioimpedância, NFC e conectividade 4G, esse não faz nada disso. Ele é bonito, tem algumas funções básicas e a bateria realmente supera muito a dos rivais, mas olhando para os recursos de fato não tem nada que uma boa smartband não faça também. Sabe a Huawei Band 6 e a Mi Band 6, que custam menos de R$ 300? Tirando o visual e um ou outro detalhe, não deixam nada a dever em recursos. Aí, gastar tudo isso nesse modelo aqui se torna simplesmente desnecessário. Para mim está na hora ou da Huawei dar um jeito de realmente trazer recursos diferenciados que equiparem os smartwatchs dela aos rivais nessa faixa de preço, ou então engolir o orgulho e vender os relógios desse nível por um preço muito menor.
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