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Avistamento de Calvine: O mistério em volta da melhor foto de OVNI já feita
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Avistamento de Calvine: O mistério em volta da melhor foto de OVNI já feita

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Aventuras Na História
16/02/2025 15h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16464354/original/open-uri20250216-18-1jpi393?1739718239
©Craig Lindsay/Universidade Sheffield Hallam
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Era uma noite como outra qualquer, coberta pela névoa característica do mês de agosto. Dois homens caminhavam pelos pântanos ao redor de Calvine — um vilarejo em Perth e Kinross, na Escócia.

Tudo mudou quando algo surgiu no céu. Uma aeronave em formato de diamante, conforme eles descreveram. O objeto desconhecido não tinha nenhum meio claro de propulsão. Além disso, não havia deixado nenhuma coluna de fumaça. Sem rastros. 

Apesar de sua grandiosidade, aquele corpo estranho era silencioso. Estático. Parecia mais como se estivesse congelado no tempo. Ou se existisse ali apenas para ter sua magnitude admirada — e também temida. 

Com o pavor estampado em suas faces, os dois homens ficaram com o corpo amolecido. Sem forças para enfrentar o que estava diante de seus olhos, caíram no chão e foram rastejando até encontrarem abrigo atrás de uma árvore. 

Foi então que um jato de caça Harrier surgiu à vista. Circulando o diamante voador, a aeronave parecia mais um boxeador estudando seu adversário antes do primeiro contato de sua luva. Enquanto isso, um dos dois homens conseguiu tirar uma série de fotos antes do objeto desconhecido disparar em retirada e desaparecer pelo espaço. 

Em 1990, ano do avistamento, Craig Lindsay era assessor de imprensa da Força Aérea Real (RAF) no Castelo Pitreavie, em Dunfermline — que fica apenas 80 quilômetros do local. 

Ele se recorda de quando jornalistas do Daily Record entraram em contato para saber sobre as fotos enviadas por dois sujeitos que registraram um diamante parado no céu. Os dois haviam contado uma história que deixou os redatores perplexos. O editor de fotos do jornal, Andy Allen, enviou a Lindsay o melhor dos registros feitos. 

Craig jamais havia uma foto tão clara de um suposto Objeto Voador Não-Identificado (OVNI). Então, decidiu repassar a imagem para o Ministério da Defesa, que solicitou ao Daily Record as outras cinco fotos e seus negativos. O Ministério também sugeriu que o assessor ligasse para os dois homens que presenciaram a cena. 

Craig Lindsay ficou ainda mais em choque quando ouviu os detalhes sobre o diamante, o jato, e como o corpo estranho levitava assustadoramente sem som e acelerava sem nenhum propulsor óbvio. O Ministério da Defesa disse para o assessor deixar o caso sob responsabilidade deles e esquecer o que aconteceu. 

A vida seguiu para Craig. Mas, ainda no outono daquele ano, ele compareceu em uma reunião de rotina em Londres, aproveitando seu horário de almoço para visitar o escritório do Ministério da Defesa. Foi quando viu algo familiar: 

Lá, na parede na minha frente, havia uma grande impressão do tamanho de um pôster das melhores delas [as fotografias]", disse ele ao The Guardian.

As outras fotos foram coladas no parapeito de uma janela, mostrando o jato Harrier se movendo do lado direito do quadro para o esquerdo, enquanto o diamante não se mexeu sequer um centímetro.

Ao questionar especialistas que investigavam as fotos, ouviu que não havia evidências de uma farsa. Porém, ninguém soube explicar o que era o diamante. "Nada apareceu na primeira investigação… Presumi que tudo tinha sido simplesmente esquecido". 

O Daily Record nunca publicou a história em suas folhas. Os homens que foram testemunhas oculares do evento jamais falaram publicamente sobre as fotos. E as imagens nunca haviam sido vistas pelo público por mais de 30 anos. Mas tudo mudou. Conheça tudo o que se sabe sobre o avistamento de Calvine!

Mistério nos céus

Na década de 1990, David Clarke, hoje professor da Sheffield Hallam University, começava sua carreira no jornalismo como repórter. Aquela época, seu editor alegou que ele precisava se especializar em alguma área caso quisesse ter sucesso. Clarke estava estudando para se tornar PhD em Folclore e ouviu a sugestão de seu chefe: "Você sabe, tudo que for estranho: OVNIs, fantasmas, PES [percepção extrassensorial], visão remota".

Apesar de ter gostado da ideia, ele só tomou conhecimento do avistamento de Calvine em 1996, quando o ex-funcionário do Ministério da Defesa, Nick Pope, publicou o livro 'Open Skies, Closed Minds', sobre ufologia. 

Na obra, Pope aborda o caso de Calvine como "um dos mais intrigantes nos arquivos do Ministério da Defesa". Segundo alega, o órgão descobriu que as fotos "não eram falsas" e concluiu "objeto inexplicável, caso encerrado, nenhuma ação posterior". 

Clarke leu o livro, mas deixou Calvine de lado por pelo menos uma década. As coisas começaram a mudar em 2009, quando ele trabalhava para curadoria de milhares de documentos sobre OVNIs liberados pelo Arquivo Nacional. 

Entre um dos papéis que analisava, encontrou um desenho fotocopiado de um formato de diamante ao lado de um avião. Junto do esboço havia uma nota destinada aos ministros da defesa no gabinete de Margaret Thatcher

Sob o título "Linhas defensivas a serem tomadas", estava escrito: "Observei as fotografias, nenhuma conclusão definitiva foi tirada sobre um grande objeto em formato de diamante. Estou confiante de que o jato é um Harrier. Não tenho registro de Harriers operando no local na data/hora declaradas. Nenhum outro relatório recebido pelo Ministério da Defesa de atividade incomum na área ou avistamentos no local/data/hora".

Embora tivesse tentado rastrear a fonte da imagem, chegou em um aparente beco sem saída. Clarke decidiu ligar para o Daily Record e falou com o editor de notícias e o editor de imagens, mas ninguém sabia nada sobre Calvine e tampouco encontraram registros das imagens. 

Eu só pensei, na época, que possivelmente a melhor explicação para o Daily Record não ter publicado é porque eles descobriram que era uma farsa ou uma brincadeira", explicou ao The Guardian.

Durante a década seguinte, David Clarke seguiu visitando o Arquivo Nacional em busca de documentos, à medida que eles eram desclassificados. Somente em 2018 encontrou algo que chamasse a atenção: o Ministério da Defesa não havia redigido o nome de um ex-oficial de seu departamento de Inteligência de Defesa. "Se havia um investigador de OVNIs, era ele".

Sem revelar sua identidade, David diz se tratar de um nome incomum: "Eu apenas digitei na internet… e, vejam só, eu estava na página dele no LinkedIn. Em alguns minutos, eu estava falando com ele por telefone".

Na conversa, perguntou se o antigo caçados de OVNIs tinha visto algo "verdadeiramente inexplicável" durante seu tempo no Ministério. Ele prontamente mencionou as fotos que duas pessoas haviam feito em 1990 de um objeto peculiar e enviado a um jornal local. O oficial disse a Clarke que as fotos causaram um rebuliço no ministério e que eles sabiam o que era o objeto: uma nave experimental pertencente aos EUA. Não demorou muito para ele chegar em Lindsay.

 "Estou esperando alguém me ligar sobre isso há 30 anos", disse Craig Lindsay quando atendeu ao telefonema em 2019. O ex-assessor disse que não via a foto de Calvine há décadas, mas depois de vasculhar uma pilha de documentos antigos em sua garagem, encontrou uma cópia escondida em um livro. "Devo ter colocado lá para mantê-la plana e segura e depois esqueci dela".

Craig Lindsay junto de uma das fotos de Calvine - David Clarke

 

A cópia foi entregue a Clark sob duas condições: que ela ficasse nos arquivos da biblioteca de Sheffield Hallam e que se alguma das testemunhas se identificasse, o registro deveria ser devolvido para essa pessoa.  

Colega de David, Andrew Robinson, professor sênior de fotografia em Sheffield Hallam, analisou a imagem e verificou sua autenticidade. O que quer que fosse o diamante, ele disse, era um objeto real em uma fotografia genuína.

Assim, em 2022, David Clarke publicou a imagem e sua história, que se tornaram virais. No entanto, o professor escondeu um detalhe importante do público: no verso da foto de Calvine havia uma nota em tinta vermelha, que dizia: "Copyright Kevin Russell c/o Daily Record GLASGOW".

Clarke verificou com o jornal e nenhum Kevin Russell havia trabalhado lá, seja como funcionário fixo ou freelancer. Além disso, a única pessoa que poderia ajudá-lo, o antigo editor Andy Allen, já havia falecido em 2007.

Clarke omitiu o nome de Russell na esperança de que a história o incitasse a se apresentar, mas ele não aparece. O professor e alguns colegas procuraram em uma lista com mais de 140 Kevin Russell e o mais promissor deles havia sido um porteiro de cozinha que trabalhou naquela região nos anos 1990. Mas ele negou saber de algo. 

O mistério continua

Nick Pope, que trabalhou com casos de OVNI no Ministério da Defesa, de 1991 e 1994, se recorda que tinha um pôster da foto de Calvine em uma parede de seu escritório e que desde então pensa sobre o diamante: "Estou ciente de que o nome Kevin Russell foi citado", corrobora. Mas por qual motivo Russell nunca se apresentou?

Até hoje a identidade do homem (ou dos homens) que tirou as fotos continua um mistério, assim como a verdade por trás do tal diamante. Alguns ufólogos apontam que ela nada se parece com qualquer aeronave terrestre conhecida.

Outros dizem que é evidência da Aurora, uma suposta aeronave de reconhecimento desenvolvida por uma organização clandestina nas forças armadas dos EUA, supostamente responsável por avanços significativos na tecnologia da aviação. Mas há pouca evidência da existência do programa.

Ou quem sabe pode ser uma brincadeira: uma bugiganga de papelão presa em um barbante e pendurada no galho de uma árvore, como alguns céticos alegam. De naves a projetos militares secretos, as teorias da conspiração sobre Calvine não inúmeras. 

Mas algo vai além e torna tudo ainda mais curioso. Afinal, um fato importante é que Endell Laird, ex-editor-geral do Daily Record, em 1990, era membro do Comitê de avisos D do Ministério da Defesa

Os avisos D, conhecidos desde 2015 como avisos DSMA, são emitidos pelo Comitê Consultivo de Mídia de Defesa e Segurança para impedir a publicação de notícias que possam colocar em risco a segurança nacional. Laird teria conspirado com o ministério para suprimir a história? 

Isso é algo que não se sabe, mas Nick Pope reconhece que o órgão impediu a divulgação das fotografias. No ano passado, em entrevista ao documentário The Program, ele reconheceu que se o jornal tivesse publicado a história, o departamento teria furado a bolha. "Portanto, queríamos enterrar isso — e enterramos. Todas as fotografias e todos os negativos foram adquiridos pelo Ministério da Defesa e nunca mais foram vistos".

Segundo Pope, o departamento de OVNIs não estava convencido de que era uma farsa. "O consenso era de que era um objeto sólido e razoavelmente grande".

Outro ponto curioso foi contado por Richard Grieve ao The Program. Ele recorda que trabalhou com as testemunhas de Calvine na cozinha do Fisher's Hotel. A dupla constantemente fazia pausas para fumar cigarro, mas tudo ficou estranho numa noite chuvosa, quando um carro preto entrou no estacionamento. 

Grieve afirmou que dois homens em ternos escuros saíram e gritaram: "O intervalo acabou", enquanto acenavam para os dois trabalhadores. "Eles eram uns malditos fantasmas; eram homens de preto. E ficaram do lado de fora na chuva mijando falando com eles".

Segundo Richard, a dupla, então, voltou para o cozinha parecendo "branca como um fantasma. Algo aconteceu com eles. Eles viram algo. Quem quer que tenha saído do carro os assustou pra caramba".

Desde então eles nunca mais foram os mesmo. Grieve aponta que eles passaram a beber muito, tiravam dias de folga do trabalho e dormiam em seus carros do lado de fora do hotel. Eles desapareceram sem deixar rastros apenas quatro semanas depois. "Chefes não somem da cozinha por 34 anos e não têm outro emprego. Você não vai se foder e nunca mais trabalhar. Onde eles estão?".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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