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Estudo revela ameaça potencial de asteroides 'invisíveis' próximos de Vênus
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Estudo revela ameaça potencial de asteroides 'invisíveis' próximos de Vênus

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Aventuras Na História
15/07/2025 16h40
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Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) realizaram um estudo que aponta para a existência de asteroides coorbitais de Vênus, os quais, por sua localização no céu, podem não ser detectados pelos telescópios atuais, representando uma ameaça potencial ao nosso planeta em escalas de milhares de anos.

A pesquisa, liderada pelo astrônomo Valerio Carruba, professor da Faculdade de Engenharia da Unesp em Guaratinguetá, revela que esses asteroides, embora ainda não observados diretamente, têm a capacidade de colidir com a Terra. "Nosso estudo indica que existe uma população significativa de asteroides que não conseguimos detectar com as tecnologias atuais. Esses corpos orbitam o Sol e compartilham a mesma região orbital de Vênus, mas se encontram em uma ressonância que os torna extremamente difíceis de observar", explicou à Agência Fapesp.

O artigo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, combinou modelagem analítica e simulações numéricas para traçar a dinâmica desses objetos e avaliar seu potencial de aproximação perigosa da Terra. Os asteroides em questão não orbitam Vênus, mas sim o Sol, completando uma volta em sincronia com o planeta, o que os classifica como "Asteroides Coorbitais de Vênus".

Diferentemente dos Troianos de Júpiter, que tendem a ser estáveis, os coorbitais venusianos conhecidos até o momento possuem órbitas altamente excêntricas e instáveis. Essas trajetórias variam ao longo de ciclos que duram cerca de 12 mil anos. Durante essas mudanças, um mesmo asteroide pode passar de uma configuração segura para uma trajetória próxima à Terra. Carruba alertou: "Em fases de transição, esses asteroides podem se aproximar perigosamente da órbita terrestre".

O estudo revelou que atualmente apenas 20 asteroides coorbitais de Vênus estão catalogados, sendo que a maioria possui excentricidade superior a 0,38. Essa alta excentricidade significa que suas órbitas os levam para áreas mais distantes do Sol, onde são mais facilmente detectáveis. No entanto, modelos computacionais sugerem a existência de uma quantidade muito maior desses asteroides com excentricidade menor, tornando-os praticamente invisíveis da Terra.

A excentricidade é um parâmetro matemático que indica o grau de alongamento da órbita em relação a uma circunferência perfeita; quanto mais próximo de 0, mais circular é a órbita. Por exemplo, a órbita terrestre tem uma excentricidade aproximadamente igual a 0,017. Asteroides com excentricidades menores tendem a se manter perto da sua trajetória média e são mais difíceis de serem observados quando próximos ao Sol.

Possibilidades

Simulações realizadas pelos pesquisadores indicaram regiões onde esses asteroides poderiam se aproximar perigosamente da Terra. Alguns dos objetos simulados mostraram distâncias mínimas na ordem de 5×10 unidades astronômicas, o que sugere que impactos nesse cenário seriam quase certos em escalas temporais milenares. "Asteroides com diâmetro em torno de 300 metros podem causar devastação em áreas densamente povoadas", enfatizou Carruba.

A possibilidade de detectar esses asteroides foi analisada utilizando o recém-inaugurado Observatório Vera Rubin (LSST), no Chile. Contudo, as simulações indicaram que mesmo os objetos mais brilhantes só seriam visíveis durante breves janelas temporais e sob condições específicas. "Esses asteroides podem permanecer invisíveis por longos períodos e aparecer apenas por alguns dias", comentou Valerio.

Uma alternativa para detectar esses corpos celestes seria através do uso de telescópios espaciais voltados para áreas próximas ao Sol. Missões como a Neo Surveyor (NASA) e a proposta Crown (China) poderiam oferecer melhor cobertura e detecção contínua desses asteroides.

A defesa planetária deve considerar não apenas o que conseguimos observar atualmente, mas também o que ainda está fora do nosso alcance", concluiu Carruba.

Os coorbitais venusianos provavelmente se originaram no Cinturão Principal de Asteroides e foram desviados para órbitas internas devido a complexas interações gravitacionais com Júpiter e Saturno. Estas capturas são efêmeras na escala do tempo astronômico e podem levar esses objetos a evoluir para trajetórias próximas à Terra ou até mesmo serem ejetados do Sistema Solar.

Segundo a CNN, a pesquisa foi realizada pelo Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia (GDOP) da Unesp e recebeu apoio da FAPESP por meio da bolsa concedida ao doutorando Gabriel Antonio Caritá.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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