Marte já teve grandes sistemas fluviais em sua superfície, revela mapeamento
Aventuras Na História

Pesquisas recentes sobre os sistemas de drenagem em Marte oferecem novas perspectivas sobre a história aquática do planeta vermelho. Um estudo inovador, publicado na renomada revista Proceedings of the National Academy of Sciences no final de novembro, revela detalhes significativos sobre as bacias fluviais marcianas.
Conduzido por uma equipe de cientistas da Universidade do Texas em Austin, o trabalho apresenta um mapeamento abrangente das redes fluviais de Marte, contribuindo para uma compreensão mais profunda do volume de água que já existiu em sua superfície. As descobertas indicam que os cânions de saída foram responsáveis por 24% do sedimento fluvial identificado.
“Sabemos há muito tempo que havia rios em Marte. Mas realmente não sabíamos até que ponto os rios estavam organizados em grandes sistemas de drenagem na escala global”, afirmou o Dr. Timothy A. Goudge, coautor da pesquisa e professor no Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da UT Austin, em comunicado.
O foco do estudo foi mapear os antigos sistemas fluviais em Marte, analisando a confluência de cursos d’água e a presença de depósitos hídricos, cânions, lagos e vales. A área estudada abrangeu 105 km², uma dimensão comparável aos grandes sistemas de drenagem encontrados na Terra.
A formação de Marte é datada em cerca de 4,5 bilhões de anos, período contemporâneo ao surgimento do sistema solar. Pesquisas anteriores sugerem que o planeta possuía água líquida em sua superfície até aproximadamente 2 bilhões de anos atrás, conforme repercute a Revista Galileu.
Utilizando o software ArcGIS Pro para análise geoespacial, os pesquisadores identificaram e catalogaram 16 sistemas fluviais, que geraram cerca de 28.000 km² de sedimento, representando aproximadamente 42% do total estimado de sedimentos fluviais que existiram no passado do planeta.
Transformação de Marte
As teorias sobre a perda da água líquida em Marte apontam várias causas potenciais, incluindo a dissipação do campo magnético planetário, mudanças climáticas drásticas e processos geológicos que ocultaram recursos hídricos. Além disso, o campo magnético marciano, influenciado por um núcleo menor que o terrestre, pode ter se enfraquecido ao longo do tempo, o que teria exposto à superfície à radiação solar intensa e à radiação cósmica, resultando na perda gradual da água tanto na superfície quanto na atmosfera do planeta.
