Conheça Sue, o dinossauro que teve problema dentário
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Um dos mais espetaculares fósseis de Tiranossauro Rex já desenterrados em todo o mundo, Sue foi descoberta no dia 12 de agosto de 1990 pela paleontóloga americana Sue Hendrickson, na reserva Cheyenne River Sioux, em Dakota do Sul, nos Estados Unidos.
Exposta no Museu Field de História Natural, em Chicago, Sue despertou curiosidade de pesquisadores; além de seu impressionante estado de conservação, apresentou dentes serrilhados como facas, o que resultou numa descoberta curiosa.
Segundo um estudo de 2020, apesar da dentição imponente de sua espécie, alguns dos maiores predadores do período Cretáceo, Sue pode ter sofrido com uma grande dor de dente na época de sua morte. Entenda!
Dentes deformados
No estudo, liderado pela professora Kirstin Brink, do Departamento de Ciências Geológicas da Universidade de Manitoba, em Winnipeg, Canadá, é apontado que o fóssil de Sue apresentava três dentes minúsculos, e de aparência estranha, em sua boca:
“Dois dentes estão realmente fundidos e um terceiro tem algumas serrilhas extra na sua parte lateral, e não no local normal, na parte frontal ou traseira do dente”, explicou Brink ao Live Science em 2020.
Em geral, problemas dentários nos terópodes — grupo de dinossauros bípedes, principalmente carnívoros, que inclui o Tiranossauro Rex —, eram, na maioria, casos de condições genéticas.
Porém, os três dentes de Sue eram estranhamente deformados, "amassados e dobrados com uma textura estranha, quase ondulada, descendo pelas laterais", explicou Brink.
Em 2009, pesquisadores que examinaram os dentes em questão diagnosticaram aquele imponente exemplar com tricomonose, uma infecção oral provocada por um parasita, conforme um estudo publicado no periódico PLOS One.
Doença de Sue
Em 2020, a equipe de Brink sugeriu que a condição de Sue pode ter alterado o formato de seus dentes, o que configura o primeiro registro de uma infecção que provocou deformação dentária em terópodes já descrita. "Os dentes de Sue são todos normais, exceto pelos três estranhos", ressalta Brink, o que reforça que a deformidade não se trate de um defeito genético.
A pesquisadora ainda observa que pássaros modernos — que hoje sabemos ser os descendentes dos dinossauros terópodes — contraem tricomonose, "eles desenvolvem grandes crescimentos cerosos em suas gargantas. A infecção também pode se espalhar pelo crânio e pela pele, então muitos tecidos na cabeça podem ser afetados".
Obviamente, os pássaros modernos não possuem dentes, então, é difícil compreender, a partir de espécies que vivem até hoje, como essa infecção poderia afetar os dentes dos dinossauros.
Porém, Brink acredita que "os crescimentos cerosos ficaram tão grandes ou a infecção ficou tão grave que o desenvolvimento normal dos dentes foi interrompido em um ponto da mandíbula" de Sue.
Vale mencionar que problemas nos dentes possivelmente não impactavam tão negativamente na vida de um T-Rex, visto que os dinossauros constantemente criavam novos dentes, que substituíam os anteriores a cada um ou dois anos.
Porém, "se os tecidos que fazem os dentes crescerem estivessem danificados, então o T-Rex poderia estar em um mundo de dor", opinou, por fim, a pesquisadora Ashley Poust, do Museu de História Natural de San Diego, ao Live Science.