Aliens Dark Descent: vale a pena jogar o novo game do xenomorfo? — Análise

Eu ainda era garoto quando a franquia Alien decolou nos cinemas e tomou conta de quem sempre gostou de um terror espacial. Com as interpretações maravilhosas de Sigourney Weaver, no papel de Ellen Ripley, as películas ganharam destaque e diversas continuações para a alegria dos fãs. 

O potencial para ser explorado em outras mídias era enorme e não demorou muito para que a série ganhasse uma versão para videogames. Foram muitas durante as últimas décadas, mas nenhuma que realmente tenha encantado de verdade. Nos últimos anos, esta situação mudou levemente de figura, quando chegou ao mercado Alien: Isolation, agradando grande parte do público que curte a franquia. 

Desde então, foram 9 anos de espera para mais um jogo que pudesse tomar conta dos nossos corações. Minha surpresa foi tremenda quando descobri que estavam produzindo um novo jogo sobre o tema, mas com ingredientes que fizeram sucesso na série XCOM. Parecia o casamento perfeito entre um gênero de sucesso no mundo dos games com um tema muito mal explorado até então. 

Produzido pela Tindalos Interactive e distribuído pela Focus Entertainment, chegou no fim do mês de julho, Aliens: Dark Descent. O game de ação e estratégia em tempo real traz visão isométrica e gráfico muito bem elaborado. 

A aventura começa de uma forma muito parecida com todos os filmes e jogos da franquia. Você é Maeko Hayes, supervisora da estação espacial Pioneer, que carrega contêineres de trimonita, um dos minérios mais valiosos da órbita Lethe. Só que um dos locais de armazenamento possui um Alien. Ele é solto dentro da estação espacial e os problemas começam a acontecer. Daqui para frente, é hora de comandar um esquadrão de fuzileiros com o objetivo de encontrar sobreviventes e suprimentos para reparar sua nave. 

Como disse acima, o jogo lembra muito o gameplay encontrado em XCOM. Grande parte do processo de logística dos soldados e de recursos utiliza o encontrado nos jogos da série. Este é um ponto interessante, pois a premissa que transformou sua inspiração em sucesso foi o combate por turnos, onde tantos outros jogos surgiram. 

Em Aliens: Dark Descent existe um sistema de personalidade para cada fuzileiro. Eles podem sentir medos, desejos e confiança, e tudo isso interfere ao longo de uma incursão. Será possível desenvolvê-los por especialidades. Mas prepare-se. Assim como em XCOM você pode perdê-los em combate.  

Curiosamente, Aliens: Dark Descent utiliza um sistema de combate diferente do encontrado em XCOM. O Real-time strategy (RTS) entra em campo, um gênero muito presente em outros títulos de sucesso, que vão de Age of Empires até Total War. A ideia no papel é fantástica, mas a aplicação e execução foi um verdadeiro fiasco.

Aliens: Dark Descent foi produzido em Unreal Engine. O trabalho gráfico durante o gameplay é bem interessante, utilizando boas texturas durante as ações de combate. Os cenários são bem diversificados, com excelente trabalho de iluminação e de sombra. 

A trilha sonora agrada durante grande parte da aventura, trazendo a imersão necessária para o jogador se ambientar no universo da franquia Alien. Confesso que em alguns momentos senti apreensão, mas longe do terror provocado por outros jogos, como Dead Space. 

Infelizmente, o trabalho dos personagens não ficou legal. Percebemos claramente que eles necessitam de mais polimento. A maioria dos modelos utilizados apresentam poucos detalhes e uma simplicidade gigantesca em animações. 

Vale destacar também que o roteiro é fraco, sem criatividade e cheio de clichês. As dublagens não são coerentes e deixam o jogo com uma cara de amadorismo que há muito tempo eu não via no mercado de games. Uma pena ter percebido tudo isto, pois o jogo possui muito potencial.

Todo universo que cerca Aliens: Dark Descent é original, único e, como a maioria dos jogos que utilizam desta premissa, falham miseravelmente. Primeiro por ser algo novo. Segundo pela falta de polimento, cada vez mais presente no mercado, devido a conta que nunca se fecha: tempo x dinheiro. 

Talvez todos esses problemas aconteçam porque você controla apenas o comandante do esquadrão. Todo o restante do grupo funciona de forma agrupada. Quando um comando de ataque ou de defesa é acionado, todos os presentes na missão executam a mesma coisa. 

Ao longo de cada aventura, o jogador poderá explorar as instalações para buscar vítimas dos Aliens. Só que o tempo não é seu aliado. Devido ao ambiente hostil e a presença dos inimigos, quanto mais tempo permanecer no local, mais a chance de ser dizimado. 

Tudo seria lindo e maravilhoso se os bugs não estivessem presentes. Em muitas ocasiões os soldados ficaram travados no cenário. Em outras ocasiões, os personagens ficaram estáticos por trocar de arma, outras vezes durante o carregamento de munição. Sinceramente, em 2023, isto é inaceitável e leva a experiência de jogo para o limbo.

Eu tinha colocado fé em Aliens: Dark Descent, mas o ceticismo tomou conta de mim depois de algumas horas de jogatina. A ideia é boa, interessantíssima, mas, infelizmente, foi muito mal aplicada. 

Quem sabe a empresa aprenda com os erros para transformar uma continuação em um jogo que realmente junte todo o glamour dos filmes Alien e o sucesso dos jogos da série XCOM. 

Aliens: Dark Descent foi cedido gentilmente pela Focus Entertainment para realização deste review. 

Pontos Positivos:

Pontos negativos: