Para investigar escamas, cientistas criam cobras transgênicas pela primeira vez
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Cientistas conseguiram realizar a edição genética de cobras-do-milho (Pantherophis guttatus) utilizando a técnica CRISPR-Cas9. Esse novo processo revelou como esses répteis desenvolvem escamas com padrões geométricos precisos.
Os resultados dos experimentos, que foram conduzidos no Laboratório de Evolução Artificial e Natural da Universidade de Genebra, na Suíça, foram publicados na revista Science Advances no último dia 14 desse mês.
Alguns trabalhos realizados no laboratório já haviam demonstrado que as escamas dos répteis se originam a partir de estruturas chamadas placódios, que são pequenos espessamentos presentes na pele durante a fase embrionária.
No entanto, não seguindo os mesmo padrões das outras espécies, os placódios da pele embrionária das cobras se organizam de uma forma ordenada, estabelecendo a posição de cada escama. Essa organização das escamas se dá a partir de um padrão intrínseco da natureza.
Para compreender por que as cobras apresentam um padrão hexagonal (com seis lados) quase perfeito nas escamas laterais e também dorsais, enquanto as escamas ventrais se alinham em uma única linha, a equipe de pesquisa criou as primeiras cobras transgênicas do mundo.
Utilizando a enzima Cas-9, os pesquisadores cortaram o DNA no local desejado para modificar o gene e permitiram que o próprio DNA natural se reparasse.
Resultado
De acordo com a Galileu, o resultado foi a obtenção de répteis considerados "mutantes" sem escamas dorsais-laterais (hexagonais), mas que mantém as escamas ventrais, tais como as naturais. Segundo Athanasia Tzika, autora principal do estudo, em entrevista ao site Live Science, os cientistas criaram quatro cobras-do-milho, que agora possuem 2 anos de idade.
Isso comprovou que a organização das escamas ocorre através de estruturas anatômicas internas.
Através do estudo das cobras transgênicas e cálculos realizados, os pesquisadores descobriram que as escamas ventrais de um embrião de cobra primeiro se desenvolvem para então se alinharem com a posição dos somitos, que são blocos de células responsáveis pela formação das vértebras, costelas e músculos.
Tzika revelou que pretende executar mais ediçõesnos genes dos répteis que são geneticamente modificados daqui a dois anos, que é quando eles atingem a maturidade sexual, "para ver se a mutação será transmitida para a próxima geração".