Quais são os impactos do metaverso na forma de fazermos marketing digital?
Tecmundo
O futuro chegou. Desde que o metaverso foi anunciado como não apenas uma possibilidade, mas um projeto real, tornou-se um fato que a realidade virtual e aumentada está apenas a alguns passos de ser o nosso próximo “normal”. Enquanto a novidade ganha forma, e sabendo que ainda levará algum tempo para que a maior parte da população tenha acesso a ela, podemos começar a nos planejar.
Vale lembrar que, na apresentação sobre o metaverso e toda a mudança de marca realizada pelo Facebook, Mark Zuckerberg estimou que o metaverso já terá alcance massivo entre cinco e dez anos. Para grandes marcas, o preparo já começou — afinal, existem “pílulas” do Meta já em distribuição, pequenas experiências híbridas que preparam as pessoas para o que virá a seguir.
Alguns exemplos são os jogos Roblox e Fortnite, que já possuem eventos próprios dentro de seus universos, inclusive com artistas de verdade realmente se apresentando em shows para milhões de usuários. Também temos o exemplo da Nike, que solicitou uma série de patentes para o uso da marca no mundo digital, garantindo seus direitos de reprodução de imagem virtualmente.
Ok, e abrindo o leque, o que deve-se esperar do marketing de forma geral no metaverso?
Em primeiro lugar, é preciso compreender que estamos falando de uma nova realidade em diversas esferas. Pensamos logo no âmbito social, porque é o que conhecemos mais profundamente na internet: redes sociais e espaços para interação. Mas o metaverso vai além, sendo também um ambiente para trabalho, para experiências variadas e para compras.
Produtos poderão existir apenas dentro do metaverso e ainda assim serem adquiridos por moedas físicas (ainda que as criptomoedas certamente sejam importantes de serem acompanhadas). Quer uma prova? A Mars House, uma casa inteiramente digital, foi vendida no ano passado por 288 Ethers, uma criptomoeda com custo equivalente a mais de 500 mil dólares.
Tendo em mente o nível a que pode, e provavelmente vai, chegar o metaverso, podemos começar a esboçar as possibilidades do marketing digital nesse cenário. Começando por Social Commerce, cujo exemplo da Mars House já explica bem.
As vendas por redes sociais já são uma realidade relevante atualmente, com potencial para seguir crescendo cada vez mais. Facebook e Instagram já são marketplaces próprios, com milhões de lojas espalhadas entre os perfis comerciais, e nem é mais necessário sair da plataforma para realizar a compra. No metaverso, a ideia será a mesma: o usuário poderá descobrir o produto, experimentar e adquirir, tudo no mesmo local virtual.
Isso nos leva a uma das grandes oportunidades desse futuro, que é a experimentação em espaços. Já vemos, hoje em dia, como eventos presenciais fazem com que o público se conecte mais, aprecie o momento, interaja e se interesse pelo que está sendo oferecido. No metaverso, eventos assim poderão ser replicados, mas sem todas as limitações da vida real, como tamanho, capacidade, meios de transporte, entre outros.
Outro ponto que surge com todas essas alternativas é o foco nas emoções. O estímulo aos sentidos possui um grande papel nas emoções dos consumidores, e, até o momento, ele só existe presencialmente. Com a realidade virtual, as emulações desses sentidos permitem uma experiência que dão a sensação de estar presente. A interação entre avatares — cliente e vendedor, por exemplo — e a capacidade de vivenciar o espaço vão levar ao digital os sentimentos positivos que influenciam nas compras. Não será mais uma mera vitrine de produtos e uma comparação de preços, mas sim um momento em que as pessoas podem agir seguindo o que sentem.
Essas são as primeiras perspectivas sobre o marketing no metaverso, mas muitas outras podem surgir nos próximos anos. É hora de ficarmos atentos e usarmos a criatividade para não perder nenhuma das inúmeras possibilidades que esse novo universo oferece.
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André Palis, colunista do TecMundo, trabalhava no Google antes de empreender. Fundou a Raccoon em 2013, em São Carlos, importante polo de tecnologia do Estado de São Paulo, e em 8 anos adquiriu a carteira de grandes players do mercado, como Vivara, Natura, Leroy Merlin e Nubank. Em 2013, notou um gap no mercado digital, pediu demissão da Google e, ao lado de Marco Túlio Kehdi, fundou a Raccoon, uma agência full service que atua como parceira estratégica em toda a cadeia digital. Em 2021, a Raccoon passou por um processo de fusão e agora faz parte da holding global S4 Capital e em 2022 alterou seu nome para Raccoon.Monks