Político culpa ‘críticas à masculinidade’ por aumento de homens jogando
Tecmundo
Um senador do Partido Republicado do Estado do Missouri compartilhou, no último final de semana, uma teoria no mínimo curiosa. Ele disse que o aumento no número de jogadores homens de video games tem como uma das explicações "às críticas à masculinidade”.
“A responsabilidade é um dos maiores presentes de Deus para a humanidade e os homens devem ser responsabilizados por suas ações. Ainda assim, podemos nos surpreender que depois de anos ouvindo que eles [homens] são o problema, que sua masculinidade é o problema, mais e mais homens estão indo para o enclave da ociosidade, da pornografia e dos videogames?”, questionou Josh Hawley durante uma conferência conversadora.
O político defendeu também que a masculinidade estaria sob ataque da “esquerda” e de “feministas”, e que dentre os resultados destes ataques estariam o crescimento do número de horas que principalmente homens gastam com jogos eletrônicos.
Ainda de acordo com ele, a popularidade dos games tem feito com que o número de casamentos diminua e que o desemprego aumente, já que muitos jovens estariam preferindo ficar jogando do que arrumar um emprego.
Jogos como "culpados"
Esta não é a primeira vez, na verdade, que políticos tentam fazer correlações estranhas entre fenômenos sociais complexos. Ben Sasse, senador do Partido Republicado do Estado de Nebraska, lançou um livro em 2017 que culpava os videogames pela diminuição do número de homens no mercado de trabalho.
“Espantosos 5 milhões de americanos - mais do que as populações combinadas de Nebraska, Dakota do Sul, Dakota do Norte, Wyoming e Montana - consomem 45 horas de videogames por semana”, escreveu o político em um trecho.
Até existem estudos que relacionam a diminuição de horas trabalhadas e o aumento de horas gastas com jogos eletrônicos durante os últimos anos, mas nenhum deles aponta o “combate à masculinidade” ou a "falta de religião" como causa.
Uma pesquisa da Universidade de Yale, por exemplo, indica que homens jovens diminuíram as horas trabalhadas por causa de fatores como a recessão econômica, salários ruins e o próprio aumento do tempo de lazer que as pessoas possuem (comparado às décadas passadas).
E a vontade de fazer discussões pouco embasadas pela ciência não é exclusividade dos republicanos nos Estados Unidos. Em fevereiro deste ano, o político democrata Marcus C. Evans Jr., do Estado de Illinois, propôs um projeto para banir a venda de jogos violentos como Grand Theft Auto. Sem citar nenhum estudo e fazendo uma correlação sem causalidade, ele defendeu que títulos violentos estavam contribuindo para o aumento do caso de roubos de carro na região.