Uso da internet por crianças: um alerta para pais e educadores
Anamaria
É consenso entre educadores e famílias que crianças e adolescentes precisam de orientação constante, mas, as mudanças no uso ainda são muito pequenas. Dados recentes do IBGE revelam que, mesmo com o recuo no uso das redes digitais em relação aos anos anteriores, de 84,9% em 2022 para 84,2% em 2023, o número de jovens de 10 a 13 anos conectados ainda é alarmante.
Henrique Nóbrega, CEO e fundador da rede de franquias Ctrl+Play, especializada em inovação e tecnologia, destaca a importância de educar crianças e adolescentes sobre segurança digital. "Ensinar sobre segurança digital é essencial para capacitá-los a navegar de maneira responsável. Ao fornecer habilidades e conhecimentos para proteger sua privacidade e identificar riscos, estamos ajudando a construir uma geração de usuários digitais conscientes", afirma Nóbrega.
O especialista sugere algumas orientações práticas para os pais:
1. Conscientização sobre os Riscos: Explicar os perigos da internet, como cyberbullying, fraudes e exposição a conteúdos impróprios, ajuda os jovens a reconhecer e lidar com situações de risco.
2. Falar de Privacidade: Ajustar as configurações de privacidade nas redes sociais e evitar a divulgação de informações pessoais são práticas fundamentais para proteger a segurança online.
3. Gerenciamento de Senhas: Ensinar sobre a criação de senhas seguras e o uso de autenticação em duas etapas é crucial para a segurança digital das crianças.
4. Diálogo Constante: Manter uma comunicação aberta e regular sobre o uso da internet cria um ambiente de confiança e permite que as crianças compartilhem suas experiências online.
5. Educação Digital: Desenvolver a capacidade crítica para que os jovens discernam entre informações verdadeiras e falsas é essencial para protegê-los da desinformação.
Já o psicólogo Flávio Branco enfatiza como o isolamento causado pelo uso excessivo da internet está impactando o desenvolvimento infantil e enfraquecendo a relação familiar. "As crianças estão cada vez mais isoladas em seus dispositivos, o que as distancia de interações sociais fundamentais para o seu crescimento", afirma Flávio. Segundo ele, o excesso de tempo online pode prejudicar a construção de vínculos afetivos e dificultar a formação de habilidades sociais.
Outro ponto de preocupação são os perigos que as crianças enfrentam nas redes sociais. Um evento realizado no colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo, revelou descobertas alarmantes sobre o impacto do compartilhamento inadequado de informações e o cyberbullying. Durante o bate-papo, as crianças receberam orientações importantes sobre segurança na internet e a necessidade de desenvolver a capacidade crítica para discernir entre informações verdadeiras e falsas. Como destaca a professora Lilian Gramorelli, "as informações são apresentadas de forma atraente, capturando a atenção dos mais jovens e moldando suas percepções de mundo de maneira errônea."
Os educadores chegaram à conclusão de que o uso inadequado das redes pode levar à alienação, e as crianças, entre 10 e 13 anos, correm o risco de trocar a vida social por uma existência virtual. Com o crescimento do número de jovens com celulares, os pais e responsáveis precisam estar atentos aos sinais de isolamento e à falta de engajamento social.
Para mitigar esse efeito, recomenda-se que os pais incentivem uma maior conexão com a natureza, o hábito da leitura e atividades sociais, oferecendo alternativas saudáveis ao uso da internet e das telas. Livros podem ser aliados no desenvolvimento de uma capacidade crítica mais apurada, além de fortalecerem as relações familiares por meio da leitura compartilhada. Trocar momentos de desenvolvimento visual por interações em família, atividades ao ar livre e leitura são práticas essenciais para resgatar uma resposta mais equilibrada, sempre em contato com a natureza.