Células humanas são implantadas em ratos para estudar doenças mentais
Tecmundo
Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, conseguiram realizar um transplante inédito de neurônios humanos em cérebros de ratos jovens. O objetivo do experimento foi estudar fisiologicamente alguns distúrbios psiquiátricos complexos, como a esquizofrenia, com a possibilidade de até mesmo testar alguns tratamentos.
Para isso, os autores da pesquisa utilizaram minimodelos 3D do cérebro humano chamados organoides, técnica desenvolvida na última década a partir de células-tronco para funcionar como um modelo simplificado do córtex humano. Isso inclui a conexão e a integração com o tecido circundante do córtex de cada rato, de forma a funcionar como o próprio cérebro do roedor.
De acordo com os pesquisadores, a grande dificuldade de estudar as doenças psiquiátricas em animais é que eles não as sofrem da mesma maneira que os seres humanos, ao passo que estes não podem, naturalmente, ser sujeitados a determinados experimentos in vivo,
O que ocorreu com os organoides nos cérebros dos ratos?
Organoide humano (marcado com proteína fluorescente) em cérebro de rato. (Fonte: Universidade de Stanford/Divulgação.)
É muito difícil estudar as doenças psiquiátricas, porque os animais não as sofrem da mesma forma que os humanos, os quais não podem, por sua vez, ser submetidos a experimentos in vivo. Além disso, em culturas desse tecido cerebral humano feitas em placas de Petri, os neurônios não atingem seu tamanho característicos em um cérebro humano real.
Segundo o principal autor do estudo e professor de psiquiatria e ciências comportamentais em Stanford, Sergiu Pasca, ao transportar os órgãos 3D em cérebros de ratos bebês, "descobrimos que os organoides podem se tornar bastante grandes e vascularizados". Alimentados pela rede sanguínea do pequeno roedor, eles chegaram a ocupar até "um terço do hemisfério do cérebro" de cada animal.
Finalmente, a equipe usou a "ferramenta" em organoides de pacientes com uma doença genética chamada síndrome de Timothy. A conclusão foi que, nos cérebros dos ratos, os organoides cresceram mais lentamente e com menor atividade do que aqueles nos cérebros de pacientes saudáveis.
ARTIGO - Nature - DOI: 10.1038/s41586-022-05277-w .