A saga do satélite 'zumbi' que passou a emitir sons após quatro décadas
Aventuras Na História
Em 2013, Phil Williams, um astrônomo amador de North Cornwall, um distrito não metropolitano do Reino Unido, foi capaz de identificar um curioso sinal de rádio que estava vindo do espaço.
O homem conseguiu rastrear os sons espaciais até a localização de um antigo satélite desativado chamado LES1, que foi lançado pela NASA para fora da atmosfera terrestre ainda em 1967.
Esses equipamentos, vale mencionar, têm uma vida útil entre 15 e 20 anos, de forma que era estranho que aquele equipamento estivesse emitindo ondas sonoras após quase quatro décadas. O acontecimento fica ainda mais curioso quando se leva em conta que o LES1 nunca chegou a ser usado.
Um satélite 'zumbi'
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) é uma renomada universidade dos Estados Unidos. Nos anos 60, pesquisadores do local construíram nove satélites para serem lançados ao espaço pela NASA, como parte de um programa militar. Acabaram nomeados com siglas que incluíam "LES", em referência ao nome "Lincoln Experimental Satellite", seguido de seu número (portanto, LES1, LES2, LES3... até o LES9).
O primeiro deles — que possuía dimensões bem pequenas quando comparadas à dos satélites de hoje em dia — acabou dando defeito durante seu lançamento: uma falha nos equipamentos fez com que acabasse inutilizado muito antes do local pretendido. Outro detalhe é que, no processo, sua comunicação com a Terra também foi cortada.
Assim, os cientistas da época continuaram sua iniciativa utilizando-se dos outros satélites, abandonando essencialmente o LES1, que virou lixo espacial. Décadas depois, porém, a máquina acabou mostrando que não era tão defeituosa quanto se pensava: de alguma forma, ela ainda era hábil de produzir sinais de rádio em 2013.
Vale destacar aqui que, para fazer isso, o satélite necessitava de energia. Conforme repercutido pela revista Exame, suas baterias teriam se desintegrado durante o lançamento fracassado na década de 60, contudo, o LES1 também havia sido equipado com painéis capazes de captar energia solar.
Dessa forma, após analisarem os dados enviados por Phil Williams, os cientistas do MIT chegaram à conclusão que os barulhos produzidos pelo equipamento antigo foram possíveis, pois, a máquina passou a ser alimentada por raios do Sol.
Ainda assim, é surpreendente que seus mecanismos conseguissem realizar tal proeza após tanto tempo, parados na inóspita órbita terrestre — o que certamente atesta a qualidade do satélite.
Os sons produzidos pelo solitário LES1 após quatro décadas de silêncio foram postados no Youtube pelo usuário "py2zx". Na descrição do vídeo, ele informa que a frequência captada é "um pouco abaixo de 237 MHz".