Telegram: Alemanha pode banir app por fake news e discurso de ódio
Tecmundo
A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, disse em entrevista nesta quarta-feira (12) que o país não descarta banir o Telegram. A política disse que a opção está sendo estudada por causa das fake news e do discurso de ódio que são espalhados pelo aplicativo, que não tem políticas claras para remover estes conteúdos.
"Não podemos descartar isso [banir o aplicativo]", defendeu a ministra em entrevista ao site local Die Zeit. "O encerramento seria grave e claramente um último recurso. Todas as outras opções devem ser esgotadas primeiro”, salientou.
Faeser comentou que as discussões acerca do software e de outras ferramentas que espalham desinformação e crimes estão sendo feitas em conjunto com a União Europeia.
Nancy Faeser está ligada ao Partido Social-Democrata da Alemanha (Foto: Julia Steinigeweg/Die Zeit)
A representante afirmou que combater canais que permitem a distribuição de ofensas a minorias e informações falsas, principalmente sobre saúde pública, é um dos seus principais objetivos, já que ela tomou posse recentemente.
Ao longo da entrevista, a representante foi questionada sobre como manter a liberdade do povo alemão. Ela argumentou que nenhum direito fundamental está sendo retirado. “É sempre difícil equilibrar liberdade e segurança e é claro que existem ameaças. Mas, apesar de tudo, vivemos com segurança neste país e os direitos de liberdade não estão fundamentalmente em questão”, pontuou.
A ministra respondeu a questão sobre liberdade se referindo ao tópico vacina. Faeser defende a vacinação obrigatória, já que segundo ela, parte do povo não se conscientizou mesmo com os pedidos do governo. Ela afirmou que aos poucos as restrições estão terminando e que os alemães estão “recuperando a liberdade o mais rápido possível”. “Ninguém está sendo intimidado, todas as medidas visam cuidar de idosos e pessoas com doenças pré-existentes. Proteger é o nosso objetivo”.
Telegram no alvo
Desde o seu lançamento, o Telegram é alvo de políticos e entidades de direitos humanos. A acusação dos detratores do app é que a criptografia dificulta a identificação dos usuários que utilizam a plataforma para repassar conteúdo criminoso e notícias falsas.
A ferramenta já foi, inclusive, banida em países como a China, Irã e Rússia. Neste último, ele foi liberado depois de dois anos de banimento, depois que os donos do app aceitaram contribuir com a divulgação de dados de pessoas suspeitas de cometerem crimes utilizando o software.
No Brasil, uma reportagem do jornal O Globo revelou que o “submundo” do aplicativo conta com uma livre disseminação de conteúdos nazistas, racistas, antissemitas e de informações falsas sobre vacinas; vídeos e imagens de pornografia infantil, abuso sexual, tortura e execução, bem como compra e vendas de armas, drogas, filmes piratas, remédios abortivos e dinheiro falso.