Insetos podem escutar os sons das plantas e reagir a eles, aponta estudo
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Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, realizaram uma descoberta inovadora ao identificarem a primeira evidência científica de interação auditiva entre plantas e insetos. A pesquisa, publicada na revista e-Life nesta terça-feira, 15, examina o comportamento de mariposas fêmeas, revelando que estas tomam decisões sobre onde depositar seus ovos com base nos sons emitidos por plantas.
A pesquisa segue um estudo anterior realizado pela mesma equipe, que indicou que plantas sob estresse emitem sons em frequências ultrassônicas, detectáveis por diversos animais, apesar de estarem além do alcance da audição humana. Os autores da pesquisa afirmam que essa descoberta abre novas possibilidades para entender a comunicação acústica entre flora e fauna.
Para investigar como os insetos percebem esses sons, os cientistas conduziram experimentos com mariposas fêmeas, focando na ideia de que essas fêmeas buscam locais ideais para a reprodução.
"Optamos por nos concentrar nas mariposas fêmeas, que normalmente depositam seus ovos em plantas para que as larvas possam se alimentar deles após a eclosão", explica a pesquisadora Lilach Hadany, da Escola de Ciências Vegetais e Segurança Alimentar, de acordo com o portal Galileu.
Os experimentos
No primeiro experimento, as mariposas foram expostas a duas caixas: uma emitia gravações de plantas de tomateiro desidratadas e a outra permaneceu silenciosa. As fêmeas mostraram uma clara preferência pela caixa com som, indicando uma interpretação dos sons como sinais de vida nas plantas.
Esse resultado sugere que os insetos não apenas detectam os sons das plantas, mas também reagem a eles. Essa conclusão foi reforçada quando os pesquisadores neutralizaram os órgãos auditivos das mariposas. Mesmo sem a capacidade de ouvir, as mariposas demonstraram igualdade na escolha entre as caixas, sem qualquer sinal de preferência.
Em um segundo teste, as fêmeas foram apresentadas aos sons de uma planta secando em comparação com uma planta silenciosa. Desta vez, elas optaram pela planta sem som, considerada uma melhor opção para o depósito dos ovos, já que não apresentava sinais de estresse.
O terceiro experimento envolveu uma caixa silenciosa e outra contendo machos que emitem sons ultrassônicos semelhantes aos das plantas. As fêmeas não mostraram preferência em relação a nenhuma das opções, sugerindo que sua resposta é especificamente direcionada aos sons emitidos pelas plantas e não aos ruídos dos machos.
A equipe de pesquisa acredita que essas descobertas são apenas o início de um campo vasto e inexplorado sobre a interação acústica entre plantas e insetos. Os autores enfatizam que "a interação acústica entre plantas e animais, sem dúvida, tem muitas outras formas e uma ampla gama de papéis", deixando claro que ainda há muito a ser descoberto neste domínio fascinante.

