Impostor Factor mexe com emoções, mas menos que To the Moon
Tecmundo
A essa altura, para quem acompanha o mercado de jogos independentes o nome To the Moon já não é desconhecido. O game criado por Kan Gao e a Freebird Games se tornou uma referência emocional para muitos, e sempre é lembrado como um dos títulos mais tocantes disponíveis para o público. Logo, era de se esperar que esse universo fosse expandido cada vez mais.
Após outros dois games (A Bird Story e Finding Paradise, ambos como parte de uma mesma história sendo o primeiro uma prequel), é chegado o momento de conferir Impostor Factory. Porém, será que ele brilha da mesma forma como os títulos anteriores? Continue sua leitura para descobrir, e fique tranquilo: não entregaremos nada extremamente impactante do enredo nela, e você pode usar o espaço de comentários para expressar suas opiniões sobre o game.
A fábrica de impostores
A princípio, devo dizer que este game já começa com uma atmosfera bem diferente dos outros dois títulos principais. De cara, conhecemos um personagem chamado Quincy, que é convidado para uma festa um tanto quanto estranha e acaba envolvido com um assassinato. Apesar da vibe um pouco mais “pesada”, tudo faz parte de um grande cenário para a continuação da história.
(Fonte: Douglas Vieira/Voxel)
Entretanto, é preciso dizer que o começo é um tanto quanto confuso por conta de idas e vindas no tempo e pode desestimular a prosseguir na aventura, mas fica aqui o apelo: avance por esse trecho. Por mais maluco que tudo possa parecer, as coisas vão se encaixar um pouco mais até o final do primeiro ato.
Vale ressaltar que mesmo esse trecho confuso ainda será capaz de arrancar algumas risadas, e tudo fica ainda melhor quando percebemos que o título, assim como Finding Paradise, está totalmente com textos em português, dando um alento extra para compreender a história contada aqui. Destaque para Rozbô, que com certeza será o alívio cômico neste início de jornada.
Entretanto, é ao começar a visitar memórias que percebemos algumas mudanças até mesmo em termos de jogabilidade. Nos jogos anteriores, por exemplo, era preciso vencer alguns pequenos quebra-cabeças em busca de itens capazes de desbloquear as memórias dos personagens, mas aqui tudo acontece de uma maneira um pouco mais direta – e, dessa forma, fazendo com que você acompanhe o desenrolar dos fatos de uma maneira um pouco mais passiva, mas ao mesmo direta. E, no fim das contas, funciona tão bem quanto o sistema visto anteriormente.
Referências claras
Outro ponto importante são todas as referências existentes em Impostor Factory. Apesar de você conseguir compreender o que é tratado aqui sem ter jogado os games anteriores, ter se aventurado até o final de To the Moon e Finding Paradise permitirá entender melhor alguns elementos que são apresentados, e até mesmo algumas coisas mais culturais são encontradas aqui.
A principal delas talvez seja o livro O Pequeno Príncipe, que não apenas é citado no game, mas também serve para uma das várias lições ensinadas aqui. Aliás, o enredo mais uma vez é muito bem escrito e, apesar de não ser o tipo de jogador que chora fácil, devo confessar que diversos momentos mexeram com as minhas emoções, fosse simplesmente pelos diálogos ou a combinação deles com a trilha sonora (que segue impecável).
Mas e aí, emociona mesmo?
Como alguém que jogou todos os títulos anteriores, devo dizer que sim, Impostor Factory certamente é capaz de emocionar em diversos momentos, mas ao menos para mim, após perceber tudo que estava acontecendo o tempo todo, senti uma ligação um pouco menor com a história do protagonista.
Olhando para o passado, foi algo extremamente tocante descobrir o motivo de Johnny querer ir para a lua em To the Moon, ou mesmo compreender quais motivos levaram Colin a decidir pelo final que vimos em Finding Paradise. Neste game, ao menos para mim faltou um momento um pouco mais marcante na reta final, mesmo com todas as reviravoltas que você descobre nas sequências finais.
Devo frisar uma coisa: sim, os três games ainda lidam com as questões de memórias e projetos de vida perfeitos, mas as abordagens são totalmente distintas. A rede está repleta de opiniões dizendo que o final de Impostor Factory foi marcante e fez chorar, enquanto outras pessoas acharam apenas “ok”, mas ainda assim bom (inclusive para o desenrolar da franquia) – e eu me enquadro no segundo grupo.
Como nos games anteriores, talvez a sua história de vida possa pesar um pouco mais a balança no que diz respeito a chorar ou não. Porém, você certamente não ficará indiferente ao concluir essa aventura, especialmente depois de conferir o que acontece após os créditos.
(Fonte: Douglas Vieira/Voxel)
Vale a pena?
Como todos os trabalhos de Kan Gao, Impostor Factory em algum momento o fará refletir sobre a sua vida ou relembrar um momento passado. Porém, não espere a mesma carga de emoção vista em To the Moon ou Findig Paradise.