Tutancâmon: Qual foi a causa da morte do faraó menino?

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Um grande mistério cerca a morte do jovem faraó Tutancâmon, mas uma análise de DNA recente aproximou os especialistas de uma resposta. Após mais de um século de debates entre egiptólogos, os testes genéticos sugerem que o faraó menino morreu, em parte, devido a repetidos surtos de malária — uma doença que, embora tratável hoje, era frequentemente fatal há mais de 3.300 anos.
Tim Batty, gerente da Exposição de Tutancâmon, afirmou em janeiro deste ano: "Os testes mostram que Tutancâmon estava infectado com malária que pode tê-lo matado". A mesma análise revelou ainda que seus avós paternos — o faraó Amenhotep III e a rainha Tiye — também morreram em decorrência da doença.
Além disso, estudos genéticos revelaram que Tutancâmon era fruto de endogamia. A prática, comum entre as famílias reais do Egito antigo para preservar o sangue nobre, pode ter contribuído para o desenvolvimento de diversas condições de saúde. Acredita-se, inclusive, que seus pais fossem irmãos, o que teria aumentado ainda mais os riscos genéticos.
Reinado breve
Tutancâmon governou o Egito por apenas nove anos e morreu aos 18. Apesar do curto reinado, tornou-se um dos faraós mais conhecidos da história devido à impressionante descoberta de sua tumba em 1922 por Howard Carter. Nela, foram encontrados seus restos mumificados e mais de 5 mil artefatos.
Embora determinar a causa da morte de uma múmia seja uma tarefa bastante desafiadora, uma vez que o processo de mumificação envolve a remoção dos órgãos — exceto o coração — e os restos sofrem deterioração com o tempo, testes de DNA revelaram dados valiosos.
As análises foram feitas por uma equipe do Centro Nacional de Pesquisa, na Faculdade de Medicina da Universidade do Cairo, em parceria com dois especialistas alemães.

Os pais de Tut
De acordo com o portal Daily Mail, as amostras foram colhidas em 2000 e analisadas ao longo dos anos. A investigação concluiu que o rei Tut era filho de uma múmia anônima encontrada na tumba KV55 — supostamente o faraó herege Akhenaton — e de uma mulher também anônima. Os resultados sugerem que ambos eram irmãos, o que corrobora a teoria do incesto.
"Infelizmente, como as múmias em KV55 e KV35 não foram identificadas positivamente por meios arqueológicos convencionais, elas só podem ser identificadas por 'engenharia reversa', o que pode sugerir que o pai de Tutancâmon era o faraó herege Akhenaton", compartilharam os pesquisadores.
Segundo a fonte, embora ainda seja tecnicamente possível estabelecer uma conexão genética entre Tutancâmon e a múmia da tumba KV55, as chances de identificar com certeza essa múmia são bastante remotas.
Também a identidade da mãe de Tutancâmon permanece incerta, mas os estudiosos costumam apontar três possibilidades principais: a rainha Nefertiti, esposa principal de Akhenaton; a rainha Kiya, uma de suas esposas-irmãs; ou uma figura menos conhecida chamada "Senhora Mais Jovem", uma múmia descoberta em 1898 no Vale dos Reis.
Embora sua identidade exata ainda não tenha sido confirmada, testes de DNA indicam que a "Senhora Mais Jovem" pode ter sido tanto a mãe de Tutancâmon quanto irmã biológica de Akhenaton.

Irmão e irmã
Essa revelação surpreendeu até mesmo os especialistas. "Eles descobriram que são irmão e irmã, o que foi uma grande surpresa para nós. Muito incesto aconteceu... eles não gostavam de deixar o sangue real e não real se misturar, então tentaram mantê-lo dentro da família real", disse o geneticista Yehia Gad, um dos coautores do estudo publicado em 2010 no Journal of the American Medical Association (JAMA).
A consanguinidade, embora comum na realeza egípcia, aumentava consideravelmente os riscos de doenças genéticas. No caso de Tutancâmon, os pesquisadores identificaram a presença da doença de Köhler II, um distúrbio ósseo raro que causa necrose no pé. Exames de tomografia confirmaram que ele sofria de necrose no pé esquerdo, o que explicaria as muitas bengalas encontradas em sua tumba.
Segundo os cientistas, a combinação entre a necrose e a malária foi fatal para o jovem faraó. "A deficiência de locomoção e a doença da malária sofridas por Tutancâmon são apoiadas pela descoberta de bengalas e uma farmácia de vida após a morte em sua tumba", diz o relatório.
Mãe do faraó
Mesmo com essas descobertas, a origem materna de Tutancâmon ainda divide opiniões. Em 2022, o egiptólogo francês Marc Gabolde sugeriu que a mãe do faraó seria, na verdade, Nefertiti — esposa principal e prima de Akhenaton.
Ele argumentou que a semelhança genética entre os pais do rei Tut poderia ser resultado de várias gerações de casamentos entre primos, e não necessariamente de um vínculo entre irmãos.
Acredito que Tutancâmon é filho de Akhenaton e Nefertiti, mas que Akhenaton e Nefertiti eram primos", destacou.
Zahi Hawass, ex-chefe do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito e líder da equipe do estudo de 2010, no entanto, discorda: para ele, os dados genéticos confirmam que os pais de Tutancâmon eram irmãos, e não há evidências concretas que sustentem a teoria alternativa.


