O que é e como funciona o armazenamento de dados em DNA?
Tecmundo
Se você se lembra das aulas de genética do ensino médio, deve recordar que o Ácido Desoxirribonucleico (DNA) é um manual de instruções, guardando uma receita codificada para cada um dos seres vivos. Composto por uma dupla hélice, formada por quatro bases que se correlacionam, esse armazenamento em DNA é uma ferramenta biológica para nossa existência e sobrevivência.
Na sopa de letrinhas do DNA, a adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T), se correlacionam formando trincas, chamadas de códons. Cada um desses códons guardas as informações genéticas para gerar um tipo de aminoácido, que pela sua união geram proteínas, e assim sucessivamente até termos um ser vivo em funcionamento.
São quatro as bases do DNA
De forma bastante análoga, os computadores funcionam através de um código, que chamamos de binário. Em sequencias de 0 e 1, as informações são codificadas, armazenadas e depois passam por um processo de leitura, para que você veja a tela desse jeitinho que te permite compreender os símbolos presentes nela.
Mas nesse sistema de armazenamento digital, as informações são gravadas em discos rígidos que têm baixa durabilidade e ocupam espaços muito grandes. O que dificulta a manutenção dessas informações. Mas e se fosse possível codificar informações digitais em fitas de DNA? Elas são duráveis, microscópicas e de fácil manutenção.
É possível guardar dados digitais em DNA?
Pensando nessas vantagens, uma colaboração entre pesquisadores do Los Alamos National Laboratory, desenvolveu uma tecnologia capaz de realizar o armazenamento e a leitura de dados em DNA. O Software chamado de Adaptive DNA Storage Codex (ADS Codex) é responsável por traduzir as sequências formadas pelas quatro bases de DNA, em código binário, para que os computadores sejam capazes de ler as informações, e vice-versa, indicando como os códigos binários podem ser transcritos em sequências de quatro letras.
As fitas de DNA são preparadas pelos próprios pesquisadores, formando as sequências de bases A, G, T, C desejadas com os dados a serem armazenados. Essas informações passarão por um processo de gravação e depois de leitura. Mas ainda há alguns entraves para que essa tecnologia seja completamente viável.
Cientistas encontraram uma forma de armazenar dados digitais em DNA
O tempo para “montagem” das fitas de DNA e processo de leitura ainda são muito demorados. Estima-se que para escrever um único arquivo, levaria anos! Outro problema é a ocorrência de erros durante a gravação dos dados. Ao contrário da forma atual, em que podemos verificar onde o erro ocorreu e corrigi-lo de forma rápida e simples, no sequenciamento de DNA o processo é mais difícil, sendo que todo o sequenciamento deve ser alterado, e a localização exata de onde ocorreu o erro é mais trabalhosa de ser identificada.
Mas os pesquisadores continuam na corrida por essa tecnologia que pode revolucionar a forma como pensamos e fazemos o armazenamento dos dados. No armazenamento em DNA, de acordo com os cientistas, bancos de dados enormes como o do Facebook, por exemplo, caberiam em metade de uma semente de papoula. Além do ganho em espaço, a manutenção desses dados é mais barata, gasta menos energia e é mais duradoura.
Basta aguardar para que a tecnologia e os novos métodos sejam eficazes o suficiente para que as gravações possam ser feitas de maneira mais assertiva, com a rápida identificação e correção dos erros, assim como para que o processamento de leitura seja mais rápido. Com isso teremos diversos ganhos, principalmente com relação ao armazenamento mais durável de informações e menor custo para sua manutenção.