Derretimento glacial pode desencadear nova pandemia, alertam cientistas

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Em 2020, o mundo foi paralisado com o surgimento de uma pandemia que vitimou milhões de pessoas pelo mundo, a Covid-19. Desde então, paira um grande receio sobre o surgimento de novas doenças; e, segundo cientistas climáticos, um alvo de nossa atenção deve ser o Ártico.
Isso porque, segundo cientistas, o derretimento de gelo nos polos do planeta podem liberar vírus e microorganismos "zumbis", com potencial de desencadear uma nova pandemia, que estariam dormentes há milhares de anos. Logo, com o aumento da temperatura global e o eventual derretimento do permafrost, doenças antigas com potencial de infectar humanos são um risco cada vez maior.
O dr. Khaled Abass, da Universidade de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, afirma ao Dailymail que "as mudanças climáticas não estão apenas derretendo o gelo, mas também derretendo as barreiras entre ecossistemas, animais e pessoas. O degelo do permafrost pode até liberar bactérias ou vírus antigos que estavam congelados há milhares de anos".
Há mais de uma década, cientistas já sabem que bactérias e vírus congelados no Ártico ainda podem trazer potenciais riscos. Em 2014, por exemplo, um vírus do permafrost siberiano foi encontrado congelado, mas estudos mostraram que ele ainda podia infectar células vivas, mesmo milhares de anos depois.
Da mesma forma, no ano passado, cientistas encontraram 1.700 vírus antigos em uma geleira no oeste da China, muitos dos quais desconhecidos. Datados de cerca de 41 mil anos, eles sobreviveram a três grandes mudanças climáticas e, embora sejam seguros enquanto permaneçam enterrados no permafrost, podem seguir sem ser uma ameaça por pouco tempo.
Isso porque, com o derretimento gradual do gelo e do permafrost, esses micróbios são liberados no ambiente, e sendo desconhecidos, não se sabe sobre o nível de risco que podem oferecer.
Organismos do passado
Por exemplo, anteriormente, pesquisadores descobriram um parente antigo do vírus da peste suína africana descongelando no intestino de um lobo siberiano de 27.000 anos atrás. E mesmo datado da Idade da Pedra Média, o vírus ainda se mostrou capaz de infectar e matar amebas em laboratório.
Hoje, estima-se que quatro sextilhões — isto é, quatro seguido de 21 zeros — de células escapem do permafrost a cada ano. E mesmo que pesquisadores estimem que apenas um em cada 100 patógenos antigos possam oferecer algum risco de perturbar o ecossistema, esse grande volume torna o risco de algum incidente perigoso ainda maior.
Um episódio do tipo que vale menção ocorreu em 2016, quando esporos de antraz — uma doença bacteriana — escaparam de uma carcaça de animal que permaneceu congelada no permafrost siberiano durante 75 anos, e terminou deixando dezenas de pessoas hospitalizadas, além de vitimar uma criança.
"À medida que o Ártico esquenta mais rápido do que a maioria das outras partes do mundo, estamos vendo mudanças no meio ambiente — como o derretimento do permafrost e mudanças nos ecossistemas — que podem ajudar a espalhar doenças infecciosas entre animais e pessoas", pontua o dr. Abbas ao Dailymail.
Por isso, pesquisadores hoje alertam que as regiões do Ártico podem ser um ponto de partida especialmente perigoso para o surgimento de uma nova pandemia, ainda mais se considerar que essas áreas possuem pouca infraestrutura médica, com serviços de saúde limitados, o que propagaria com mais velocidade possíveis doenças.
No entanto, o que o dr. Abbas adverte é que, mesmo que isso surja no Ártico, uma doença do tipo "não fica no Ártico". "Os estressores ambientais que estudamos têm efeitos cascata que vão muito além das regiões polares", pontua, por fim.


