Kena Bridge of Spirits é uma jornada deliciosamente retrô
Tecmundo
Os leitores mais velhos e nostálgicos devem lembrar com bastante carinho das gerações 32 a 128 bits, quando os jogos de aventura, ação e plataforma 3D eram lotados de personagens carismáticos e coletáveis para pegar em um mapa repleto de áreas diferentonas espalhadas por uma jornada curtinha e agradável de zerar.
Apesar de ser um jogo lançado no finzinho de 2021 e de contar com gráficos incríveis e modernos, Kena: Bridge of Spirits parece uma relíquia saída diretamente da biblioteca do Nintendo 64 ou PlayStation 2, e digo isso como o maior elogio possível, já que essas foram algumas das minhas gerações favoritas de consoles!
Nostálgico sem ser datado, deliciosamente retrô e cheio de momentos instigantes, Kena acabou sendo uma das melhores surpresas de 2021 para mim. Quer entender melhor os motivos? Então leia o review completo a seguir!
Um temperinho de Nintendo
Kena: Bridge of Spirits foi desenvolvido pelo estúdio EmberLab, que você talvez conheça pelo seu incrível trabalho no curta animado Terrible Fate, inspirado no universo de The Legend of Zelda: Majora’s Mask. Apesar de Kena estar apenas nos consoles PlayStation e PC por enquanto, é notável o quanto o time realmente se inspirou nesse clássico da Nintendo!
Não só porque máscaras também são um elemento bem presente na narrativa de Kena, mas especialmente porque o seu mundinho tem um monte de "nintendices". Durante a saga da guia espiritual que dá nome ao jogo, a nossa jovem heroína precisa coletar várias criaturinhas chamadas de Rot.
Volta e meia eles estão escondidos em pequenos puzzles ambientais, como atrás de pedras, ou quem sabe em locais altos que você acessa empurrando uma caixa, e até mesmo cumprindo pequenos desafios de habilidade.
Ao longo das diferentes áreas você vai pegar dezenas de Rots, que passam a seguir a protagonista por aí como se fossem o seu próprio exército de Pikmin. Longe de serem só fofurinhas ambulantes, eles exercem um papel crucial durante os combates ilusoriamente simples do game. Confira o combate em ação:
À primeira vista, as lutas de Kena parecem apenas uma questão de alternar entre ataques fortes e fracos com o seu bastão, mas não demora mais que duas horas até as nuances começarem a se destacar.
Não só pela heroína ganhar novas armas, como bombas e um arco e flecha para desferir ataques á distância, mas especialmente porque dominar os Rot é o que vai ditar o seu sucesso ou fracasso. O tempo todo você precisa controlar um medidor de coragem no canto inferior da tela, e aí preenchê-lo desferindo golpes nos rivais.
Pequenos aliados
Usar o medidor vai motivar os rots a te ajudarem de várias formas, e você precisa escolher bem o melhor uso dos bichinhos. Eles podem, por exemplo, consumir uma barra de coragem em troca de colher uma planta que recupera a sua vida. Também dá para mandar os Rot para cima de um monstro e então paralisá-lo por alguns segundos, como nessa luta com chefão:
Como os inimigos possuem diferentes fraquezas e padrões de ataque, o combate fica bem divertido e você vai quebrar a cabeça e testar um pouco os seus reflexos até na dificuldade normal, o que acaba sendo uma grata surpresa nesses tempos em que os videogames andam fáceis demais.
Além dos combates carregarem a diversão por si só, Kena Bridge of Spirits também possui uma boa dose de enigmas instigantes aqui e ali. O jogo não chega a pesar demais a mão nisso e eles estão bem espaçados, mas quase sempre é divertido tentar entender a lógica dos puzzles ambientais.
Às vezes você precisa pisar em botões para erguer plataformas, outras vezes é necessário procurar por pistas e trilhas, mas os que mais me divertiram foram aqueles em que eu tinha que olhar ao redor para descobrir a ordem certa para interagir com os objetos na combinação exata. Aqui está um dos melhores puzzles da campanha:
Há vários portais de viagem rápida espalhados entre as áreas que você explora, então dificilmente o backtracking vira um fardo grande demais. O mapa é didático o bastante para evitar que você fique andando em círculos também, então Kena, apesar de ter uma campanha bem curtinha, ao menos não abusa da sua estadia esticando artificialmente o tempo de jogo.
Coletáveis esticam uma jornada curtinha
Em pouco menos de 10 horas você deve chegar ao final da campanha, mas ainda dá para tirar algumas horas extra de diversão caçando todos os colecionáveis. Não são os desafios mais inspiradores do século, mas existe um charminho em pegar novos chapéus para customizar os seus Rot.
Outra atividade legalzinha é interagir com objetos caídos pelo mapa e então fazer reparos neles os empurrando até o local certo em troca de bom karma. Esse karma serve para você upar uma árvore de habilidades bem simples, mas que traz recompensas essenciais para não penar tanto contra os chefões, como um foco no arco e flecha para desacelerar o tempo, ou um ataque físico carregado mais letal.
De novo, nada disso é particularmente profundo ou minimamente diferente de coisas que já vimos em outros jogos, mas nesses tempos em que temos tantos blockbusters grandiloquentes com quase uma centena de horas de gameplay, às vezes é bom relaxar com uma aventurinha 3D meio despretensiosa, certo?
Vale a pena jogar?
Com gráficos muito charmosos, modelos de personagem que parecem saídos diretamente de um longa animado da Pixar, e uma trilha sonora imersiva e gostosinha de ouvir, Kena é uma ótima distração para quem sente saudades dos videogames de antigamente, com tudo de bom e ruim que aquela época trazia.
Quem não viveu essa época talvez estranhe alguns vícios de design ou até mesmo a dificuldade um pouco mais alta que o habitual, mas se você adorava explorar a locadora da sua cidade em busca de uma boa aventura para o seu PlayStation 2 ou Nintendo 64, Kena acaba sendo uma deliciosa viagem no tempo!
Nota Voxel: 91