Cratera de impacto mais antiga do mundo é encontrada em deserto na Austrália

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Uma equipe de geólogos da Universidade Curtin encontrou, no noroeste da Austrália, a cratera de impacto que aparenta ser a mais antiga do mundo. A formação, situada em uma região desértica, teria se originado a partir da colisão de um asteroide ou meteoro com a superfície terrestre. A descoberta foi divulgada em um artigo da revista Nature Communications, publicado nesta quinta-feira, 6.
Pesquisas geológicas indicam que a cratera, nomeada Cratera do Polo Norte, pode ter se formado há cerca de 3,47 bilhões de anos. Esse achado desafia o recorde anterior, pertencente à Cratera de Yarrabubba, também localizada na Austrália Ocidental e cuja idade estimada supera 1 bilhão de anos.
De acordo com informações do portal Galileu, a descoberta se deu durante expedições realizadas em parceria com o Serviço Geológico da Austrália Ocidental (GSWA), iniciadas em maio de 2021. O objetivo dessas missões era encontrar evidências que sustentassem uma teoria alternativa sobre a formação dos continentes: a de que impactos de meteoritos gigantes podem ter sido a força responsável por seu surgimento.
Em 2022, a equipe publicou um estudo na revista Nature propondo que um impacto maciço, ocorrido há aproximadamente 3,6 bilhões de anos, teria dado origem a uma vasta região de 250 mil quilômetros quadrados na Austrália Ocidental, hoje conhecida como Cráton de Pilbara. As expedições foram conduzidas para localizar a cratera que confirmaria essa hipótese.
As rochas mais antigas conhecidas datam de 3 bilhões de anos e estão presentes nos núcleos da maioria dos continentes atuais. Entretanto, ainda há poucas evidências concretas sobre sua origem, e diferentes teorias buscam explicar esse processo.
Algumas sugerem que essas rochas se formaram devido a jatos de lava ascendentes vindos do núcleo metálico derretido da Terra, enquanto outras defendem que foram moldadas pela tectônica de placas. Apesar das divergências, ambas as hipóteses envolvem a dissipação do calor interno do planeta.
Como os registros de impactos de meteoritos nos primeiros bilhões de anos da Terra são escassos, a teoria dos cientistas australianos gerou debates na comunidade científica. No estudo original, os pesquisadores propuseram que colisões de grande magnitude liberaram calor suficiente para derreter rochas superficiais, permitindo que o manto subjacente formasse grandes massas de material vulcânico denso, que posteriormente deram origem à crosta continental.
As buscas pela cratera se concentraram no Cráton de Pilbara. Durante as primeiras expedições, os pesquisadores identificaram cones de estilhaçamento, formações características de crateras de impacto, em uma área conhecida como Antarctic Creek Member.
Formato peculiar
Segundo Tim Johnson, coautor do estudo, essas estruturas possuem um formato peculiar, semelhante a uma peteca de badminton invertida e danificada na parte superior. Esse tipo de formação só ocorre quando uma rocha natural sofre o impacto de um meteorito de grandes proporções, o que confirmou a natureza da cratera.
A equipe coletou amostras geológicas para determinar a idade dos cones de estilhaçamento e, em visitas subsequentes, identificou uma espessa camada de basalto sem sinais de deformação por impacto. A partir desses dados, os cientistas concluíram que a colisão ocorreu na mesma época em que essas rochas se formaram, há cerca de 3,5 bilhões de anos.
Apesar da relevância da descoberta para a compreensão da evolução geológica terrestre, ainda não é possível determinar exatamente como esse impacto influenciou a formação dos continentes. Estudos adicionais serão necessários para reforçar a teoria da equipe australiana.
"Faremos as várias coisas que fazemos com as rochas em nossos laboratórios para analisá-las em busca de todos os tipos de elementos, isótopos e microestruturas. Vamos realmente destrinchar essa descoberta única", afirmou Johnson. "É claro que esperamos que outros possam ir até lá, vê-los por si mesmos e tirar suas próprias conclusões."
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