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O futuro é humano: como as Soft Skills farão a diferença?
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O futuro é humano: como as Soft Skills farão a diferença?

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Anamaria
23/11/2024 11h05
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À medida que a inteligência artificial (IA) se torna parte integrante das mais diversas áreas profissionais, o que vai diferenciar os jovens no mercado de trabalho e na vida social? As máquinas aprenderão a processar dados, realizar tarefas repetitivas e até tomar decisões complexas, mas há algo que a tecnologia não pode replicar: o toque humano. Habilidades como empatia, comunicação, criatividade e resiliência – as chamadas soft skills – se tornarão a verdadeira vantagem competitiva em um cenário em que a automação dominará os processos técnicos. Não se trata apenas de preparar crianças e adolescentes para futuras carreiras, mas de garantir que eles desenvolvam competências essenciais para navegar em um mundo cada vez mais automatizado, sem perder a capacidade de criar, colaborar e se conectar. Num futuro de IA, ser humano será a maior diferença.

Segundo uma pesquisa da Fundação Wadhwani, realizada em 2024, 84% dos empregadores brasileiros consideram a comunicação uma habilidade essencial em candidatos a emprego. Além disso, 44% destacaram a resiliência como uma competência crucial. Já o artigo "Conectando soft skills ao processo pedagógico: desafios e tendências na educação do século XXI", de Felício Julio de Azevedo Hungria e Renata Victor, enfatiza a importância de integrar habilidades como comunicação, inteligência emocional, criatividade e resolução de conflitos no currículo educacional. Entretanto, mesmo sendo um tema essencial para a vida adulta, normalmente não se fala sobre isso quando as criancas e adolescentes estão ainda na escola.

Por isso, a matéria dessa semana, vamos abordar o assunto para que nossos filhos possam ter um futuro profissional mais promissor, já que se desenha um mercado de trabalho muito diferente do que conhecemos hoje.

O que são, afinal, soft skills?

As soft skills são competências comportamentais e emocionais que influenciam diretamente a maneira como interagimos com os outros e enfrentamos diversas situações. Para crianças e adolescentes, o desenvolvimento dessas habilidades é crucial não apenas para futuras carreiras, mas também para a vida social e a saúde mental.

A seguir, entenda quais softskills são especialmente importantes para esse público e como elas podem ajudar a vida deles no futuro:

1. Comunicação eficaz: A capacidade de expressar ideias claramente e ouvir ativamente é fundamental para relacionamentos saudáveis e sucesso acadêmico. Estudos indicam que a comunicação é considerada essencial por 84% dos empregadores no Brasil; 

2. Inteligência emocional: Compreender e gerenciar as próprias emoções e as dos outros ajuda na resolução de conflitos e na construção de relacionamentos empáticos. Essa habilidade é vital para o bem-estar emocional e social;

3. Resiliência: A capacidade de se recuperar de adversidades é essencial para enfrentar desafios acadêmicos e pessoais. Pesquisas apontam que a Geração Z apresenta pontuações mais baixas em resiliência, destacando a necessidade de desenvolver essa competência;  

4. Pensamento crítico e criativo: Analisar situações de forma crítica e propor soluções inovadoras são habilidades que promovem a autonomia e a resolução eficaz de problemas;

5. Trabalho em equipe: Colaborar com outros, respeitando diferenças e contribuindo para objetivos comuns, é essencial tanto na vida acadêmica quanto na social.

Aprendendo no dia a dia

A gente sabe: toda teoria, para ser validada, precisa ser praticada. Mas como aplicar essas softskills no dia a dia?

Apresentar o mundo do teatro às crianças pode parecer até um recorte no tempo, já que vivemos uma era cada vez mais tecnológica e acelerada. Mas no Colégio Marista Anjo da Guarda, os estudantes sobem ao palco e também organizam os bastidores, por trás da cortina. Os benefícios são muitos e incluem desenvolver o trabalho em equipe, empatia, aprendizagem significativa, baseada em situações reais, espírito crítico e muita criatividade. O Festival de Teatro, que acontece há 25 anos, é um celeiro de talentos em que crianças e jovens desenvolvem um olhar apurado para a cultura. De acordo com a coordenadora de Português Luci Serricchio, “mais do que simples apresentações de peças, esse evento representa um verdadeiro mergulho no universo da linguagem”. Para ela, o teatro ensina a importância de cultivar a sensibilidade, a criatividade e o senso de comunidade. “O teatro não apenas entretém, mas também educa, transforma e inspira.

Entre as habilidades exercitadas ao se fazer teatro, a preparação nos bastidores pode ser considerada um verdadeiro laboratório de conhecimento. Desde a escolha do texto até a montagem do cenário, os alunos são instigados a explorar diferentes áreas do saber. A leitura e análise dos textos teatrais estimulam a compreensão textual e a interpretação, enquanto as discussões em grupo aprimoram a capacidade de argumentação e o trabalho em equipe. Os alunos não apenas atuam, mas também se envolvem ativamente na produção de cada detalhe da apresentação. A elaboração do cenário, a seleção do figurino, a criação de textos de publicidade e convites são oportunidades para desenvolverem habilidades artísticas, criativas e comunicativas. Já os alunos que são espectadores têm a oportunidade de refletir e expressar suas opiniões. Discussões, desenhos e críticas são formas de ampliar a percepção sobre as diferentes linguagens artísticas e estimular o pensamento crítico. Ou seja, ao vivenciarem a arte em sua forma mais pura, os alunos descobrem novas paixões, exploram talentos ocultos e fortalecem laços de amizade.

Outra forma de aplicar soft skills no dia a dia é por meio do bilinguismo. Em um mundo onde as barreiras linguísticas desaparecem diante da crescente interconexão global, o bilinguismo não é apenas sobre falar duas línguas, mas sim sobre desbloquear um conjunto diversificado de habilidades emocionais e sociais. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ayrton Senna, realizada em colaboração com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2023, com estudantes de Sobral, no Ceará, as competências socioemocionais afetam diretamente o desempenho dos estudantes na escola, além de impactar também no bem-estar e progresso pessoal. “Um dos maiores benefícios do bilinguismo na infância reside na capacidade aprimorada de resolver problemas. Conforme mostram os estudos, crianças bilíngues tendem a ser mais habilidosas do que aquelas que falam apenas um idioma”, diz Claudia Peruccini, gerente pedagógica da Red Balloon. Segundo a educadora, isso acontece também porque o aprendizado de uma nova língua amplia habilidades de relacionamento e interação, além de promover a capacidade de pensar de forma mais flexível e criativa. 

Ainda conforme a especialista em educação, a criança bilíngue é capaz de controlar melhor seus impulsos, resolver conflitos e entender perspectivas diferentes, devido à constante alternância entre idiomas e à necessidade de gerenciar sistemas linguísticos diferentes. Além disso, elas apresentam um melhor desempenho ao executar tarefas quando comparadas às monolíngues, devido ao desenvolvimento do autocontrole, da flexibilidade cognitiva e do planejamento. “O bilinguismo tem um impacto substancial na autoestima e autoconfiança de crianças e adolescentes, fornecendo uma sensação de realização pessoal, fortalecimento da identidade cultural, desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas e reconhecimento social de seu desempenho linguístico”, avalia Claudia. “Esses benefícios contribuem para um maior bem-estar emocional e uma maior capacidade de enfrentar os desafios da vida”. 

Na esfera educacional, a disciplina positiva se destaca como uma ferramenta essencial para apoiar o crescimento socioemocional de crianças, inclusive as bilíngues. Baseada no respeito mútuo e na resolução colaborativa de problemas, essa abordagem promove um ambiente de aprendizado acolhedor e estimulante, onde as crianças podem prosperar e desenvolver todo o seu potencial. “Além disso, pode aprimorar a empatia e a sensibilidade cultural, o que facilita a compreensão das emoções e atitudes de colegas e amigos, promovendo assim uma visão de mundo mais inclusiva e diversificada”, conclui Peruccini. 

Direto ao ponto

A escola tem papel fundamental no ensinamento de softskills para crianças e adolescentes. E para elucidar o assunto mais profundamente, conversamos com Márcio Cerbella, psicopedagogo e Diretor da EMECF Educação Empreendedora, empresa que desenvolve projetos de empreendedorismo em escolas; e Mariana Bruno Chaves, pós-graduada em psicopedagogia e especialista em educação na rede Kumon.

Aventuras Maternas - Como a educação atual pode ser adaptada para fortalecer o desenvolvimento de soft skills em crianças e adolescentes, preparando-os para um futuro com ampla presença de inteligência artificial nas carreiras?

Márcio Cerbella - Para adaptar a educação ao desenvolvimento de soft skills e preparar os jovens para um futuro com Inteligência Artificial (IA), é essencial integrar práticas de educação empreendedora que incentivem a autonomia, criatividade e resolução de problemas. Uma proposta é usar metodologias ativas, como projetos multidisciplinares, que envolvem as crianças em desafios do mundo real, aumentando sua resiliência e empatia. A formação empreendedora é fundamental para que os estudantes não só aprendam a executar tarefas, mas também se tornem protagonistas, assumindo o papel de líderes capazes de transformar realidades. Introduzir experiências como jogos e atividades ao ar livre pode estimular o pensamento crítico e a inovação, elementos que serão valorizados em um mercado de trabalho onde a IA pode substituir atividades técnicas, mas não a habilidade humana de inovar.

Mariana Bruno Chaves - A educação precisa equilibrar o aprendizado tradicional com o desenvolvimento de habilidades como comunicação, trabalho em equipe e pensamento criativo. Essas são as chamadas soft skills, que são habilidades que não se aprendem apenas com livros, mas na prática, lidando com pessoas e situações do dia a dia. No Kumon, por exemplo, trabalhamos para que os alunos desenvolvam autonomia e a capacidade de resolver problemas sozinhos. Isso os ajuda a ter confiança e a serem proativos - qualidades essenciais para enfrentar os desafios de um mundo cheio de tecnologia.

Aventuras Maternas - Em um cenário onde a automação assume muitas tarefas técnicas, como você enxerga o papel das soft skills na construção de habilidades socioemocionais e na saúde mental dos jovens?

Márcio Cerbella - Com a automação reduzindo a necessidade de habilidades técnicas, o foco nas soft skills, como empatia e equilíbrio emocional, se torna ainda mais vital. Essas habilidades são fundamentais para que os jovens possam lidar com as exigências emocionais e sociais que surgem com a complexidade do mundo moderno. O equilíbrio emocional é visto como essencial para que os jovens mantenham uma visão positiva de si mesmos e saibam lidar com falhas e desafios. Isso pode ser incentivado por meio de práticas que aumentem a autoestima e a confiança, como autoconhecimento e a habilidade de enfrentar problemas sem medo de errar. Estimular o pensamento crítico e a resiliência também fortalece a saúde mental, fornecendo aos jovens ferramentas para enfrentar frustrações e crises de forma saudável.

Mariana Bruno Chaves - As soft skills vão ser ainda mais importantes em um mundo onde as máquinas fazem o trabalho técnico. Elas ajudam os jovens a se relacionarem bem com outras pessoas e a manterem a calma e o equilíbrio emocional. Saber se comunicar, trabalhar em grupo e se adaptar a mudanças ajuda a enfrentar os altos e baixos da vida com mais tranquilidade. Por aqui, percebemos que a confiança que os alunos ganham ao estudarem de forma independente fazem toda a diferença para que eles cresçam mais seguros e preparados para lidar com desafios.

Aventuras Maternas - Quais estratégias ou práticas pedagógicas podem ser implementadas para garantir que as crianças desenvolvam empatia, criatividade e resiliência, características que serão essenciais no futuro social e profissional, apesar da crescente automação?

Márcio Cerbella - Para desenvolver empatia, criatividade e resiliência, algumas práticas incluem: 

-Educação baseada em projetos: Projetos em equipe ajudam as crianças a praticar empatia, pois exigem compreensão das perspectivas dos colegas, além de promover a resolução conjunta de problemas;

- Atividades de autoconhecimento e diálogo interno: Exercícios que incentivem o autoconhecimento ajudam os alunos a lidar com seus próprios sentimentos e a desenvolver resiliência emocional, sendo capazes de manter o equilíbrio mesmo diante de desafios;

- Dinâmicas e jogos de papel: Usar simulações e atividades de role-playing ajuda a desenvolver a empatia ao colocar os alunos em diferentes papéis sociais, fortalecendo sua capacidade de ver o mundo pelos olhos dos outros;

- Experiências vivenciais ao ar livre: Atividades em ambientes externos podem desafiar as crianças de formas inesperadas, fomentando a resiliência e a criatividade ao lidar com diferentes situações e contextos, aprendendo a adaptar-se e superar obstáculos.

Mariana Bruno Chaves - Podemos incentivar atividades em grupo onde as crianças precisam resolver problemas juntas, projetos que misturem diferentes matérias e exercícios que deixem as crianças expressarem suas ideias e refletirem sobre o que sentem. No Kumon, o aprendizado é pensado para cada aluno, ajudando-os a superar dificuldades e desenvolver uma atitude positiva diante dos desafios. Além disso, é importante incluir brincadeiras e atividades que ensinem a entender o lado dos outros e trabalhar em equipe, para que cresçam sabendo lidar com diferentes situações e pessoas, mesmo em um mundo cheio de automação.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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