Nova greve dos caminhoneiros pode impactar a Black Friday?
Tecmundo
Várias entidades representativas dos caminhoneiros anunciaram, no último final de semana, terem entrado em um estado de greve. A categoria reivindica ações do governo federal para aliviar a dificuldade que os trabalhadores têm vivido e ameaçam até mesmo paralisar o país a partir de 1° de novembro.
Os motoristas de caminhões querem, por exemplo, que a classe seja integrada à aposentadoria especial e uma alteração na política de preços da Petrobras, já que o aumento no valor dos combustíveis tem dificultado a atuação dos profissionais.
Apesar de estarem subindo o tom, de acordo com o Estadão, o governo federal enxerga que o movimento não deve prosperar, uma vez que, durantes várias vezes, os caminhoneiros tentaram realizar uma grande greve nacional e não tiveram sucesso.
O documento com as reivindicações dos trabalhadores que será entregue ao governo foi assinado pela Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
E se a greve acontecer?
Mesmo com a possibilidade de o movimento não prosperar, os caminhoneiros sustentam que esta é a primeira vez desde 2018 que as três entidades representativas estão juntas com um mesmo propósito. Portanto, uma das dúvidas que fica é: qual o impacto da possível greve em relação ao e-commerce?
Marco Beczkowski, que é diretor de Vendas e CS da Manhattan Associates Brasil, explicou ao TecMundo quais as perspectivas do comércio eletrônico caso as ações prosperem. O especialista argumentou que os efeitos da greve dos caminhoneiros seriam inevitáveis para todas as camadas e segmentos. Apesar disso, ele faz uma ressalva.
“Cada vez mais vemos varejistas, especialmente os grandes, internalizaram muito da entrega da última milha nos grandes centros urbanos", explica. "Ninguém estará totalmente blindado, mas vejo um movimento destes afetando mais o abastecimento dos centros de distribuição e lojas do que a última milha do digital.”
Beczkowski defendeu que acredita que a hipotética greve afetaria menos a entrega do pós-venda porque as empresas já se prepararam anteriormente para cenários complicados como este que pode acontecer a partir de 1° de novembro.
Ele faz questão de ressaltar, porém, uma exceção. Caso as lojas estejam empregando estratégias de venda de estoque futuro (venda de itens que nem chegaram nas redes ainda), elas poderão realmente ser afetadas pela crise, dependendo de quanto durar a paralisação.
E a Black Friday?
A expectativa para a Black Friday 2021, que será realizada em 26 de novembro, é bastante grande. O período de vendas poderia ser afetado em um cenário onde a greve dos caminhoneiros prosperou bastante, como aconteceu em 2018?
Na época, os trabalhadores ficaram parados por 9 dias e chegaram a bloquear rodovias em mais de 20 estados do país. Na época, o movimento chegou a causar falta de insumos e postos de gasolina chegaram a ter filas que duravam horas para abastecer.
“O maior desafio logístico do varejo para Black Friday é estar bem abastecido com os produtos e quantidades corretas (processo que ocorre durante meses antes da BF) e conseguir escoar os pedidos em um curtíssimo tempo, imediatamente após a data", explica Beczkowski. "Acredito que pela distância da data não chegue a afetar muito, mas isso depende da profundidade, abrangência e da resposta do governo à potencial greve.”
Por último, o especialista disse que o comércio pela internet está madura o suficiente no Brasil e que mesmo estratégias como a venda de estoque futuro não são práticas comuns no mercado, o que deve deixar consumidores e empresários mais tranquilos.