4 tecnologias que podem reduzir o lixo espacial na órbita terrestre
Tecmundo
Uma catástrofe pode estar prestes acontecer à nossa civilização, pairando sobre nossas cabeças, na órbita baixa da Terra (LEO). Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), existem neste momento mais de 10,5 mil satélites orbitando a Terra, um número assustador que poderá superar os 100 mil até 2030, segundo previsões existentes.
Embora a maioria desses objetos esteja equipada com GPS, os detritos espaciais (naves desativadas, estágios de foguetes abandonados e fragmentos de antigas explosões e colisões) só podem ser detectados por radares terrestres, que conseguem rastrear apenas objetos maiores do que 10 cm, mas há mais de 130 milhões de resíduos menores do que isso.
Para evitar que essa catástrofe anunciada se materialize, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas às pressas por agências governamentais e empresas privadas. Conheça algumas delas.
O rastreador estelar Sagitta pode ser conectado em CubeSats e grandes satélites.
A startup belga ArcSec desenvolveu uma nova tecnologia que promete melhorar o rastreamento dessas "balas perdidas" espaciais. A estratégia é mirar esses objetos diretamente no espaço, em vez de tentar enxergá-los da Terra. Para isso, os seus novos rastreadores de estrelas podem ser conectados em satélites existentes e pegar uma carona até a LEO.
Em seu site, a ArcSec explica que, embora os satélites normalmente usem rastreadores de estrelas para determinar sua posição e inclinação em relação aos principais astros em seu campo de visão, outros satélites, resíduos espaciais e meteoritos podem encobri-lo.
Esses avistamentos serão usados pelo novo software da empresa para calcular as órbitas desses objetos e enviar as medições para fornecedores de dados situacionais do espaço para cálculos de risco de colisão. A ArcSec diz que seus rastreadores são capazes de localizar fragmentos de até 3 centímetros, com a possibilidade de formar uma frota de rastreamento de lixo in loco.
As novas câmeras LOCi estão sendo instaladas em vários observatórios do mundo.
A grande dificuldade dos detectores terrestre é identificar detritos menores através de seus radares. A maioria deles utiliza a UHF (frequência ultra-alta), com comprimentos de onda de rádio entre 0,1 a 1 metro, o que é insuficiente. Porém, radares com comprimento de onda mais curto e frequência mais alta (a chamada banda S) têm limitações, pois essas ondas mais curtas viajam de forma mais lenta no espaço e não alcançam órbitas mais altas.
Para superar esses problemas, estão sendo desenvolvidas câmeras ópticas supersensíveis que, além de poder, rastrear vários objetos ao mesmo tempo, conseguem visualizar detritos menores, e bem acima do que os radares de banda S.
Mais baratas, diz a empresa britânica Raytheon NORSS à IFLScience, câmeras como a sua LOCI (Low Earth Orbit Optical Camera Installation) varrem constantemente o céu em busca de objetos que passam pelo seu campo de visão e, ao detectá-los, captam várias informações adicionais sobre o seu estado.
O sistema de IA da Neurospace promete uma melhora de 100% na tomada de decisões
Independentemente da tecnologia usada pelos fornecedores de dados situacionais espaciais, todos têm uma rotina em comum: a decisão final sobre a realização ou não de uma manobra para evitar colisões fica a cargo de equipes de analistas, que avaliam os avisos de alerta recebidos da Rede de Vigilância Espacial dos EUA.
O problema é que, com o crescimento exponencial do número de satélites em órbita , aumenta igualmente o número de alerta de colisão. Com dificuldades para se manterem atualizadas quanto aos riscos corridos pelo seu equipamento, algumas delas, como a Starlink, da SpaceX, estão adotando soluções automatizadas, para receber dados de forma mais rápida e agilizar a tomada de decisões.
Nesse sentido, a startup portuguesa Neuraspace está desenvolvendo um sistema de consciência situacional espacial baseado em IA. “Ele economiza tempo e esforço em análise e cálculo e oferece uma solução confiável na forma de sugestões de manobra baseadas em cálculo e análise precisos”, afirma a empresa em e-mail enviado à IFLScience.
A missão ClearSpace-1 da ESA irá capturar um detrito de 112 kg.
Segundo a ESA, para evitar que o ambiente orbital fique fora de controle, é preciso que cinco a dez grandes detritos espaciais sejam removidos anualmente. O problema é que estamos somando mais lixo, ao invés de retirar, diz a agência.
Para reverter esse perigoso balanço, agências espaciais e empresas privadas estão desenvolvendo novos modelos de espaçonaves que poderiam funcionar como coletores de lixo espacial. Em 2026, a ESA lançará uma missão chamada ClearSpace-1, que tentará capturar e queimar na atmosfera um adaptador de foguete de 112 kg.
Outra empresa de coleta de resíduos espaciais, a japonesa Astroscale, tem um projeto de coleta chamado COSMIC, iniciais em inglês para Missão de Limpeza do Espaço Exterior por meio de Captura Inovadora. Os primeiros alvos, dois satélites britânicos desativados, deverão ser removidos também em 2026.
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