TikTok: brasileiros trabalharam 18h diárias por menos de um salário
Tecmundo
Ex-funcionários informais do TikTok denunciaram a plataforma por serviços terceirizados prestados para a ByteDance — empresa chinesa dona do TikTok. Em entrevista para o site The Intercept, foi dito que as contratações eram realizadas através do WhatsApp, sem qualquer garantia com a empresa, e que os funcionários eram submetidos a cargas horárias extensas, baixa remuneração e muita pressão para cumprir as metas.
Os contratados deveriam transcrever vídeos publicados na rede social, visando alimentar a inteligência artificial da ByteDance. Mesmo utilizando ferramentas que possuíssem o nome da empresa, eles nunca tiveram um vínculo empregatício. Cada transcrição, que também era chamada de “task”, despendia em média um minuto para ser realizada.
Terceirizados reclamam de pressão para entregar as "tasks" (Fonte: The Intercept/Reprodução)
Segundo um ex-funcionário, o que seria “dinheiro rápido” virou um pesadelo. O pagamento não era realizado por horas trabalhadas e sim por hora transcrita — isto é, o conjunto de vídeos de poucos segundos que seriam transcritos, deveria somar uma hora. Para atingir a meta de 14 dólares por hora transcrita, era necessário trabalhar cerca de 20 horas diárias, sem intervalos.
O funcionário que teve o melhor desempenho entregou 5,16 horas transcritas — cerca de 100 horas trabalhadas no mês — e recebeu somente R$ 400. Os bônus prometidos nunca foram repassados e alguns contratados sequer foram pagos, o que motivou a denúncia no Ministério Público do Trabalho de São Paulo, em setembro de 2021.
A denúncia seguiu para a Gerência Regional do Trabalho e Emprego, vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência. O The Intercept tentou contato com o TikTok, mas até o momento, a empresa não se pronunciou sobre o caso.