Pix poderá ser usado em apps de mensagem e compras já em setembro
Tecmundo
O Pix, paixão nacional para pagamentos online, acaba de bater um novo recorde: de acordo com o Banco Central, o sistema registrou 40 milhões de transações em um único dia. No entanto, apenas 3% das compras online são finalizadas com ele.
Esse ainda é um recurso pouco utilizado para realizar compras — muito por conta das “idas e voltas” necessárias para concluir uma operação. Hoje, é preciso cumprir, em média, sete etapas entre sair do aplicativo da loja, entrar no app do banco, copiar e colar o QR Code para concluir o pagamento.
Mas isso está prestes a mudar. Em julho, o Banco Central publicou uma resolução para criar a figura do “iniciador de pagamentos” do Pix, que funciona como um intermediador de uma transação entre duas partes, diferente de um banco ou fintech, nos quais o usuário precisa ter uma conta transacional. E esses iniciadores vão de ferramentas como WhatsApp, passando por redes sociais, até e-commerce.
O Pix promete ser uma ótima alternativa para os boletos, que são mais caros, trabalhosos e muito mais suscetíveis a fraudes.
Capitalizar e socializar
Hoje, se você estiver conversando com um amigo em um aplicativo de mensagens e quiser enviar um Pix para ele, tem que sair do chat; entrar no aplicativo do banco; inserir sua senha; procurar a funcionalidade Pix; inserir a chave do seu amigo; fazer a autenticação; confirmar a transação e voltar para o app de conversas para compartilhar o comprovante.
Agora, se o WhatsApp, Telegram, Instagram (ou qualquer outra rede social) decidir aderir ao Pix, ele fará esse meio-campo entre as duas contas. Assim, você poderá iniciar um pagamento via Pix sem precisar abrir o app do seu banco. Resumidamente, você só terá que fazer a autenticação na plataforma da instituição bancária via direcionamento automático dentro da tela do aplicativo de mensagens e confirmar a transação, eliminando as demais ações. Além da comodidade, é muito mais segurança para você.
E embora eu não tenha uma bola de cristal, acredito que todos os grandes aplicativos de mensagens e redes sociais adotem o modelo em breve. Basta lembrar que o WeChat praticamente acabou com o dinheiro físico na China. De acordo com a consultoria Analysis, o aplicativo de conversas tem uma fatia de 39% do valor do mercado de pagamentos por aparelhos móveis no país, atrás apenas do Alipay, pertencente à gigante Alibaba, que tem 54% de participação. Atualmente, os métodos de pagamento via apps representam mais da metade das transações realizadas sem dinheiro vivo no varejo do país.
Partiu shopping online!
Já nos comércios eletrônicos, a vida do consumidor deve ficar mais fácil: a ideia é que os próprios e-commerce se tornem um iniciador de pagamentos e façam a intermediação entre a instituição em que o cliente tem conta e a conta do comerciante. E aí, em vez das sete etapas que citei no início do artigo, serão necessários apenas três passos para finalizar uma transação.
No momento de pagar por uma compra, o usuário que escolher pagar via Pix autoriza o comércio a iniciar o pagamento automaticamente com a instituição financeira cadastrada e é redirecionado para uma tela para efetuar a autenticação e confirmação da transação.
Uma das principais empresas de varejo online do mundo (que recentemente mandou seu fundador para o espaço, literalmente) já tinha uma funcionalidade da “compra-num-só-clique”. Com o Pix, essa tecnologia estará muito mais próxima de milhares de estabelecimentos comerciais.
E “cruzem os dedos” porque a mesma dinâmica poderá ser replicada em aplicativos de delivery e transporte, por exemplo, em breve.
Então, bora abrir a carteira, ou melhor, os aplicativos?
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Paulo David é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores; e é sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer-to-peer do Brasil, que foi adquirida pela PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa. Atuou na equipe do Pinheiro Neto Advogados, e na equipe da gestora de investimentos KPTL (antiga Inseed Investimentos). É investidor-anjo em fintechs no Brasil e na Europa.